TRANSAR É PRECISO: A VIDA SEXUAL FEMININA DEPOIS DOS 50

  

Muito prazer: a personagem de Gillian Anderson na série Sex Education, reconhecer o corpo depois dos 50 anos é fundamental para uma vida sexual satisfatória (Foto: Reprodução)

Muito prazer: a personagem de Gillian Anderson na série Sex Education, reconhecer o corpo depois dos 50 anos é fundamental para uma vida sexual satisfatória (Foto: Reprodução)

Transar é preciso: a vida sexual feminina depois dos 50

Todas as perguntas que você adoraria fazer para uma sexóloga. Porque o sexo pós menopausa não pode ser um tabu para quem iniciou a vida sexual nos libertários anos 70 e 80…

Tem um ditado que diz que é melhor fazer sexo do que falar de sexo. Não discordo. Contudo, é preciso falar de sexo para fazer sexo com ainda mais qualidade. Você deve saber que mais da metade da população mundial feminina, segundo pesquisas, diz que jamais experimentou um orgasmo. Frigidez? Acho que tabu é a resposta. E digo isso porque mesmo sendo 50 + (e com amigas que descobriram o sexo em plenos anos 70/80) percebo que há muitas dúvidas no ar ( ou melhor, na cama) , especialmente depois dos 50 anos.

Menopausa você deve ter pensado. E está certa. Mas será mesmo que o decréscimo hormonal representa o fim dos desejos? Fui conversar com a terapeuta sexual Ana Canosa para saber mais. Psicóloga, diretora de publicações da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana , ela diz "É importante deixar claro que a menopausa não é uma patologia. Dito isso, a redução de estrógeno reduz a sensibilidade das terminações nervosas (…) a resposta sexual tende a ficar mais lenta. Por isso, o desejo sexual espontâneo, aquele que não precisa de motivação e que nasce no corpo (…) pode ser mais raro”.
Muito prazer: a personagem de Gillian Anderson na série Sex Education, reconhecer o corpo depois dos 50 anos é fundamental para uma vida sexual satisfatória (Foto: Reprodução)

Muito prazer: a personagem de Gillian Anderson na série Sex Education, reconhecer o corpo depois dos 50 anos é fundamental para uma vida sexual satisfatória (Foto: Reprodução)

Ana completa: " A mulher 50+ precisa de mais estímulo para a sua resposta sexual. Por outro lado, as que tiveram boa experiência sexual ao longo da vida e exploraram mais o corpo têm um conhecimento maior de como chegar ao prazer. E isso equilibra a lentidão da resposta sexual”. Viva a maturidade. Mas… e se esse não é o caso? Bom, já sabemos que nunca é tarde para aprender. E Ana Canosa segue: "Na terceira idade, a mulher precisa saber muito mais do corpo e explorar…não dá para esperar o desejo espontâneo surgir”.

Segundo ela (leia entrevista completa abaixo) a dica é explorar o corpo e se adequar à nova fase com todos os recursos que existem, como cremes, pílulas, fisioterapia pélvica, vibradores e, tome nota, fantasia somada à informação. “Temos que conhecer nosso corpo e nossa sexualidade. O clitóris tem a única finalidade de nos dá prazer”, Ana diz.

Isso me fez lembrar do quinto episódio da temporada 2 da série “Sex Education” (NETFLIX), em que a personagem da maravilhosa Gillian Anderson, uma terapeuta sexual, está dando aulas de sexualidade para as mulheres maduras da cidade. Uma delas (sem spoiler, prometo) tem a vida transformada após o aprendizado com o próprio corpo. Transar é preciso. Faz bem para a pele, aumenta imunidade, relaxa…siga para saber mais e tudo sobre desejo e orgasmo feminino 50+.

"O clitóris é um organismo bastante grande, com terminações nervosas que seguem por todos canal vaginal, passando pelo colo do útero, chegando à medula até o cérebro.”"

Ana Canosa, sexóloga

As mulheres 50+ eram jovens nos libertadores anos 70 e 80. Ainda assim, sexo parece ser um tabu para muitas mulheres dessa faixa etária. Faz pouco tempo que começamos a falar sobre o orgasmo e a sexualidade da mulher, distinguindo a reposta sexual feminina da masculina, abordando a anatomia genital, o papel do clitóris e do erotismo para o  prazer feminino.

