10 DICAS E 5 PASSOS PARA CUIDAR DA SAÚDE ÍNTIMA, SEGUNDO GINECOLOGISTAS

 Saiba tudo sobre como cuidar da saúde íntima da mulher

10 dicas para cuidar da saúde íntima da mulher

Cuidados de higiene, prevenção e tratamento para evitar doenças comuns nas mulheres

Por Redação Marie Claire — São Paulo

04/04/2023 06h00  Atualizado há 7 meses


Com a profusão de informações disponíveis na internet, fica difícil saber onde encontrar dados confiáveis sobre a saúde íntima da mulher. Mais do que nunca, é fundamental buscar conhecimento baseado na ciência.

“As mulheres precisam tomar cuidado com as fontes de informação. Só desse jeito a gente vai conseguir ter uma qualidade de saúde melhor”, diz a ginecologista Marise Samama, fundadora e presidente da Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR).

A seguir, suas dicas baseadas na ciência para proteger a saúde íntima da mulher.

1) Ir ao ginecologista uma vez por ano

Para Marise Samama, a partir da primeira menstruação, a mulher precisa visitar o ginecologista anualmente.

No consultório, a mulher adulta será submetida a uma citologia cérvico-vaginal, também conhecida como preventivo ou Papanicolau. Esse exame detecta lesões que antecedem o câncer do colo do útero.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), se o indivíduo tiver dois resultados negativos em dois anos consecutivos, deverá repetir o exame dali a três anos. “Mas isso considerando que a pessoa tenha uma vida estável. Sem um parceiro fixo, ela pode se contaminar pelo vírus HPV, o grande vilão do câncer ginecológico”, diz a médica.

Com a parcela mais jovem da população vacinada contra o HPV, a preocupação maior são as infecções de transmissão sexual (ISTs), associadas à infertilidade. De acordo com a ginecologista, anualmente mais de 4% das mulheres têm infecção por clamídia, por exemplo.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) recomendam que jovens com menos de 25 anos façam pesquisa de clamídia e gonorreia anualmente. Já o protocolo do Ministério da Saúde recomenda também o rastreamento anual de HIV e sífilis para brasileiros com menos de 30 anos.

2) Usar camisinha nas relações sexuais

O dado é alarmante: os brasileiros não estão usando camisinha. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2019, 59% das pessoas com 18 anos de idade ou mais que tiveram relação sexual nos 12 meses anteriores à data da entrevista afirmam não usar preservativo nenhuma vez. O estudo revelou que somente 22,8% relataram usar camisinha em todas as relações sexuais e 17,1%, às vezes.

“Eu acho que só a geração que viveu a infecção do HIV tem essa preocupação. Os jovens acreditam que a aids tem tratamento”, afirma a médica. “As pessoas que não usam preservativo procuram o posto de saúde para tomar o pep (Profilaxia Pós-Exposição de Risco) e recebem uma prescrição de antibióticos. O uso indiscriminado de antibióticos está levando à resistência de bactérias e dificultando o tratamento (das doenças).”

Há anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem alertando que a resistência aos medicamentos é uma grande ameaça para a redução da carga de ISTs em todo o mundo.

Segundo a entidade, 374 milhões de pessoas são infectadas anualmente com as quatro ISTs mais comuns: tricomoníase (156 milhões), clamídia (129 milhões), gonorréia (82 milhões) e sífilis (7,1 milhões).

Um em cada seis casais no mundo tem infertilidade. E a infertilidade pode ser causada pelo contato com uma dessas bactérias já na primeira relação sexual.
— Marise Samama, ginecologista

3) Atualizar a carteira de vacinação

A pandemia da covid-19 escancarou a importância da vacinação para a saúde. Mesmo assim, muitas pessoas que tomaram doses protetoras contra diversas doenças na infância se esquecem de atualizar as recomendações para os adultos.

O imunizante que protege contra o HPV, por exemplo, está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas e mulheres de 9 a 26 anos de idade, embora ela seja mais eficaz entre 9 e 14 anos, segundo o Ministério da Saúde.

O órgão do governo brasileiro recomenda que as brasileiras adultas se protejam contra hepatite B, febre amarela, difteria e tétano, sarampo, caxumba e rubéola.

4) Não ignorar sintomas e sinais

Não é normal sentir cólica menstrual ou dor na relação sexual. Se isso acontecer, a recomendação é procurar um ginecologista.

