PEDOFILIA É DOENÇA? ENTENDA COMO A CULTURA DA PEDOFILIA ESTÁ PRESENTE NA SOCIEDADE (VÍDEO)

 Pedofilia é doença? Entenda a estratégia do ativismo pedófilo por trás dessa mentira teórica

A pedofilia é tratada como uma "doença" tanto pelo Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM), como pela Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados (CID). O que poucos percebem, no entanto, é que tais classificações não representam qualquer consenso, muito menos uma verdade absoluta sobre o tema na comunidade científica.

 

A concepção de doença mental ou transtorno é mais uma necessidade de classificação do que um dado explicativo.

 
Quando falamos de doença mental a divergência começa pelo termo "mental".

 
O que é a mente? Como é possível definir o conceito de "doença" acerca de algo que não compreendemos plenamente?

 
Cérebro é uma coisa. Este é um dado objetivo. A mente é outra coisa. Ela é um conceito e, portanto, um dado subjetivo.

 
O que temos, na prática, em relação ao conhecimento psicológico e psiquiátrico, são classificações que visam nortear o trabalho de quem lida com o comportamento humano, mas não últimas verdades acerca do que é ou não uma doença - da mente -, de fato.

 
Desde 1904, quando o psiquiatra alemão Emil Kraepelin desenvolveu o primeiro sistema diagnóstico dos transtornos psiquiátricos que viria até hoje ser o principal fundamento da DSM, pouco evoluímos na compreensão das verdadeiras causas das assim chamadas "doenças mentais". Aevolução se deu muito mais no controle dos sintomas, proporcionado pelo avanço tecnológico que permitiu entender melhor os mecanismos fisiológicos, por exemplo, da ansiedade (antiga neurose), depressão (melancolia) e vários outros quadros do comportamento e emoções humanas, ampliados pela endocrinologia e neurologia.

 
Entretanto, apesar do esforço em tentar enquadrar a complexidade do comportamento/mente humano sob a lógica do modelo biomédico de saúde, ainda não podemos dizer com certeza que sabemos a causa, por exemplo, da esquizofrenia, da psicose ou depressão.

 
Caso o leitor não esteja familiarizado com o assunto, talvez fique confuso nesse momento. "Não descobrimos a causa dessas e outras doenças mentais?", pode se perguntar. Resposta: ainda estamos tentando chegar em um consenso sobre o que é "mental" (risos).

 
Não podemos confundir tratamento de sintomas com o conhecimento da doença. A psiquiatria moderna é capaz de tratar muitos sintomas, e controlá-los, mas pouco sabe sobre às causas das "doenças mentais". Temos muitas teorias e especulações, mas poucas conclusões.

 
É por essa razão que geralmente costumamos dizer que a causa do transtorno "A", "B" ou "C" é "multifatorial", ou causado por fatores "genéticos, circunstanciais e ambientais". Essa é muito mais uma fórmula de explicação diagnóstica para quase tudo o que não compreendemos plenamente no campo da saúde mental e do comportamento humano, do que a definição de uma doença, de fato.

 
Thomas S. Szasz, psiquiatra húngaro ex-professor da Universidade de Nova York, em "Ideologia e Doença Mental" (1977) faz diferença entre doença cerebral e mental, afirmando que é um problema "epistemológico" confundir a relação entre o que é "mental" com o "físico", mas também com o que é moral e ético. Com base nisso ele questiona:

 
"Qual é a norma da qual o desvio é considerado uma doença mental? Essa questão não pode ser respondida facilmente, mas qualquer que seja a norma, podemos estar certos de uma coisa: esta deve ser estabelecida em termos de conceitos psicossociais, éticos e legais.".

 
Em outras palavras, Szasz, para quem "doenças mentais não existem" e que tal conceito não passa de um "mito", está afirmando que há questões típicas do comportamento e da própria índole humana que devem ser tratadas como problemas de ordem moral, ética, existencial. Diferentemente de um desvio orgânico que pode ser observado, por exemplo, em uma sífilis cerebral, o "desvio de comportamento" pode ser muito bem entendido sob a perspectiva da moralidade.

 
"Sugiro que a ideia de doença mental esteja agora sendo trabalhada para obscurecer certas dificuldades que no presente possam ser inerentes - não que sejam irremovíveis - às relações sociais das pessoas. Se isso é verdade, o conceito funciona como um disfarce: em vez de chamar atenção para necessidades, aspirações e valores humanos conflitantes, o conceito de doença mental produz uma 'coisa' moral e impessoal - uma 'doença' - como uma explicação para problemas existenciais.", diz o autor.