Questionar a influência do patriarcado no comportamento sexual da mulher foi extremamente importante e necessário para maior liberdade e desenvolvimento da capacidade e do direito da mulher ser desejante no mundo e também na dimensão sexual.  Hoje falamos do clitóris, de sua estrutura interna, hoje se produz clitóris em impressora 3D para criar chaveiros orgulhosamente ostentados pelas mulheres.

A estrutura anatômica do clitóris é conhecida desde o século XVIII, mas é curioso como no século XIX , ele foi  excluído dos principais livros de anatomia, retornando um século depois. De maneira geral as culturas reprimiram o prazer sexual feminino, ou o colocavam como uma EXTENSÃO do prazer masculino. Faz muito pouco tempo que essa cena está mudando. Por isso é preciso falar sobre o corpo, o desejo, a sexualidade e o orgasmo feminino. Por isso o tabu.

Muito prazer: a personagem de Gillian Anderson na série Sex Education, reconhecer o corpo depois dos 50 anos é fundamental para uma vida sexual satisfatória (Foto: Reprodução)

Muito prazer: a personagem de Gillian Anderson na série Sex Education, reconhecer o corpo depois dos 50 anos é fundamental para uma vida sexual satisfatória (Foto: Reprodução)

O que poderia nos dizer sobre a moralização do corpo? Como pode se relacionar com o prazer? Quais caminhos para solucionar essa questão?

Muitas mulheres não valorizam o próprio prazer, não conhecem o próprio corpo, não entendem sua resposta sexual, tem vergonha de falar sobre prazer e orgasmo com seus parceiros/as. E se não sentem desejo espontâneo, vontade de transar, acham que não têm desejo. Isso não é verdade. Elas podem ser mais responsivas , ou seja, podem sentir desejo ao responder a estímulos. A resposta sexual feminina é circular. A masculina é ascendente. Então, a mulher tem que entender seu corpo, valorizar sua sexualidade para entender sua resposta sexual, promover o desejo responsivo. Esse é o caminho.

"A masturbação com vibrador é uma boa solução, mas não sem o incremento da fantasia .. porque a resposta sexual é genital e cerebral, então quanto mais fantasia e motivação, melhor será"

Ana Canosa

Muitas mulheres relatam queda de libido após a menopausa devido às variações de hormônio. Há como reacender a libido? Quais dicas poderia compartilhar?

É importante deixar claro que a menopausa não é uma patologia. Que a ideia de que a mulher perde o desejo (por tudo) depois da menopausa não condiz com a realidade atual e que esse olhar impacta negativamente no psiquismo feminino. A menopausa tem sido vista como um processo de perdas. Os impactos do corpo mais  os aspectos interiorizados vindo da cultura fazem algumas mulheres viverem essa fase e os sintomas de uma maneira muito drástica. Temos que ressignificar essa fase da vida para mudar socialmente a imagem da mulher de 50 e a vida dessas mulheres. Dito isso, vamos aos hormônios. A redução de estrógeno reduz a sensibilidade das terminações nervosas. Na literatura acadêmica, pesquisas mostram que 52% das mulheres referem impacto negativo na função sexual pós menopausa.

Com o decréscimo hormonal da menopausa a resposta sexual tende a ficar mais lenta. Por isso, o desejo sexual espontâneo, aquele que não precisa de motivação e que nasce no corpo, o desejo não responsivo, pode ser mais raro. A mulher 50+ precisa de mais estímulo para a sua resposta sexual. Por outro lado, as mulheres 50 + que tiveram boa experiência sexual ao logo da vida e exploraram mais o corpo têm um conhecimento maior de como chegar ao prazer. E isso equilibra a lentidão da resposta sexual. Na terceira idade, a mulher precisa saber muito mais do corpo e explorar…não dá para meramente esperar o desejo espontâneo surgir.

