5 sinais de que você é poliamoroso, de acordo com especialistas
Alguns sinais podem revelar se você tem tendência a ter um pezinho no poliamor
atualizado 29/08/2021 13:38
Poliamor, relacionamento aberto, relação não-monogâmica, trisal, namoro liberal. Os termos chamam a atenção nos últimos anos, principalmente porque as pessoas vão se abrindo à novas experiências e compartilhando. Mas atenção: não é tudo a mesma coisa, e cada um tem uma definição e um acordo diferente entre os envolvidos.
O portal norte-americano Insider divulgou um estudo de 2019 apresentado na Sociedade para o Estudo Científico da Sexualidade, que aponta que 89% das pessoas ao menos consideraram uma relação não monogâmica, mas isso não significa que agem de acordo com o desejo.
A terapeuta Rachel Wright, de Nova York, que se identifica como homossexual e poliamorosa, declarou ao portal que, como os relacionamentos monogâmicos são mais normalizados, as pessoas poliamorosas podem descobrir que preferem a não monogamia mais tarde na vida.
Então, se você já se questionou sobre sua relação, ou cogitou experimentar o poliamor, os especialistas listaram cinco sinais que revelam se o poliamor é para você.
Já disseram que você tem problemas de compromisso
Pessoas que são poliamorosas muitas vezes se sentem presas a relacionamentos monogâmicos, então a ideia de se comprometer com uma pessoa pode parecer assustadora.
Antes que as pessoas percebam que são poliamorosas, elas podem ter problemas para ter relacionamentos sérios por medo de perder a liberdade de também namorar outras pessoas. Esse medo pode surgir para os outros como “problemas com compromisso”
Você se sente preso em relacionamentos monogâmicos
Outro sinal de que você pode ser poliamoroso é se sentir incapaz de ter relacionamentos monogâmicos. A especialista aponta que em nossa sociedade existe uma tendência para a monogamia compulsória: “Frequentemente, parece que não há uma decisão a ser tomada porque não temos outras opções, então consideramos isso como ou é monogamia ou nenhum relacionamento”, esclarece.
Como resultado, as pessoas acabam não percebendo que são poliamorosas e ficam insistindo em uma dinâmica monogâmica De acordo com a especialista, pode ser até que a pessoa desenvolva ressentimento em relação ao parceiro e acabe traindo.
Você tem várias paixões ou interesses românticos
Você é do tipo que está sempre apaixonado por alguém? Ou sente uma “quedinha” por várias pessoas desde que era jovem e teve dificuldade em escolher entre elas? De acordo com os especialistas, este é um sinal de que você pode ser poliamoroso.
Muitas pessoas poliamorosas sentem que têm uma quantidade infinita de amor para dar aos outros, então é normal sentir que você pode amar várias pessoas ao mesmo tempo.
Você se sente bem com a ideia de seu parceiro estar com outras pessoas
Por fim, um último sinal apontado pelos especialistas, é que se a ideia de seu parceiro namorar outra pessoa não parecer um rompimento do negócio ou uma traição, pode ser um sinal.
Mas atenção, isso não quer dizer que sentir ciúme significa que você não é poliamor, já que o ciúme é uma parte natural de qualquer relacionamento, mas muitas vezes as pessoas poliamorosas dizem que sentem que você pode superar esses sentimentos comunicando-se com o parceiro.
Independentemente de esses sinais descreverem você ou não, se você acha que pode estar adepto ao poliamor, mas não sabe por onde começar, considere falar com um terapeuta. Conhecer seus limites pode ser um ótimo início.
Além disso, vale conferir algumas vezes que a Pouca Vergonha abordou o assunto:
Amor ou desejo? Especialistas dão dicas para relacionamento aberto
Esse tipo de relação cresce, principalmente entre homossexuais, mas ainda traz dúvidas sobre como levá-la adiante
atualizado 15/02/2019 17:26
Juntos há quase sete anos, César de Souza, 26 anos, e Luís Ricardo, 27*, decidiram abrir o relacionamento após o primeiro ano de namoro. Com muita conversa e compreensão, o casal passou a viver uma liberdade sexual ainda pouco aceita na sociedade. Apesar da normalidade com que fala dos últimos anos da relação, César não é compreendido por muitas pessoas, assim como várias outros inseridos neste contexto.
Professor, o rapaz esconde da família o relacionamento “diferente”. “Não é algo que eles vão entender muito bem”, explica. Para amigos mais próximos, no entanto, já esclareceu a situação. Vivendo momentos românticos com o namorado, o educador, contudo, revela que encarar a nova fase da relação não foi fácil.
