Colocar-se no lugar do seu parceiro reduz a tentação de trair, diz estudo
Analisar a situação pela perspectiva do seu par pode diminuir o interesse por outras pessoas e aumentar o desejo pelo parceiro atual
Por Redação Galileu
31/01/2023 17h28 Atualizado há 9 meses
Um estudo randomizado publicado no Journal of Sex Research, em dezembro, indicou que se colocar no lugar do seu parceiro, tentar sentir o que ele sente, pode não apenas reduzir a tentação de trair como também ajuda a combater comportamentos destrutivos no relacionamento.
A pesquisa realizada por uma equipe de psicólogos da Universidade Reichman, em Israel, e da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, mostrou que a mudança de perspectiva diminuiu o interesse sexual e romântico por alternativas, ao mesmo tempo em que aumentou o compromisso e o desejo pelos parceiros atuais.
Por que trair?
Gurit Birnbaum, professor na Escola de Psicologia Ivcher da Universidade de Reichman, explica, em comunicado, que a traição pode ocorrer por diversos motivos, mesmo quando as pessoas se dizem felizes nos seus relacionamentos. O contexto é fundamental. Muitas vezes uma oportunidade surge e, devido ao estresse, cansaço ou bebidas alcoólicas, o indivíduo não luta contra a tentação.
Em outros casos, o medo da intimidade, conforme o relacionamento avança, pode levar as pessoas a trair para manter uma distância e certo controle na relação.
"Há vários motivos para trair. Um das mais citados é que os homens são mais propensos a trair porque sentem que suas necessidades sexuais não estão sendo atendidas. Já entre as mulheres, por outro lado, são mais propensas a trair porque sentem que suas necessidades emocionais não são atendidas”, destaca Harry Reis, professor do reitor em artes, ciências e engenharia em Rochester.
Tudo isso, de acordo com o experimento, pode ser resolvido basta que cada um passe a enxergar a situação de acordo com a perspectiva do seu parceiro. “Trair é priorizar os próprios objetivos sobre o bem do parceiro e do relacionamento, então ver as coisas da perspectiva da outra pessoa dá uma visão mais equilibrada dessas situações”, completa o professor.
Colocando-se no lugar do outro
O experimento contou com 408 voluntários heterossexuais entre 20 e 47 anos, sendo 213 mulheres e 195 homens. Os participantes estavam em relacionamentos monogâmicos de pelo menos quatro meses e foram designados aleatoriamente para adotar ou não a perspectiva de seus parceiros.
Como parte do experimento, os participantes avaliaram e pensaram sobre pessoas atraentes enquanto os psicólogos registravam suas expressões de interesse por esses estranhos, bem como seu compromisso e desejo por seus parceiros atuais.
Os resultados mostraram que, uma vez encarando a situação pela perspectiva do seu parceiro, o interesse sexual ou romântico por outras pessoas diminuía e o desejo pelo par aumentava. Além de reduzir a probabilidade de infidelidade, a tomada de perspectiva pode potencializar o relacionamento existente.
Os pesquisadores pontuam que este exercício não impede uma traição, mas diminui o desejo de trair, uma vez que desencoraja as pessoas de se envolverem em comportamentos que podem prejudicar seus parceiros e seu relacionamento. “A consideração ativa de como os parceiros românticos podem ser afetados por essas situações serve como uma estratégia que encoraja as pessoas a controlar suas respostas a parceiros alternativos atraentes”, disse Birnbaum.
A equipe não testou se os benefícios da tomada de perspectiva se estendiam aos parceiros românticos dos participantes que não faziam parte do experimento. Mas os pesquisadores acreditam que sim, uma vez que a tomada de perspectiva geralmente promove empatia, compreensão, proximidade e cuidado. Mesmo que apenas um do casal adote a estratégia, os benefícios já podem ser observados.
“As pessoas invariavelmente se sentem mais compreendidas e isso facilita a resolução de divergências, a ajuda adequada, mas não intrusiva, e a partilha de alegrias e realizações”, diz Reis. “É uma daquelas habilidades que podem ajudar as pessoas a ver o 'nós' em vez do 'eu e você' em um relacionamento”, conclui.
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