A dica é explorar o corpo, avaliar e pensar bem na reposição hormonal e nos seus riscos, se adequar a nova fase com todos os recursos que existem. A masturbação com vibrador é uma boa solução, mas não sem o incremento da fantasia .. porque a resposta sexual é genital e cerebral, então quanto mais fantasia e motivação, melhor será. Mas há evidências também que, mulheres que valorizam o sexo, tendem a buscar soluções, seja na reposição hormonal, seja no uso de recursos da medicina natural e essa motivação para manter a sexualidade ativa é extremamente benéfica.

Os cremes de testosterona funcionam?

Depende muito. Para algumas sim, para outras não. O melhor é consultar a sua médica/médico. Quando estiver perto do ápice, você também pode respirar fundo, prender a respiração, contrair a vagina forte. Isso estimula as terminações nervosas e pode levar ao orgasmo. 

Pesquisas no mundo todo  mostram que só cerca de 65% das mulheres experimentam orgasmos nas relações. Algumas jamais experimentaram. Salvo as particularidades de cada mulher... há exercícios, hábitos ou dicas para “chegar lá” ?

desejo sexual e a excitação são muito importantes para o orgasmo—e o orgasmo nem é o fator mais importante, mas o caminho que o faz chegar. Você pode, por exemplo, ter um orgasmo com vibrador e ser meio OK. Ou seja, você terá resposta do corpo, produção de dopamina, mas é bem diferente de ter um caminho de excitação que faz conectar o corpo todo. Cerca de 85%  das mulheres têm o orgasmo por estímulo clitoriano e 25 % tem orgasmo apenas com o estímulo da penetração.

orgasmo é um fenômeno único, a maneira de estimulá-lo é que pode ser diferente. Há mulheres que chegam ao orgasmo através da penetração vaginal, anal; da estimulação do clitóris e, embora controverso, do contato da glande com o colo do útero, o chamado orgasmo de cervical. No entanto, a comunidade científica entende que na verdade é a estrutura interna do clitóris que favorece o orgasmo em qualquer dos casos. 

clitóris, tem única finalidade: dar prazer para mulheres. Estimular o clitóris durante a relação ou na masturbação (faça você mesmo) é um hábito cada vez mais comum entre as mulheres (e de bons resultados). Quando estiver perto do ápice, você também pode respirar fundo, prender a respiração, contrair a vagina forte. Isso estimula as terminações nervosas e pode levar ao orgasmo. E, como disse, orgasmo é fisico e mental, portanto, fantasie, relaxe. E, claro, conheça e explore o seu corpo e sexualidade.

Exercícios pélvicos podem ajudar na excitação a relação no prazer sexual da mulher 50+?

Sim, ajudam bastante a vida sexual. A fisioterapia pélvica é muito indicada para fortalecer o assoalho pélvico e para a mulher ter controle da musculatura pélvica durante a relação sexual. Aumenta a irrigação sangüínea local, o que é ótimo e , além disso, é excelente para a incontinência urinária. 

"Interessante: há mulheres que se sentem ativas e focadas, com vontade de sair fazendo coisas, depois do orgasmo. Isso porque a fase de resolução da mulher é mais longa. O homem tem vontade de dormir, porque a resposta é mais curta e a prolactina entra mais rápido em ação”, Ana Canosa

Momento nerd: o que acontece no organismo, no corpo, na mente, nas emoções, durante o orgasmo?

orgasmo é uma fase da resposta sexual. É o ápice da excitação e resulta em uma descarga da tensão sexual com a liberação de alguns hormônios como a dopamina, que dá uma sensação de relaxamento e bem estar total. Mentalmente há quem descreva a sensação como a “ausência de tempo e espaço”, mas dura alguns segundos. A dopamina é responsável pela motivação, pelo foco. Interessante: há mulheres que se sentem ativas e focadas, com vontade de sair fazendo coisas, depois do orgasmo. Isso porque a fase de resolução da mulher é mais longa. O homem tem vontade de dormir, porque a resposta é mais curta e a prolactina entra mais rápido em ação.

Clitoris. Conte mais, por favor…

Existe só para o prazer feminino. O que a gente vê na genital feminina é só o capuz do clitoris, mas internamente  é um organismo bastante grande, com terminações nervosas que seguem por todos canal vaginal, passando pelo colo do útero, chegando à medula até o cérebro. Toda a região da genitália feminina pode ser bastante explorada. Aproveite!