No primeiro ano de namoro, César mantinha envolvimento somente com Luís. Porém, durante uma viagem, o casal expressou vontade em ter relações sexuais com outras pessoas. No mesmo dia, baixaram aplicativos de pegação e transaram, mais tarde, com outro homem. Desde então, vivem desta forma e, embora já tenham refletido sobre retornar à monogamia, não pretendem mudar o padrão construído em união.
Argumentos
Mudar as regras não significa que o namoro estava ruim, como revela César. “A gente amadureceu o amor e entendeu que vive em um padrão heteronormativo”, diz, referindo-se ao fato de casais permanecerem juntos e ignorarem seus desejos sexuais. “Sentir prazer por outra pessoa não é forma de desamor”, argumenta.
Apesar de sentir ciúmes no começo, a situação agora é outra: “Crise é uma coisa muito normal. Tive momentos irracionais de sentir ciúmes, tive postura grossa, mas, com diálogo, resolvemos tudo”. O brasiliense relata que nos primeiros estágios do relacionamento aberto contava com ménages à trois e beijos apenas quando Luís estava junto. Com o tempo, passaram a ser independentes.
Embora esteja propenso a transar ou beijar homens longe do namorado, César garante que eles “nunca curtem festas sozinhos e sempre priorizam a relação”. Além disso, revela nunca ter se apaixonado por outro alguém. “Paixonite é intensa, mas rasa. Então não é algo para eu temer”, explica.
O relacionamento de César e Luís está incluído em uma pesquisa realizada pela Organização da Saúde Homossexual (GMFA) e pela FS Revista. Feita com 1.006 homens gays entrevistados no Reino Unido, o projeto concluiu que 41% deles têm casos abertos ou não-monogâmicos.
A sexóloga Karol Rabelo, 37 anos, aponta que relações heterossexuais são embasadas em “posse” e no sistema patriarcal, no qual o casamento é preservado. Por já quebrarem padrões sociais, gays avaliam a monogamia como algo ultrapassado e costumam se enxergar como pessoas “não pertencentes a outras”. Em teoria, esse tipo de relação parece simples, principalmente no meio LGBT, mas pode gerar problemas se o casal não souber lidar com os próprios sentimentos.
Amadurecimento e frustrações
Júlia Buarque, 43 anos, é psicóloga e costuma atender jovens com problemas amorosos. De acordo com ela, as pessoas não conseguem mandar nas emoções. Portanto, apaixonar-se por outras pode colocar em risco seu relacionamento. Para Júlia, o casal precisa ter maturidade e saber lidar com imprevistos. “Quando um só está disposto, não vale a pena porque eles não vão conseguir lidar com essa situação”, diz. Contudo, garante que se ambos estipularem acordos e existir comunicação, a conexão amorosa pode dar certo.
Entretanto, falta de amadurecimento sentimental e incapacidade de encarar as próprias emoções pode dar fim a uma conexão de anos. Diferentemente de César e Luís, Mirian Sánchez, 19 anos, morava com o ex-namorado e mesmo assim não conseguiu levar o relacionamento aberto adiante. Juntos há mais de dois anos, a estudante e o então parceiro decidiram se abrir para este novo tipo de relação “porque não tinham uma vida sexual satisfatória”. Surtos de ciúmes, todavia, esfriaram a conexão.
“Inicialmente foi muito tranquilo, conversamos e estabelecemos regras. Os problemas começaram porque ele passou a sentir ciúmes e queria saber os detalhes do que rolava entre mim e as outras pessoas”, conta. A situação a deixava desconfortável, principalmente porque o rapaz não relatava suas próprias experiências.
Sentindo-se acuada, Mirian tornou a ser 100% monogâmica, mas sem sucesso. “Fechamos o relacionamento e pouco tempo depois terminamos”, diz. O incidente não desmotivou a estudante, e ela garante que teria novo envolvimento assim desde que “a outra pessoa tenha maturidade para isso”.
Abrindo um relacionamento
“A nossa mentalidade muda constantemente”. A frase da sexóloga Karol Rabelo ilustra como pessoas podem ser capazes de viver um relacionamento aberto. Contudo, para quem já pensa em protagonizar uma relação assim, a psicóloga aconselha que haja honestidade no início do namoro. “É bom já dizer o que pensa para não haver decepções”, diz.
Já para Júlia Buarque, ter um relacionamento aberto não é tão simples. “Exige certa maturidade, consciência e respeito”, explica. Embora sejam iniciados por desejos sexuais aflorados, esses casos precisam ser bem tratados e envolver diálogos constantes.
Inserido no estilo de vida, César de Souza concorda com o discurso das psicólogas. “A relação precisa estar em primeiro lugar, e é sempre bom conversar muito, informar o que causa incômodo e insegurança. Amor é carinho, cuidado e compreensão”, ressalta o professor. Por fim, alerta: “Se for abrir o relacionamento pra tentar salvar um namoro frio, melhor nem tentar”.
