OCITOCINA: DE HORMÔNIO DO AMOR A POTENCIALIZADOR DO ORGASMO

 

Duas mãos se tocando (Foto: Getty Images)

Duas mãos se tocando (Foto: Getty Images)


Ocitocina: de hormônio do amor a potencializador do orgasmo


Produzida em nosso cérebro, a partir de alguns estímulos e liberada na corrente sanguínea, a ocitocina afeta nossos comportamentos emocionais e sociais


É provável que você já tenha escutado falar do “hormônio do amor” ou de uma poderosa substância que nosso corpo produz após, por exemplo,  abraçarmos longamente alguém. Ocitocina é seu nome. E, de fato, trata-se de um neurotransmissor que tem a oferecer o melhor dos mundos: a sensação acolhedora de que você não está sozinho.

A mágica acontece pois muitas das funções do hormônio estão ligadas ao bem-estar. Então, uma vez ativada, espere a melhora do humor, o acender do prazer e até mesmo o fortalecimento de vínculos afetivos – que acontece, veja só, com a amamentação e no momento do parto.

A ocitocina é produzida em nosso cérebro, na hipófise – glândula situada na parte inferior do órgão – a partir de alguns estímulos e, em seguida, liberada na corrente sanguínea afetando comportamentos emocionais e sociais. Seria como se estivéssemos mais suscetíveis a confiar nas outras pessoas e também sermos mais cordiais em nossos encontros. Inclusive, nos sexuais.

“A ocitocina tem um importante papel na excitação sexual e estímulos dessa origem provocam a liberação desse hormônio em áreas cerebrais envolvidas com a resposta sexual”, afirma Karine Schlüter, ginecologista do Ambulatório de Gênero e Sexualidades (AmbGen) do Hospital de Clínicas da Unicamp. Segundo a médica, a ocitocina tem como uma de suas funções “aumentar o fluxo sanguíneo genital no período de excitação”.
Vale destacar que a intensidade do orgasmo também está relacionado ao hormônio. Em um experimento feito pela Hannover Medical School, em 2014, na Alemanha, 29 casais que estavam juntos há mais de um ano receberam um spray nasal de ocitocina ou um placebo. A orientação foi de que usassem antes de transarem. Ao fim do estudo, concluíram que aqueles que receberam o hormônio tiveram uma experiência diferente dos demais, melhor, com orgasmos mais intensos e sensação de satisfação ampliada após o sexo. Entre as mulheres, houve a percepção de que o spray permitiu que se sentissem mais à vontade para expressar seus desejos durante o ato e que se sentissem mais empáticas com seus parceiros.

Karine explica que a ocitocina facilita a liberação da dopamina, neurotransmissor que desperta o estado de deleite. “A ocitocina não age sozinha na resposta sexual e interage com uma série de outros neurotransmissores, principalmente com a dopamina. As sensações não são causadas pela ocitocina, mas pelo ‘conjunto da obra’.” A dopamina, por sua vez, aumenta a nossa atenção aos estímulos corporais.

Há também a tese de que um laço de afeto potencializa a liberação do hormônio. Nessa direção, em outro estudo, pesquisadores da Yale University (EUA) e Bar-Ilan University (Israel) foram a fundo na correlação entre ocitocina e relacionamentos ao comparar a quantidade do hormônio em 60 novos casais monogâmicos nos primeiros três meses e em pessoas sem um vínculo estável e perceberam um aumento significativo de atividade no sistema produtor da ocitocina dos pares.

A depender da quantidade que é liberada em nosso organismo, a sensação é de tranquilidade e relaxamento, justamente por esse motivo ela é vista como auxiliadora no tratamento da depressão, além de diminuir níveis de estresse. Quando uma pessoa próxima pergunta se precisamos de um abraço quando estamos mal por qualquer razão, isso tem um fundo científico comprobatório.

Quando foi descoberta, em 1906, foi a partir de sua atribuição durante a gestação, especialmente no estágio final. Pois é a ocitocina responsável pela contração do útero, que promove a dilatação e a descida do bebê. A sua produção também ajuda a mulher a relaxar durante o parto e durante a amamentação, momento em que age como neurotransmissor (ou mensageiro), auxilia na liberação do leite a partir dos estímulos sensoriais do contato com o filho. Assim, provoca “a contração da musculatura em volta dos ductos lactíferos provocando a ejeção do leite”, conta Karine. Por isso mesmo é conhecida como “hormônio do amor” em uma perspectiva mais ampla, muito além de um intensificador do prazer.

Fonte:https://revistamarieclaire.globo.com/Sexo/noticia/2021/09/ocitocina-de-hormonio-do-amor-potencializador-do-orgasmo.html


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