Fonte:https://vogue.globo.com/semidade/Viva-a-Coroa/noticia/2020/09/transar-e-preciso-vida-sexual-feminina-depois-dos-50.html

O primeiro Museu da Vagina está em Londres e acabou de inaugurar! (Foto: Reprodução/ Instagram)

O primeiro Museu da Vagina está em Londres e acabou de inaugurar! (Foto: Reprodução/ Instagram)

Secura vaginal: quando a menopausa chega na cama

Veja dicas para contornar uma das mudanças mais evidentes que envolvem essa fase da vida

Decidimos que a coluna desta semana seria um dos “hits” quando se fala em menopausa: a secura vaginal. Desde que começamos o No Pausa – em espanhol – há oito meses, sempre nos chamou atenção a quantidade de mensagens que fazem menção à secura vaginal e a como isso influi na vida sexual.

Aproveitamos e pedimos a Tati Español - pesquisadora argentina especialista em sexualidade e que está escrevendo um livro 100% dedicado à vulva -   que nos ajudasse com esse conteúdo. E ela nos enviou uma quantidade incrível de informação que iremos compartilhar. Tati começou fazendo uma pergunta: “Vocês perceberam que não é só secura?” Concordamos: nas mensagens, a grande maioria das mulheres comentava que a secura era só a “ponta do iceberg”.

O que acontece é que começamos a notar todo um conjunto de mudanças envolvendo a nossa vulva, que começa progressivamente a interferir no prazer. Por isso, é normal achar que nossa vida sexual está em xeque. Mas nada mais longe da realidade.

Mas o que acontece com a gente exatamente? Com o passar dos anos, nosso rosto e nosso corpo começam a mudar. A pele resseca, as feições “murcham” um pouco e aparecem as primeiras rugas.

A mesma coisa acontece com nossa vulva. Após entrar na perimenopausa, a produção de estrogênio – o responsável por manter as paredes vaginais lubrificadas e “gordinhas” – diminui. Por isso, podemos sentir nossa vagina mais seca e nossa vulva começa a perder elasticidade: os lábios internos e externos ficam mais finos, muito menores do que quando o estrogênio reinava em nós.

Fonte:https://vogue.globo.com/semidade/No-Pausa/noticia/2020/04/secura-vaginal-quando-menopausa-chega-na-cama.html

Desinformação pode dificultar ainda mais passar por esta fase  (Foto: Freepick)

Desinformação pode dificultar ainda mais passar por esta fase (Foto: Freepick)

Conheça os grandes mitos e preconceitos da menopausa

Alterações hormonais provocam mudanças sim. Mas a gravidade ou leveza para enfrentar essa fase depende da atitude que temos diante de cada etapa

.Em pleno século XXI, tivemos uma avalanche de comentários e perguntas que nos lembraram que os mitos ao redor dessa etapa infelizmente continuam vigentes. Não deixamos de nos surpreender com o pouco que sabemos e com como a maioria das pessoas não leva as mudanças dessa fase a sério.

Enfrentar os mitos e preconceitos vinculados a esse período é vital. Porque são essas concepções erradas o motivo de muitas de nós não falarmos sobre esse assunto, muitas vezes nem sequer entre amigas.

Em um exercício que esperamos que sirva para todas, fizemos uma lista daquilo que escutamos nos últimos meses (principalmente na última semana):

• Estar menopáusica é sinônimo de ser velha
• O sexo do casal acaba quando aparece a menopausa
• Durante a menopausa engordamos e começamos a ficar mais feias
• As mulheres ficam histéricas ou se amarguram

A boa notícia: todos esses mitos são FALSOS! Porque mitos são só isso: relatos fantásticos da tradição oral (adoramos essa definição da Wikipédia). Não se preocupem, não temos que romantizar a menopausa. Sabemos que as alterações hormonais deste período provocam um monte de mudanças – e diversas perguntas - em nossas vidas. E a magnitude ou gravidade dessas transformações dependem em grande medida do significado ou da atitude que cada uma toma nessa etapa.

