SEXO COM GAYS EM ALTA: PORQUE MULHERES ESTÃO PRATICANDO

 

Jessica Biel e Adam Sandler em "Eu os Declaro Marido e... Larry" (Foto: Reprodução) — Foto: Glamour
Jessica Biel e Adam Sandler em "Eu os Declaro Marido e... Larry" (Foto: Reprodução) — Foto: Glamour

Sexo com gays em alta: porque as mulheres estão praticando

Elas são heterossexuais, mas têm fetiche por homens gays. Juram de pés juntos que não tem sexo melhor... Investigamos os “comos” e “porquês”

Por Paula Merlo / Revista Glamour

23/01/2016 08h10  Atualizado há 6 anos


Teve gente de boca aberta quando, uns meses atrás, numa entrevista ao vivo pra uma rádio, Anitta revelou já ter transado com gay e ter achado a coisa “muuuito melhor do que com muitos homens hétero”! Como isso bate em você? Legal você perguntar o que suas amigas acham... Sim, porque tem muita gente que eu conheço, amigas e amigas de amigas, que não só concorda como insiste que sexo com homens gays é viciante! “Eles fazem do sexo um acontecimento. Meu relacionamento com um gay elevou meus padrões sexuais”, me contou a Antônia, jornalista de 36 anos.

Pra psicanalista carioca Mônica Donetto Guedes, Freud explica: “As mulheres que se apaixonam por gays estão diante de um objeto de desejo que as representa. A libido feminina é narcísica: elas se satisfazem mais quando são amadas, e não quando estão amando”, resume. Uau, tipo soco no estômago, né? Glamour foi a campo investigar por que, de repente, a gente tem ouvido tanto falar do tema.

Com a palavra, quem fez:

"Um ano depois de começar a namorar o Lucas, ele assumiu a sua homossexualidade pra mim e pra família. Pros amigos, não. Não terminamos porque eu o amava. Passei a perceber que ele, diferentemente dos outros caras hétero com quem já tinha saído, fazia do sexo um acontecimento: me pedia pra desfilar a lingerie nova, escolhia um repertório sensacional de músicas, passava um tempão caprichando no sexo oral... Não me arrependo: ele elevou meus padrões sexuais” Antônia, 36 anos, jornalista

"Sou dançarina e na minha equipe tem apenas dois homens: um hétero casado e um homossexual solteiro. Ensaiamos juntos, viajamos juntos... Natural flertar e até confundir as coisas. A pegada do gay não é fraca. É diferente, gentil, sem pressa. Impossível não se viciar! Em semanas pré-espetáculo, é perfeito. Pense o que quiser, mas é bom e desestresso.” Patricia, 33 anos, dançarina

"Minha primeira vez foi com um amigo com quem dividia apê. Era assim: chorávamos pitanga de relacionamentos falidos, ele me abraçava e... a coisa pegava fogo! Me sentia uma heroína, a única capaz de levá-lo pra cama. Minha autoestima agradecia.” Clarisse, 29 anos, maquiadora

"Conheci o Ludvig num intercâmbio pro Canadá. Fazíamos o mesmo curso de inglês. Ele nunca escondeu de mim ou do resto da turma que gostava de homens. Ficamos tão amigos que não nos desgrudávamos nem nas baladas gay nas quais ele me levava. Numa noite, eu o vi ficando com um cara e me mordi de ciúme. Tirei satisfação e a ficha caiu: estava apaixonada. Me declarei. Pra minha surpresa, em vez de me chamar de louca, ele me pegou de jeito. Fizemos de tudo, até sexo anal, um tabu pra mim até aquele dia. Eu sabia que ele saía com outros rapazes, mas não tinha coragem de abrir mão daquela transa, daquele sentimento. Só acabou quando ele voltou pra Alemanha. Ainda sonho com aquelas
mãos...”
 Martha, 29 anos, tradutora

Com a palavra, a psicanalista Mônica Donetto Guedes. Leia entrevista:

Como as mulheres foram parar na cama dos gays?
Os anos 90 marcaram uma mudança considerável no padrão corporal gay: eles foram pras academias malhar e se distanciaram do corpo afeminado das décadas anteriores. Foi aí que as mulheres passaram a olhar de maneira diferente pra eles.

Existe alguma explicação inconsciente pra essa escolha?
A libido produzida pelo feminino é narcísica: elas se amam e se satisfazem mais quando são amadas e não quando estão amando. Não se trata de ser passiva. Pelo contrário: é uma maneira ativa de “funcionar”, afinal ela é quem comanda o jogo. Vale considerar também uma questão levantada por Freud, o pai da psicanálise, em seu conceito de complexo de Édipo: as mulheres que se apaixonam por gays estão diante de um objeto de desejo que as representa. Elas buscam no homem homossexual uma alma feminina... com pênis.

A mulher que transa com gay por prazer, sem querer “convertê-lo” a ninguém, é
mais bem resolvida?

Acredito que ela pertença a um grupo que não só reconhece o próprio corpo como se permite experimentar a plasticidade da sexualidade.

Esse tipo de relacionamento pode ter futuro?
Não dá pra prever o destino de um relacionamento. O que prevalece, no entanto, quando tratamos de encontros amorosos, é a plasticidade da sexualidade humana: a escolha está além da anatomia dos corpos. A ideia de privilegiar a sexualidade genital é uma armadilha da razão.

Vai ser mais comum ver esse tipo de relação daqui pra frente?
Vivemos um momento no qual algumas barreiras se rompem e vemos emergir o que
há de mais verdadeiro no que se refere à pulsão sexual. Uma das questões que favorece essas novas relações estaria ligada à ideia de que não existe mais a necessidade de um par homem/mulher pra que se procrie. Os tempos atuais e seus aparatos tecnológicos nos ensinam que há diferenças entre procriação, amor e sexo.


Fonte:https://glamour.globo.com/lifestyle/amor-sexo/noticia/2016/01/sexo-com-gays-em-alta-porque-mulheres-estao-praticando.ghtml

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