*Nomes trocados para preservar as identidades das fontes
Sete mitos e verdades sobre os relacionamentos poliamorosos
Especialistas tiram dúvidas e desmentem crenças que costumam cercar o poliamor
atualizado 12/11/2019 20:46
Em tempos de libertação de padrões e antigos costumes da sociedade, os indivíduos têm experimentado novas formas de pensar, agir e de se relacionar. Dentro do âmbito das relações, há uma tendência cada vez mais crescente para o poliamor – relacionamento sexual afetivo que envolve várias pessoas simultaneamente.
Pode-se dizer que o movimento, em parte, se deve à facilidade e à grande quantidade de opções que os aplicativos de relacionamento trazem. Mas, segundo a psicóloga Bárbara Mendes, o motivo mais forte da “revolução do poliamor” é que representa uma forma de sair do automático. “A monogamia é uma coisa compulsória, a gente já nasce na função de casar, ter filhos e ser feliz. O poliamor vem como uma maneira de quebrar isso”, avalia.
Mesmo em tempos de constante desconstrução, pouco ainda se sabe sobre o assunto, o que dá espaço para muitas crenças erradas acerca dele. Para deixar tudo às claras e não haver mais dúvidas, a coluna Pouca Vergonha separou alguns mitos e verdades sobre o poliamor:
Poliamor é o mesmo que poligamia
MITO! Poligamia refere-se à condição legal das pessoas envolvidas, ou seja, casar com mais de uma pessoa, o que é crime no Brasil. Já o poliamor trata-se de uma condição afetiva sexual apenas. Os dois termos não devem ser confundidos.
É sinônimo de pegação desenfreada
MITO! De acordo com a sexóloga Tâmara Dias, a crença ocorre por causa de uma sociedade em que tudo que foge da monogamia e da ideia do par perfeito é considerado perversão. “As pessoas não conseguem desconstruir alguns tabus que foram impostos e pensar que pode haver sim pessoas que amam mais de um parceiro”, explica.
Bárbara reforça que o poliamor vai muito além de liberdade sexual. “É uma maneira de se relacionar com o outro, não se trata de sair pegando todo mundo e ‘tchau’. Implica responsabilidade afetiva, autoconhecimento e conexão”, garante.
O poliamor tem regras
VERDADE! Assim como em qualquer relacionamento monogâmico, diversas coisas devem ser alinhadas entre os envolvidos. “Todo tipo de relacionamento, mesmo que de forma implícita, já começa com várias regras. É indispensável que todos conversem sobre expectativas e sobre o que pensam a respeito de sexo, intimidade, cumplicidade. Não pode faltar diálogo”, aponta Tâmara.
Não há traição ou ciúmes
MITO! O fato de um relacionamento envolver mais de duas pessoas não significa que não existe ciúmes entre as partes. “O ciúme é quase intrínseco à maioria dos indivíduos, então é quase certo que vai acontecer. Para evitar problemas, é importante que estejam acertadas as coisas que podem causar insegurança e sentimento de posse”, explica a sexóloga.
Sobre traição, o diálogo também é essencial para que não haja mal-entendidos. “Existem várias formas de traição, e o que é traição para uma pessoa pode não ser para outra. É de extrema importância que fique muito claro o que é traição para cada um”, complementa.
Necessariamente há sexo entre todos os envolvidos
MITO! Ao contrário do que se possa imaginar, nem todas as partes em um relacionamento poliamoroso se relacionam sexualmente. “Não é uma regra. Muitas vezes, um poliamor pode envolver, por exemplo, dois indivíduos heterossexuais que não curtem sexo com pessoas de outro gênero, mas se envolvem afetivamente com elas ou têm alguém que acabe fazendo uma ponte no relacionamento. O sexo não precisa ser conjunto, pode haver momentos separados também”, garante Tâmara.
Há cuidados especiais de prevenção
VERDADE! Nos casos poliamorosos em que se tem sexo grupal, os cuidados de prevenção para doenças e infecções sexualmente transmissíveis não muda muito dos de relacionamentos monogâmicos, mas há dicas que devem ser consideradas. “Assim como em qualquer transa, camisinha é indispensável. Mas, caso haja penetração em pessoas diferentes, é muito importante trocar a camisinha por causa dos fluidos e secreções corporais que ficam na parte de fora do preservativo”, alerta a sexóloga.
Além disso, por mais que o termo “exames pré-nupciais” possa soar monogâmico, fazê-los é indicado. “Seria interessante se todos os envolvidos se submetessem a testes para identificar qualquer problema. Vale lembrar que casos de infecções não impossibilitam relações sexuais. Com os devidos cuidados de transmissão e até mesmo profilaxias pré-exposição, é possível ter sexo seguro”, completa.