Sim, é verdade, estamos menopáusicas porque estamos mais velhas. Mas isso não tem nada de finitude.Continuamos sendo profissionais, amigas, mães, companheiras e, o mais importante, continuamos sendo nós mesmas. Isso sem entrar no detalhe de que mulheres jovens também estão expostas à menopausa. Seja por menopausa precoce ou induzida, por medicação ou cirurgia, elas são jovens e menopáusicas. E então? Estigmatizamos essas mulheres também?

E o sexo? Sim, a baixa da libido é um fato. E impacta no sexo, é verdade. Mas, se for bem conversado, não tem porque prejudicar a intimidade. A lubrificação muda? Sim, mas há uma enorme variedade de lubrificantes que nos ajudam a “navegar” por esse momento. E muitas vezes até a melhorar a relação.

Engordamos? Pode ser. Mas não é um destino. O aumento de peso, especificamente ao redor da cintura, é um sinal da mudança hormonal da etapa. Mas, como falamos em outra coluna, pode e - por questões de saúde - deve ser controlado.

Mas atenção, há muitas opiniões sobre a questão das mudanças do nosso corpo (no próprio No Pausa temos pensamentos diferentes). A medicina já provou que menos estrogênio circulando leva o corpo a reter mais células de gordura. Isso significa que ficamos mais feias? Ou muitas de nós vemos nosso corpo mudar e encontramos uma nova harmonia nessas novas formas? Olhar-se no espelho e encontrar um corpo diferente é sinônimo de ficar feia? Dá para pensar muito sobre isso.

Estamos mais ansiosas? Menos tolerantes? Com um humor mais oscilante? Mais esquecidas? Sim, essas mudanças são comuns, mas não obrigatoriamente determinantes para nossas vidas. Tem um impacto? Claro! Mas continuamos sendo as mesmas e, ao entender o que está acontecendo, passamos a ser protagonistas, decidindo como queremos viver esse processo. Com ou sem reposição. Com acompanhamento da medicina tradicional ou com algo mais integrativo. A gente decide como quer atravessar o climatério. Só que para decidir temos que saber.

E para enterrar definitivamente esses mitos – e responder milhares de perguntas – contamos com a comunidade médica e profissionais que entendam essa fase de forma integral e mais leve e nos ajudem a ressignificar esta etapa.


Fonte:https://vogue.globo.com/semidade/No-Pausa/noticia/2020/03/conheca-os-grandes-mitos-e-preconceitos-da-menopausa.html

Casal no quarto (Foto: Picture Alliance via Getty Image)

Aos 50 anos, sexo continua tendo a mesma importância que aos 20 (Foto: Picture Alliance via Getty Image)

O que muda no sexo depois dos 50?

Menopausa e a chegada da idade seriam os grandes vilões. Descubra os mitos e as verdades

Não é que seja apenas gostoso de fazer e relaxante. Sexo também é uma questão importante da vida e pesquisas atestam: faz bem para a saúde, reduz o stress, previne problemas cardíacos, melhora o sono e ainda causa efeitos antienvelhecimento. Com o passar dos anos, no entanto, surge um receio e muitas mulheres passam a se questionar sobre o que muda na cama depois dos 50.

Continuamos naquele ritmo mais compassado, sentido já a partir dos 40, ou ele perde a importância com o passar do tempo até que desaparece totalmente? A menopausa e todos os sintomas que a acompanham realmente fazem o desejo sair pela porta?

Essas são algumas das dúvidas frequentes. Mas, segundo a antropóloga e estudiosa Mirian Goldenberg, nenhuma delas têm fundamento. De acordo com a pesquisadora, tanto para mulheres solteiras quanto para as casadas, o sexo continuará tendo a mesma importância que sempre teve. Ou seja, se era fundamental aos 20, continuará sendo aos 50.

“Para algumas mulheres, o sexo nunca foi importante ou bom. Por isso, nessa fase da vida, o fato de não ter de praticar mais, vem como uma libertação. Do tipo ‘Como eu já tive filhos, tive marido e já me separei, eu não preciso mais’ e tudo bem”, explica. “Já para aquelas para as quais o sexo sempre foi bom e parte importante do relacionamento, ele continuará sendo. E essa mulher vai procurar técnicas, estratégias e produtos para continuar fazendo bom sexo”, completa.

