Pode usar anestésico durante o sexo anal para não
sentir dor?
Pomadas anestésicas, como xilocaína e
lidocaína, não são indicadas no sexo anal, porque a perda de sensibilidade na
região pode fazer com que a pessoa tenha lesões e até mesmo lacerações com a
penetração e acabe não sentindo. O produto recomendado para a prática é o
lubrificante, principalmente a base d’água
Por Alice Arnoldi, Colaboração Para Marie Claire —
São Paulo
05/09/2023 11h48 Atualizado há 2 meses
Ao associar o sexo anal a dor, não é incomum as pessoas cogitarem a possibilidade de usar anestésicos, como xilocaína e lidocaína, durante a prática. Só que a utilização do medicamento no ato sexual não é recomendada pela comunidade médica.
“O uso de pomadas anestésicas é contraindicado, porque a perda de sensibilidade no local gera riscos de lesões e até mesmo lacerações mais sérias na região”, explica a coloproctologista Clara Assaf, que fala sobre sexualidade sem tabu.
Ainda que as pessoas pensem que o sexo anal inevitavelmente é dolorido, a especialista afirma que isso não é verdade. “Tanto a dor quanto o sangramento são sinais de que algo não vai bem”, afirma a coloproctologista. Logo, ao senti-los, não é vergonhoso dizer ao parceiro que deseja parar e/ou mudar a tática.
Além dos anestésicos, há também quem recorra ao dessensibilizante para o sexo anal. Geralmente, ele é um produto feito com extratos naturais, como jambu e óleo de cravo, para minimizar o desconforto sentido na penetração durante a prática sexual. “Só que não há estudos o suficiente sobre esse produto e suas consequências locais. Na dúvida, preferimos não indicar, para não ter riscos”, esclarece Clara Assaf.
O dessensibilizante também não é recomendado, segundo a coloproctologista Milena Braga, especialista em fisiologia anorretal, porque ele retira a sensibilidade anal. Logo, o produto segue a mesma orientação das pomadas anestésicas.
Já o lubrificante é essencial!
Diferentemente da vagina, o ânus não possui lubrificação natural. Por isso, é fundamental fazer uso de lubrificante durante o sexo anal. De acordo com a sexóloga Stephanie Seitz, CEO da INTT Cosméticos, o mais indicado é o que tem como base água, já que é o mais compatível com o látex da camisinha.
“Lubrificantes à base de silicone causam danos aos preservativos de látex, tornando-o mais propenso a romper. Por isso, não devem ser usados juntos”, esclarece a sexóloga. A camisinha é fundamental durante o sexo anal porque é ela quem previne os parceiros das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
Stephanie Seitz também alerta sobre a troca de preservativos caso os parceiros decidam pausar a penetração anal e iniciar a vaginal. Caso contrário, pode ocorrer a passagem de bactérias do ânus para a vagina.
O que fazer para não sentir dor durante o sexo anal?
Antes do sexo anal, a sexóloga da INTT Cosméticos orienta os parceiros a conversarem sobre a prática sexual para que, juntos, alinhem as expectativas e estabeleçam limites.
Já no ato em si, é importante que o casal não comece com a penetração de imediato. “Deve-se iniciar o processo com estímulos externos, como carícias e massagens na área anal. Isso permite que o corpo se acostume e se prepare para a experiência”, detalha Stephanie Seitz.
Ao estar excitada o suficiente, a penetração pode ser feita após a pessoa passar bastante lubrificante tanto no ânus quanto no pênis ou no sextoy que será introduzido, como vibradores e plugs anais.
A penetração deve ser feita com calma e gradativamente. A passagem do pênis pelo primeiro esfincter anal, isto é, estrutura muscular em formato de anel que controla a abertura e fechamento do ânus, é voluntária. Nesse momento, a pessoa pode fazer força como se estivesse expulsando fezes para ajudá-lo a entrar.
Para se sentir mais confortável para fazer isso, a pessoa pode realizar a limpeza do reto antes do sexo anal com a introdução de água no ânus. Só não é indicado que ela seja feita sempre porque, segundo Milena Braga, isso pode desregular a flora desta região. “A ‘chuca’, muitas vezes, nem será necessária caso o intestino funcione regularmente”, enfatiza a coloproctologista.
Após a passagem do pênis pelo primeiro esfincter anal, ele chega ao segundo. Diferentemente do anterior, sua abertura não é voluntária. Logo, quando a pessoa sentir como se fosse uma barreira na penetração, ela deve parar, esperá-lo abrir e então continuar o movimento.
A posição em que o sexo anal é realizado também é importante. “Muitas pessoas gostam da que ambos estão deitados de lado, porém gosto de indicar a que a pessoa que vai receber o sexo anal fica por cima, assim ela pode controlar a penetração do pênis no ânus”, orienta Stephanie Seitz.
Todos esses cuidados tendem a fazer com que o sexo anal não seja doloroso. “No entanto, caso as dores permaneçam, é muito importante procurar um proctologista para avaliar se a saúde anal e retal está adequada ou se existe alguma condição local que seja a causa do incômodo, como fissuras e hemorroidas”, explica Clara Assaf.
Fonte:https://revistamarieclaire.globo.com/saude/noticia/2023/09/pode-usar-anestesico-durante-o-sexo-anal-para-nao-sentir-dor.ghtml
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