PSICÓLOGOS EXPLICAM DIFERENÇA ENTRE SEXO BIOLÓGICO, IDENTIDADE DE GÊNERO, EXPRESSÃO DE GÊNERO E ORIENTAÇÃO SEXUAL
Entenda a diferença entre sexo biológico, identidade de gênero, expressão de gênero e orientação sexual.
05/05/2022
Falar sobre sexo, sexualidade e as diferentes formas de vivência das identidades e relações afetivas são aspectos da vida humana que despertam a curiosidade e geram polêmica em alguns grupos sociais.
Para entender como o ser humano relaciona-se, é preciso conhecer os quatro conceitos delineadores da sexualidade que são: sexo biológico, identidade de gênero, expressão de gênero e orientação sexual.
Sexo biológico.
É conjunto de características físicas oriundas de uma combinação cromossômica. Basicamente se relaciona com a existência dos órgãos genitais (pênis, vagina, ambos ou nenhum deles) e com o conceito de macho (homem), fêmea (Mulher) e intersexo.
Identidade de Gênero.
Consiste no modo como o indivíduo se identifica com o seu gênero, portanto parte de um auto reconhecimento e da auto afirmação pessoal.
A identidade de gênero pode ser vivenciada de diversas formas, pois ela não tem a ver com o sexo biológico ou com a orientação sexual. A identidade de gênero está relacionada com as percepções de masculino e feminino de cada indivíduo.
Dentro desse conceito de identidade, existem pessoas cisgêneras e transgêneras.
Cisgênero: Cis é um prefixo do latim que significa “do mesmo lado”. Desta forma, a pessoa cisgênera é aquela que se identifica com o gênero que lhe foi atribuído ao nascimento.
Transgênero: Trans também é um prefixo latino para “além de”, ou seja, pessoas trans não se identificam com o gênero que foi definido a elas quando nasceram pelo seu sexo biológico. O termo é um guarda-chuva que abarca homens e mulheres transsexuais, travestis, não binários e toda identidade de gênero oposta a norma cis.
Uma observação importante com relação aos homens e mulheres transsexuais é que existem estudos científicos como o trabalho “Sexo cerebral, um caminho a ser percorrido” de Durval Damiani, Daniel Damiani, Taísa M. Ribeiro e Nuarte Setian, que propõem que não são apenas os órgãos genitais que diferenciam homens e mulheres, essa diferença também ocorre na morfologia cerebral, ou seja, existem evidências cientificas de que o sexual cerebral pode caminhar em sentido oposto ao sexo genital, o que explicaria a transsexualidade.
Expressão de Gênero.
É o modo como cada pessoa se apresenta ao mundo. Em outras palavras, é o conjunto de vestimentas, acessórios, modificações corporais (tatuagens, piercings), maquiagens, estilos de cabelo, depilação ou não, comportamentos (modos de agir, modos de falar) por quais uma pessoa exterioriza a sua identidade de gênero.
Embora a sociedade e o mercado generifiquem os objetos em feminino e masculino, coisa de mulher, coisa de homem, na verdade, as coisas (por si sós) não têm gênero. Quando você veste uma roupa, aquela roupa passa a ter o SEU gênero, porque é VOCÊ que a está usando.
Enfim, não é a expressão de uma pessoa que define se é trans ou cis, se ela é de tal gênero ou outro. O que define isso é a própria pessoa!
A expressão ou performance de gênero não precisa necessariamente se alinhar à identidade de gênero, isto é, você pode ser de um determinado gênero e ter uma expressão de outro gênero. Por exemplo: uma mulher (gênero feminino) que se veste e se comporta de maneira masculina (e essa maneira masculina se refere ao que esta mulher define como sendo masculino para ela).
Orientação Sexual.
É definida pela atração ou ligação afetiva que se sente por outra pessoa. Existem quatro formas de expressar a orientação sexual, dentre elas:
Heterossexualidade: é a atração afetiva e sexual por pessoas do gênero/sexo oposto.
Homossexualidade: é a atração afetiva e sexual por pessoas do mesmo gênero/sexo. As lésbicas, nesse contexto, são mulheres que gostam de mulheres, e os gays são homens que gostam de homens, também sendo o termo usado para mulheres.
Bissexualidade: é atração pelos dois sexos/gêneros, homem e/ou mulher.
Assexualidade: diz respeito às pessoas que não sentem atração sexual por nenhum sexo/gênero. Mas vale ressaltar que ainda pode ser uma “sexualidade” em construção.
Para ilustrar as diferenças entre sexo biológico, identidade de gênero, expressão de gênero e orientação sexual, veja a ilustração abaixo:
Não entendeu? A gente desenha…
Lembre-se: Todo ser humano merece respeito!