Marise Samama explica que, em caso de dor na relação sexual, a primeira suspeita são ISTs como clamídia e gonorreia. Já a cólica menstrual é um sinal de alerta para endometriosedoença que afeta 1 em cada 10 mulheres.

Queixa frequente nos consultórios dos ginecologistas, o corrimento também não pode ser ignorado. Caso ele venha acompanhado de mau cheiro, alteração na cor, ardência e coceira, há sinais de infecção.

5) Usar o coletor menstrual com cautela

De acordo com a médica, o objeto só deve ser utilizado se a visita ginecológica estiver em dia. “O sangue é meio de cultura e favorece a proliferação de bactérias. Se a pessoa estiver com alguma infecção, o uso do coletor menstrual pode piorar o quadro infeccioso”, diz. A médica recomenda retirar o objeto a cada seis horas e não dormir com ele.

6) Evitar perfumes íntimos

As mulheres têm odores naturais. Infecções vaginais alteram o cheiro da região e são um dos sinais importantes de que algo está errado. Por isso, o uso do perfume íntimo dificulta o diagnóstico para a própria mulher. Além disso, segundo a ginecologista, fragrâncias podem ser alergênicas.

7) Tomar alguns cuidados com a calcinha

As orientações de Marise Samama são:

  • Para quem tem predisposição à candidíase, é fundamental usar modelos de algodão
  • Dormir sem calcinha, porque a região genital precisa ventilar
  • Na lavagem da peça, usar sabão comum ou o próprio para roupa íntima
  • Não utilizar amaciante, pois o produto é potencialmente alergênico
  • Se a pessoa tiver o hábito de lavar a calcinha no chuveiro, é importante colocá-la para secar em um ambiente ventilado. Banheiro e outros locais úmidos favorecem o crescimento de fungos.

8) Manter a higiene em ordem

Para higienizar a vulva, a ginecologista recomenda o uso de sabonete líquido para adultos ou aqueles próprios para a região genital. “O pH do local é 4,5. Muita gente usa sabão de nenê, mas o bebê tem outro pH”, diz ela. Outro cuidado é lavar somente a área externa na vulva.

Em relação aos absorventes, a médica contraindica o uso diário: “O absorvente tem um material sintético que favorece o corrimento. Ele deve ser usado somente se a mulher estiver com uma infecção ou no período do finalzinho e do começo da menstruação”.

Assim como o coletor menstrual, o absorvente interno não deve ser utilizado por mais de 6 horas seguidas.

9) Conhecer os riscos da depilação total

Marise Samama torce o nariz para a moda da depilação total da virilha. Ela explica que o pelo tem a função de equilibrar a temperatura, o pH e a flora vaginal. Sua remoção desequilibra a microbiota e favorece o crescimento de bactérias que não são benéficas para a região. Além disso, o filamento produz um sebo que hidrata a vulva. Sem ele, a pele fica ressecada.

De acordo com a médica, alguns estudos mostraram que a remoção total dos pelos pode aumentar a predisposição ao câncer de vulva e de reto. No entanto, como a moda é recente, mais pesquisas serão necessárias para avaliar o impacto da depilação total a longo prazo.

“Todo mundo vai ter esses efeitos negativos? Claro que não. Mas a gente tem visto algumas mulheres reclamando da formação de cistos na vulva por conta disso. Outras se queixam de mais corrimento e transpiração”, aponta a médica.

Para quem quiser se depilar, ela recomenda remover somente a área do biquíni: “O pelo tem que cobrir a entrada da vagina. Mantendo o meio está tudo certo”.

10) Tomar algumas precauções na praia e na piscina

Ficar muito tempo com o biquíni molhado favorece a proliferação do fungo Candida auris, causador da candidíase.

De olho na prevenção do HPV, é importante não compartilhar toalha e sabonete, além de cobrir a cadeira de praia com uma canga antes de sentar. “O HPV é transmitido por contato. Mesmo uma pessoa virgem pode contrair o vírus”, explica a médica.


Fonte:https://revistamarieclaire.globo.com/saude/noticia/2023/04/10-dicas-para-cuidar-da-saude-intima-da-mulher.ghtml


Saúde íntima preserva a higiene e garante o bem-estar (Foto: Reprodução/Pexels)

Saúde íntima preserva a higiene e garante o bem-estar (Foto: Reprodução/Pexels)

  • REDAÇÃO MARIE CLAIRE
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