Existem posições específicas para melhor aproveitar o sexo grupal
MITO! Para Tâmara, isso é relativo, já que sexo se trata de energia e entrega. “Se todo mundo estiver totalmente entregue, acontecem coisas incríveis que não estão em nenhum livro com dica específica. São muitas possibilidades – dupla penetração, enquanto um penetra, outro chupa, e por aí vai”, diz.
Além disso, o prazer grupal (assim como o monogâmico e o individual) depende muito de autoconhecimento. “Se conhecer é importante até para sabermos do que gostamos e permitirmos que o outro nos dê prazer. Mesmo que haja outras pessoas, a responsabilidade do meu prazer é minha e não do outro”, finaliza.
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atualizado 16/07/2021 17:55
Poliamor, amor livre e relação-não monogâmica. Você já se perguntou se somos monogâmicos por natureza ou se isso é construído socialmente? Apesar de não serem termos novos, as nomenclaturas vem ganhando espaço nos debates atuais quando o assunto é relacionamento.
O filme Professor Marston e as Mulheres Maravilhas, de 2017, conta a história real e nada convencional da vida do psicólogo Wiliam Marston (Luke Evans), que mantinha uma relação polígama envolvendo sua esposa Elizabeth Marston (Rebecca Hall), psicóloga e inventora, e Olive Byrne (Bella Heathcote), uma ex-aluna que virou acadêmica. Essa relação e os ideais feministas das duas mulheres foram essenciais para a criação da personagem.
Atualmente, a procura por um terceiro elemento na relação ou troca de casais tem crescido. Dados do aplicativo YSOS, especializados em encontros sigilosos, revelaram que de 2019 para 2020 houve um aumento de mais de 45% nos cadastros de casais na plataforma. E esse aumento é ainda maior em 2021 chegando a 66%.
Diante dessa mudança, não se pode descartar o questionamento. O que vale mais: ser fiel desejando outras pessoas ou conversar com o par, abrir o relacionamento e seguirem com algo acordado?
Para buscar essa resposta, que é complicada como tudo que envolve sexo e sexualidade, a Pouca Vergonha conversou com Mayumi Sato, que é especialista no assunto e diretora de marketing da rede social adulta brasileira, Sexlog. E com Gustavo Ferreira, analista do Ysos.
Como saber se é a hora de abrir a relação?
De acordo com a diretora do Sexlog, Mayumi Sato, o momento certo de abrir é quando o relacionamento vai bem e há comunicação: “É importante pontuar que se o relacionamento vai mal, não é hora de tentar algo não-monogâmico, ou ainda tentar abrir a relação a fim de resolver uma crise”, explica.
“Não é convencimento e sim alinhamento. O casal tem que estar de acordo com isso”, esclarece Gustavo.
Mayumi orienta, que ao contrário da monogamia, onde há regras e é tudo estático, o relacionamento não monogâmico é discutível e não há “regras escritas em pedra”. Adepta ao relacionamento não mono, ela recebe várias perguntas sobre o tema diariamente em seu Instagram. E compartilha que a maior confusão das pessoas é sobre estar solteiro ou em uma relação “não mono”: “É completamente diferente. Na relação não monogâmica você tem uma pessoa que você se dedica, conversa, estabelece limites juntos. Não é comparado a estar solteiro, onde você não tem um par”, elucida.
Zona cinzenta
Como já mencionado, neste tipo de relação é preciso muito diálogo com o par, a fim de alinhar as expectativas, nomear as regras e principalmente impor limites dentro da parceria.
Para Gustavo, o casal tem que estar disposto a tentar, e estar disponível para caso não dê certo: “É uma zona cinzenta, e é preciso estar receptivo, inclusive, a se posicionar sobre o que sabe que não quer”, explica. Não adianta tentar classificar ou se enquadrar em regras contrárias à monogamia”. Para ele, a regra de ouro é: “Sempre lembre que mesmo após muita conversa, você tem o direito de voltar atrás, inclusive, isso vale para tudo. No relacionamento, no sexo, em uma ideia, você tem que ter o direito de voltar atrás em tudo”.
Liberdade para retomar à monogamia
E quem já experimentou o relacionamento não-monogâmico, sabe que é comum dar uma pausa. E inclusive pode voltar atrás e ter um relacionamento fechado.
Gustavo ressalta que existem momentos específicos da vida a dois: “Muitas vezes o casal faz uma pausa de meses, e até anos, na relação não-monogâmica e depois volta”, conta.
Por fim, fica o lembrete: a monogamia, assim como o relacionamento não mono, deve ser uma escolha pré-acordada entre todos os envolvidos.
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