Sobre o autor:
Paulo Alencar é psicólogo Cognitivo Comportamental (CRP 06/137862), tem Formação em Terapia Comportamental Cognitiva em Saúde Mental, pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). É pós-graduado em Terapia Cognitivo Comportamental pelo ITC – Instituto de Terapia Cognitiva. Realiza atendimento clínico presencial e online para adolescentes, adultos, idosos e LGBTQIA+. Seu consultório se localiza na Rua Augusta, 1939 em São Paulo, próximo ao metrô Consolação. Possui interesse em música brasileira / flashback, cinema, parques, esportes radicais e tecnologia.
Fonte:https://psicologopauloalencar.com.br/sexo-identidade-expressao-genero-orientacao-sexual/
Psicóloga explica diferença entre identidade de gênero e orientação sexual
Hucam, em Vitória, tem ambulatório especializado em diversidade de gênero.
Por Naiara Arpini, G1 ES
13/08/2017 12h58 Atualizado há 5 anos
Olhar para o espelho e não se identificar com aquilo que vê. Esse é o sentimento dos chamados transgêneros, pessoas que não se identificam com o sexo biológico atribuído a elas desde o nascimento. É como se tivessem “nascido no corpo errado”.
“É um sentimento de não pertencimento, é muito além de um simples incômodo. É um sofrimento bem grande de se ver em um corpo que ele não sente como sendo dele. A gente costuma dizer que a alma é diferente daquele corpo”, explica a sexóloga e psicóloga especializada em sexualidade humana, Priscila Junqueira.
Essa sensação, segundo Priscila, se manifesta desde a infância, e não tem a ver com a orientação sexual do indivíduo.
“A orientação sexual irá fazer com que a pessoa busque relacionamentos afetivos-sexuais com pessoas do mesmo sexo (homossexual), sexo oposto (héterossexual) e ambos (bissexual). Já na identidade de gênero diz respeito a como a pessoa se sente, se do gênero feminino ou masculino”, disse.
A psicóloga ainda acrescenta que o transgênero ou transexual não é o mesmo que travesti. “O transexual é diferente de travesti. Os travestis irão usar roupas do sexo oposto durante parte da vida para ter uma experiência temporária ou permanente de ser do gênero oposto”.
Transição de gênero
Para mudarem a aparência e se parecerem mais com o gênero com o qual se identificam, os transgêneros podem se submeter ao processo de transição de gênero, que acontece a partir da hormonização e/ou cirurgia de mudança de sexo.
Através desse procedimento, características como voz, músculos e pêlos são alterados.
Atendimento especializado no ES
No Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam), em Vitória, há um Ambulatório de Diversidade de Gênero, onde acontecem reuniões de acolhimento para pessoas trans.
A unidade conta com uma equipe multidisciplinar, que inclui urologista, endocrinologista, psiquiatra, ginecologista, infectologista, cirurgião plástico, enfermeiro, psicólogo, assistente social e fonoaudiólogo.
Cada usuário dos serviços é acompanhado em suas dimensões psíquica, social e médica-biológica.
De acordo com a enfermeira Léia Brotto, chefe da divisão responsável pelo ambulatório, a pessoa interessada precisa comparecer ao Hospital e marcar um atendimento, que é realizado sempre na quarta quinta-feira do mês.
Em cada encontro são atendidas dez pessoas. Dali, os pacientes saem com pedidos de exames, que podem ser feitos em unidades de saúde, e devem ser levados na próxima consulta.
Um consulta é agendada com psicólogo e assistente social, que fazem uma avaliação. O paciente também é encaminhado para um endocrinologista, que faz a prescrição dos hormônios, que podem ser comprados na farmácia.
O ambulatório é o único no Espírito Santo que realiza a cirurgia de mudança de sexo pelo SUS. Para realizar o procedimento, o paciente precisa ter mais de 21 anos e estar sendo acompanhado há pelo menos dois.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) disse que vem acompanhando todo o processo de habilitação do ambulatório da Unidade pelo Ministério da Saúde e informou que, atualmente, tem contratualizadas com o Hucam as cirurgias de retirada do órgão genital masculino e construção do feminino nos pacientes trans mulher.
Após a habilitação do ambulatório do Hucam pelo Ministério da Saúde, os pacientes contarão com atendimento de equipe multidisciplinar e será possível realizar os processos de hormonização e de transexualização no local.
Glossário — Foto: Reprodução/ Globo
Fonte:https://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/psicologa-explica-diferenca-entre-identidade-de-genero-e-orientacao-sexual.ghtml
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