 
Com base nisso, ele afirma que o "mito" da doença mental está sendo criado para explicar e mascarar problemas da mesma forma que alguns utilizaram a religião no passado:

 
"A crença na doença mental, como algo diferente do problema do homem em conviver com seus semelhantes, é a própria herdeira da crença em demônios e feitiçaria. Assim, a doença mental existe ou é 'real' exatamente no mesmo sentido no qual as feiticeiras existiam ou eram 'reais'."


Autores modernos dão suporte ao conceito de Thomas Szasz

 
Na sua época, Szasz não foi o único autor à questionar o excesso de classificação diagnóstica promovido pela psiquiatria, sendo em grande parte influenciada pelos interesses comerciais da indústria farmacêutica (como é até hoje).

 
Atualmente não é diferente. Donnie Burstow, psicoterapeuta e professora da Universidade de Toronto, no Canadá, conhecida por seu pensamento "antipsiquiátrico", também vai na mesma linha de raciocínio:

 
"Eu acredito que as pessoas têm ansiedade? Acredito que as pessoas têm compulsões? Claro. Mas acredito que esses sentimentos são normais do ser humano na forma de experienciar a realidade. (...) A psiquiatria entende coisas como biológicas quando elas não o são. Quando dizemos 'saúde mental', isso significa que os problemas das pessoas têm relação com doenças", disse ela em uma matéria da BBC Brasil em junho desse ano.

 
A renomada terapeuta familiar Merillyn Wedge, comentando sobre a incidência de diagnósticos do "Transtorno de Atenção e Hiperatividade" (TDAH) nos Estados Unidos e na França, revelou em um artigo publicado no Psychology Today em 2012 como o que para muitos é uma "doença" pode ser, na verdade, apenas fruto de uma dinâmica social e, portanto, de ordem ética e moral:

 
"...faz todo o sentido para mim que as crianças francesas não precisem de medicamentos para controlar o seu comportamento, porque aprendem o auto-controle no início de suas vidas. As crianças crescem em famílias em que as regras são bem compreendidas, e a hierarquia familiar é clara e firme. Em famílias francesas, como descreve Druckerman, os pais estão firmemente no comando de seus filhos, enquanto que no estilo de família americana, a situação é muitas vezes o inverso", disse ela.

 
Pedofilia e a tentativa moderna de diferenciar e classificar o estupro de crianças como uma "doença"

 
Como acabamos de observar (resumidamente), nem mesmo temas já considerados consolidados na área psiquiátrica possuem consenso quanto ao conceito de "doença mental" ou "transtorno de comportamento". Grande parte desses diagnósticos, especialmente sobre os que dizem tratar os "transtornos de humor" são, na verdade, meios de lidar com conflitos de ordem social, existencial ou mesmo cultural.

 
A cultura produz conflitos diversos ao ser humano, afetando sua vida biopsicossocialmente. Entender o contexto onde esse indivíduo vive sua realidade é muito mais urgente do que controlar os sintomas classificados como "doenças mentais", muito embora a definição dos sintomas seja algo necessário.

 
A pedofilia não é diferente disso. Se trata de um comportamento sexual e, portanto, está sob a esfera da ética, da moral e das normas sociais de julgamento, por essa razão é considerada um crime.

 
A tentativa de diferenciar o que é "pedofilia" e "pedofilia-doença", ou "preferência sexual pré-púbere" ou "abuso sexual infantil" é nada mais do que uma forma de fazer com que isso deixe de ser crime, e também imoralidade, para tornar aceitável o estupro de crianças e adolescentes, primeiramente moral e depois físico.

 
Grande parte dos argumentos postos hoje pela mídia são frutos de um artigo publicado em 2015, por Tillmann H.C. Kruger, professor de psiquiatria da Escola de Medicina de Hannover, na Alemanha, onde ele e seus colaboradores fizeram uma série de cogitações, com base em outros estudos, sobre as possíveis causas da pedofilia, conceituando ali suas supostas diferenças.

