Corrimento vaginal: quais são as principais causas
e como tratá-las
Um pouco de secreção é normal. O
problema se instala quando há mal cheiro, alteração na cor no muco, ardência e
coceira
Por Marcella Centofanti, Colaboração para Marie Claire
04/03/2023 06h00 Atualizado há 3 dias
Toda mulher em idade reprodutiva, isto é, no período entre a menarca e a menopausa, produz secreção na vagina. Ficar com a calcinha um pouquinho molhada todos os dias não é sinal de alerta — desde que o líquido seja incolor, inodoro e não cause nenhum sintoma desagradável. Caso o corrimento venha acompanhado de mal cheiro, alteração na cor, ardência e coceira, é preciso procurar um médico.
“O corrimento vaginal é a principal queixa nos consultórios dos ginecologistas”, afirma a médica Ana Katherine Gonçalves, membro da Comissão Nacional Especializada em Trato Genital Inferior da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Mesmo assim, de acordo com ela, trata-se de um problema subestimado.
Sem o tratamento adequado, o corrimento decorrente de uma infecção favorece condições como doença inflamatória pélvica, abscesso ovariano e até esterilidade. Em gestantes, pode comprometer a gravidez e até antecipar o parto.
Quando o muco é normal
A secreção sem cheiro e sem cor não só é natural como desejada. Uma mulher que não toma pílula anticoncepcional perceberá que a vagina fica um pouco mais molhada no meio do ciclo. Durante a fase ovulatória, quando é possível engravidar, o muco se torna mais fino e abundante, favorecendo a ascensão dos espermatozóides. Perto da menstruação, a gosma fica um pouco mais grossa.
Gestantes também têm mais volume de secreção natural, em função do aumento dos hormônios femininos, estrógeno e progesterona. Já na menopausa a vagina seca. Sem lubrificação, muitas mulheres sentem dor na relação sexual. Algumas, inclusive, tomam medicação para produzir muco e ter mais conforto durante o ato.
Candidíase, vaginose bacteriana e ISTs
O corrimento se torna um problema quando ele está associado a uma infecção. Nesse caso, de acordo com Ana Katherine Gonçalves, existem três motivos principais.
O primeiro é a candidíase, decorrente do fungo Cândida albicans. Trata-se de uma infecção comum no Verão, época em que as pessoas vão mais para a praia e ficam horas com o biquíni molhado. Calor e umidade favorecem a proliferação do micro-organismo.
A cândida também está associada a um fator menos conhecido: a alimentação. “Pessoas com candidíase recorrente muitas vezes têm problemas de alergia. Para elas, a gente recomenda evitar comidas alergênicas, como chocolate, camarão e caranguejo”, diz a ginecologista.
O fungo vive no organismo humano e faz parte da flora vaginal. Na maior parte das vezes, o sistema imune é capaz de evitar a sua proliferação desenfreada. Porém, quando o corpo sofre algum desequilíbrio, os micro-organismos podem se reproduzir de forma exagerada, causando a coceira e desconforto na região. Vale salientar que a cândida não tem odor.
A segunda causa comum de corrimento é a vaginose bacteriana, desencadeada por um desequilíbrio na microbiota da região. A proliferação anormal das bactérias naturais da vagina, em especial uma chamada Gardnerella vaginalis, pode provocar uma secreção com odor desagradável, semelhante ao cheiro de peixe podre.
Por fim, o terceiro fator frequente para corrimentos são as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Segundo Ana Katherine Gonçalves, que também é professora titular do Departamento de Tocoginecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), gonorreia e tricomoníase sempre causam corrimento. Com menos frequência, a clamídia também pode aumentar a secreção na vagina.
O que a cor do corrimento revela sobre a sua causa
Classicamente, o corrimento da candidíase é branco e abundante. O da vaginose bacteriana, acinzentado e com pouco volume. A tricomoníase tem um muco amarelo-esverdeado, em grande quantidade. Já o da gonorreia também é amarelado e volumoso, enquanto o da clamídia, discreto.
No entanto, a ginecologista da Febrasgo alerta que essas características não servem como parâmetro para diagnóstico, porque variam muito de pessoa para pessoa.
E fica o alerta da médica: o diagnóstico deve ser sempre laboratorial. Exames microbiológicos vão apontar o patógeno causador do desconforto. Para cândida, o tratamento será com uma droga antifúngica. Vaginose bacteriana ou ISTs são medicadas com antibióticos. Em caso de infecções sexualmente transmissíveis, será preciso tratar também o parceiro da pessoa.
Como evitar secreções infecciosas
Algumas medidas ajudam a prevenir o aparecimento de corrimento patológico:
- Não ficar muito tempo com o biquíni molhado;
- Vestir calcinha de algodão;
- Evitar roupas apertadas;
- Dormir sem calcinha;
- Usar preservativo nas relações sexuais.
Fonte:https://revistamarieclaire.globo.com/saude/noticia/2023/03/corrimento-vaginal-quais-sao-as-principais-causas-e-como-trata-las.ghtml
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