Permitir que o casamento caia na rotina pode ser outro fator que está deixando a vida sexual do casal parada. “Se você vive um relacionamento de 20, 30 anos, o desgaste da própria união é que provoca a diminuição ou o fim da libido e do desejo, tanto das mulheres quanto dos homens. Mas note que quando um deles começa uma relação nova, o sexo vem com tudo. Não tem a ver com a idade, mas com o tempo da relação e como o sexo acontece dentro dela”, alerta.

Nem mesmo a menopausa, que com suas variações hormonais é frequentemente apontada como a grande vilã para a falta de libido e diversão no quarto, é motivo para acabar com a vida sexual. “Claro que estes problemas existem, mas há coisas boas também: você não menstrua mais, não tem TPM nem preocupação em engravidar... Isso tudo pode ser resolvido, existem várias formas de lidar. Ninguém deixa de fazer sexo depois da menopausa. Até porque ela não dura pra sempre, é passageiro”, Mirian chama a atenção. 

A antropóloga ainda comenta o mito de que o sexo depois dos 50 fica incrível. “Não é que o sexo melhora, o que acontece é que existe a confiança, a segurança, a autonomia e, principalmente, a sensação de que se pode ser mais livre. É óbvio que com o amadurecimento você pode ser mais espontânea e fazer suas próprias escolhas. Isso repercute em todos os aspectos.

Ou seja, a vida como um todo melhora com a idade. Inclusive, o sexo”, pondera. “Hoje as mulheres com mais de 50 ligam aquele botão que faz com que elas não se incomodem mais com a opinião alheia: usam biquíni na praia, a roupa que querem, namoram homens mais jovens. O tempo é curto e é preciso perder os medos, vivendo a vida com mais alegria e prazer.” 

O que elas contam
“Após os 50 anos, eu entendi que menos é mais: mais tempo nas preliminares, uma boa conversa antes, uma taça de vinho para aquecer... Comecei a entender o tempo do corpo: hoje demoro mais para atingir o prazer pleno, ter orgasmo . É uma questão de unir seu pensamento e sua autoestima com a condição atual, em que você sabe os pontos que te deixam mais animadinha."
Vera Januário, 59 anos, secretária

“Eu sempre gostei de sexo, mas durante a menopausa, com meu parceiro, foi muito ruim. Fiquei quase três anos sem transar. Hoje vejo que ele não soube lidar com essa minha fase. Ao contrário, me fazia sentir uma péssima amante. Eu quase acreditei. Depois da separação me dei conta que na verdade, eu não sentia mais atração por ele, pois com os outros dois homens que vieram depois, o tesão voltou com tudo.”
Wanda Sanches*, de 55 anos, analista de sistemas

“Sempre gostei de sexo, mas nunca fui fissurada. Fiquei 12 anos sem ter nenhum envolvimento e acho que existe vida além do sexo. Quando conheci minha esposa (até então só me relacionava com homens), tinha 43 anos e meu corpo já dava sinais do climatério. Depois dos 50, me senti estranha: minha cabeça queria sexo, mas meu corpo não respondia.

Com a menopausa, eu sinto desejo, em alguns períodos com mais (muita) intensidade, em outros a libido dá uma baixada. Mesmo assim, o mais interessante é que tudo ficou melhor: fiquei muito mais aberta e muito mais propícia a fazer sexo sem medo de me expor e estou amando cada parte do meu corpo do jeito que está. Tenho uma vida sexual ativa e me sinto amada, desejada e envolvida.
Valéria Maria da Silva, 52 anos, empresária

Fonte:https://vogue.globo.com/semidade/noticia/2019/05/o-que-muda-no-sexo-depois-dos-50anos.html

Alba Noschese é o melhor exemplo do que é ser contemporânea em qualquer idade (Foto: Reprodução )

Alba Noschese é o melhor exemplo do que é ser contemporânea em qualquer idade (Foto: Reprodução 

Aceite: mulheres 50+ podem tudo sim

Especialista atesta que conquistas são mais possíveis quando normalizamos e assumimos que somos capazes de tudo, em qualquer idade

Dia desses, no @vivaacoroa, fiz um repost de uma novinha, a Sarah Brito. Era uma mensagem sobre normalizar conquistas, descobertas e amores depois dos 20 anos, para assim, tornar esses momentos mais próximos da realidade de todas e tirar a ideia de que essas vitórias são extraordinárias, para poucas. A repercussão foi ótima entre as mulheres 50+. E eu fiquei pensando qual o motivo e o risco de considerarmos conquistas 50+ tão extraordinárias?

