Uma pessoa removendo uma camisinha da embalagem (Foto: John Slater/Getty Images)
EUA aprovam primeira
camisinha para sexo anal
Preservativo teve menos de 1% de
falha durante o uso, mostrou estudo
Evelin Azevedo
24/02/2022 - 11:10
A FDA, órgão regulador americano semelhante à Anvisa, aprovou a primeira
camisinha indicada para o sexo anal nos EUA. Especialistas em saúde sexual
vinham solicitando a autorização, afirmando que a decisão encorajaria pessoas
que fazem sexo anal a usar preservativos para se proteger contra o HIV e outras
infecções sexualmente transmissíveis.
O risco de doenças sexualmente transmissíveis é "significativamente
maior" durante o sexo anal do que no sexo vaginal, disse um funcionário da
FDA na quarta-feira. Mas até agora, não havia dados suficientes para mostrar
que os preservativos são seguros e eficazes durante o sexo anal.
"A autorização da FDA de um preservativo especificamente indicado,
avaliado e rotulado para sexo anal pode melhorar a probabilidade de uso de
preservativo durante o sexo anal", disse, em um comunicado, Courtney Lias,
diretora do escritório da FDA que emitiu a aprovação.
O preservativo autorizado é o modelo “ONE Male Condom” fabricado pela
Global Protection Corp. No ano passado, a empresa pediu ao FDA que permitisse
adicionar a indicação para o sexo anal no rótulo do produto, com base em um
estudo que mostrava que a taxa de falha, definida como deslizes ou rasgos, era
de 0,68% para relações anais e 1,89% para relações vaginais.
A FDA disse no comunicado que outras empresas de preservativos agora
poderiam solicitar uma aprovação semelhante, apresentando alegações de que seus
preservativos demonstraram “equivalência substancial” às evidências mostradas
para os preservativos ONE.
— Não acho que isso seja visto como algo que deva ser restringido, mas sim algo que abre a porta para outras empresas avaliarem rigorosamente seus preservativos e mostrarem que eles também têm bom desempenho no sexo anal — disse, ao The New York Times, Aaron Siegler, epidemiologista da Emory University, que ajudou a liderar o estudo que levou à decisão da FDA.
Um estudo anterior liderado por professores da Emory University
descobriu que 69% dos homens que fazem sexo com homens relataram que seriam
mais propensos a usar camisinha com mais frequência se os preservativos fossem
indicados pelo FDA para sexo anal.
Detalhes do estudo
Os participantes do estudo tinham idades entre 18 e 54 anos. Eles foram
divididos igualmente entre homens que fazem sexo com homens e homens que fazem
sexo com mulheres. Todos os participantes receberam preservativos de látex da
marca ONE em três estilos diferentes (justo, fino e padrão) e foram solicitados
a registrar sua atividade sexual em um diário eletrônico diário. Os resultados
foram publicados no EClinicalMedicine da Lancet em 2019.
No ensaio clínico, os preservativos usados durante o sexo anal falharam
menos de 1% das vezes (0,7%). Estudos anteriores com uma medida de resultado
semelhante descobriram que os preservativos têm uma taxa de falha de 6% a 7%
para o sexo anal. No entanto, essa pesquisa teve limitações substanciais, como
não exigir o uso de lubrificante compatível com preservativo para sexo anal.
Para sexo vaginal, os preservativos foram previamente liberados pelo FDA com
base em um limiar de falha clínica de menos de 5%.
No estudo clínico, a falha do preservativo foi menor no sexo anal do que
no sexo vaginal. Os pesquisadores levantaram a hipótese de que essa diferença
foi impulsionada pelo uso muito maior de lubrificante compatível com
preservativo para atos de sexo anal (98,3%) em comparação com atos sexuais
vaginais (41,6%) devido ao desenho do estudo. Quando os pesquisadores
controlaram o uso de lubrificante, não encontraram diferença na falha do
preservativo para sexo anal versus sexo vaginal.
Fonte: https://oglobo.globo.com/saude/eua-aprovam-primeira-camisinha-para-sexo-anal-25408005
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