Como não tenho resposta para tudo (ufa!) — e cada vez mais gosto dessa certeza e de ouvir para somar conhecimento, fui ouvir Ana Raia, especialista em desenvolvimento pessoal sobre o assunto. “Indiferente a idade, colocar metas no impossível ou no pedestal, é praticar a auto-sabotagem ainda no momento do desejo ou do sonho”, ela diz. Ou seja, considerar como uma proeza a realização de uma conquista na maturidade  pode ser roubada.

"Por isso é importante normalizar, trazer para perto, para o que é possível. Todas nós, em todas as idades, podemos e devemos nos reinventar, aprender, reaprender, conquistar. Contudo, existe essa ideia de que temos prazo de validade e etário para tudo", diz Ana. “É preciso se libertar de mais essa crença, de mais esse modelo mental, de mais essa carapuça. Esse é o primeiro passo.

O segundo é entender que no caminho existirão várias pequenas vitórias, que devem ser celebradas, e derrotas que devem ser compreendidas. O caminho até a realização é de imensa importância. E digo mais: pode até ser mais interessante que o objetivo final ou, então, mudar, transformar esse objetivo”, completa  Ana Raia. E eu reitero normalizar é completamente diferente de minimizar, que fique claro.

Raia diz que “todas nós merecemos e podemos ter abundância, descobertas e realização, aos 20 ou aos 80 anos”. Sonhar e trilhar o caminho para o sonho é Sem Idade mesmo. Contudo, a cada vez que uma conquista ou realização 50 + é exaltada como um grandíssimo feito, vem junto a ideia do “UAU" que pode amedrontar ao invés de inspirar.

Eu me lembro quando nós, 50 +, começamos a ter sucesso profissional. Lembro dos ares espetaculares que dávamos às primeiras empreendedoras e executivas. Era algo para se admirar, para inspirar, mas veja, era para poucas. Também me recordo dos primeiros casamentos entre amigos com 40+, eram tão raros, dos primeiros amigos e amigas homoafetivos, das primeiras amigas que decidiram ser mães entre 40 e mais de 50 anos, das primeiras mães de amigas que se reuniam e viajavam o mundo sozinhas.

Veja só: senhoras 50+ sozinhas pelo mundo. Era algo fascinante e corajoso, transgressor. Tudo isso era inspirador, considerado UAU até que foi se normalizando (e os feitos nunca minimizados) e ficaram mais próximo da realidade e das possibilidades. E acho que essa é a ideia: normalizar para não só inspirar como motivar a realização de tudo na idade que for.

Eu, por exemplo, sempre olhava para mulheres superpoderosas que tinham se reinventado profissionalmente depois dos 50. Quando fazia a relação com a minha realidade, me sentia muito distante de algo parecido. Então, comecei a olhar mais ao redor, a ampliar meu círculo de relacionametos até entender que era possível para mim também. Deu no Viva A Coroa, uma nova ideia, um novo projeto profissional.

No Viva A Coroa eu tento cada vez mais mostrar que todas podemos tudo. Às vezes uso exemplos espetaculares, como Maye Musk, que virou modelo e autora depois dos 60 anos, Jane Fonda, que descobriu um novo propósito aos 80+. São mulheres e enredos importantes como representatividade, é claro. Mas, mais uma vez, são distantes.
Vamos aproximar? Olhar ao redor, dividir histórias e conquistas para normalizar a felicidade e conquistas 50 +?

Deixo aqui o meu convite: conte a sua história e inspire mulheres como você, admiráveis e vida como ela é. Assim podemos multiplicar realizações de sonhos. Para encerrar, trago Ana Raia mais uma vez: “Você não tem a menor obrigação de ser quem você era. Mas tem que ter o compromisso de viver como você é, agora, no presente”. Topa?

Fonte:https://vogue.globo.com/semidade/Viva-a-Coroa/noticia/2020/07/aceite-mulheres-50-podem-tudo-sim.html


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