 
O artigo trata esse comportamento como uma "preferência sexual" como qualquer outra:

 
"No novo DSM-5 a pedofilia é des-patologizada pela diferenciação entre a preferência sexual para crianças pré-púberes (ou seja, pedofilia) e a desordem em caso de fatores adicionais. Esses fatores incluem o sofrimento e comprometimento significativo por fantasias e impulsos, ou a atuação em nível comportamental, incluindo o consumo de pornografia infantil e/ou cometer delitos práticos", diz um trecho.

 
Em outras palavras, quando o pedófilo não comete abuso sexual e não se sente angustiado por não poder realizar seu desejo, por exemplo, através de pornografia infantil, ele - não é considerado doente -, mas sim alguém que possui apenas uma - "preferência sexual para crianças". Desse modo, os autores diferenciam o "abusador" do "pedófilo", numa clara intenção de tratar como "doente" o abusador e não o pedófilo, de fato.

 
O "X" da questão para o leitor entender esse jogo de conceitos (proposital) está na possibilidade da relação - consensual - da criança com o pedófilo. Isto é, se a criança desejar o relacionamento, então o "sexo" (estupro) não é considerado abuso e o pedófilo poderá satisfazer seu desejo. Esse é o motivo pelo qual militantes da ideologia de gênero e outras vertentes majoritariamente de "esquerda" que pregam o relativismo moral e a completa dissociação entre sexo biológico e identidade de gênero, defendem a "autonomia sexual da criança".

 
Obviamente, dado à evidente imaturidade emocional, psicológica e física da criança, é um erro brutal afirmar que poderá haver "consenso". No máximo, uma relação manipulada pelo abusador que faz do frágil entendimento infantil, carente de aprendizado, um meio de fazer a criança pensar que está realizando sua própria vontade quando, na verdade, está servindo de cobaia nas mãos do(a) estuprador(a).

 
A intenção desse ativismo é preparar o terreno para o momento em que a pedofilia começar a deixar de ser vista como uma "doença", para ser encarada como uma "orientação sexual".

 
Historicamente, o ativismo pedófilo pretende seguir o mesmo caminho que seguiu o ativismo LGBT, motivo pelo qual muitos movimentos homossexuais procuraram se dissociar do ativismo pedófilo a partir da década de 90.

 
Resumidamente, portanto, essa é a estratégia do ativismo pedófilo em ordem de etapas:

 
01 - Fazer diferença entre pedofilia e abuso sexual

 
Nessa fase a intenção é mostrar que o abuso sexual infantil é cometido por qualquer pessoa, enquanto que o pedófilo é alguém que possui atração sexual exclusiva por crianças. A ideia implícita é semear a - futura - noção de "orientação sexual" e até mesmo de "identidade de gênero" (adultos afirmando que se identificam como crianças), fazendo a sociedade acreditar que se trata de algo imutável;

 
02 - Reconhecer a pedofilia como um transtorno sexual e, portanto, uma doença, promovendo ações de combate ao "preconceito"

 
Estamos nessa fase. A intenção é fazer com que a sociedade passe à enxergar o pedófilo como alguém digno de "pena" e compreensão, uma vez que estaria "doente" e impossibilitado de mudar sua condição, visto não ter "cura".

 
03 - Promover debates nas Universidades, escolas e na grande mídia sobre o fato de ser ou não a pedofilia uma doença ou uma orientação sexual, variante "natural" da sexualidade humana

 
Esta é a fase de "acomodação" social para que se torne aceitável a prática sexual entre adultos e crianças. A sociedade em geral já estará manipulada e os contraditórios reprimidos pelo "politicamente correto". É nessa fase que surgirão os primeiros casos "polêmicos" patrocinados pela grande mídia, com o intuito de lançar possibilidades e dúvidas no consciente coletivo;

 
04 - A exclusão da pedofilia das classificações diagnósticas psiquiátricas e psicológicas.

 
Esta é a última fase, quando a sociedade já foi "acomodada", o conhecimento científico prostituído e o "politicamente correto" transformado em lei, tanto na forma de regulamentação e resoluções nos Conselhos Profissionais médicos e psicológicos, como possivelmente na legislação civil, quando o cidadão poderá até sofrer punições por discordar das medidas.

 

O grupo Globo e a promoção da pedofilia em matéria que compara abuso infantil com diabetes e dependência química.

 

 
Apesar de não haver qualquer estudo que - prove - ser a pedofilia causada por fatores neurológicos, genéticos, acidentes (alguns dizem que até lesões no cérebro provocadas por pancadas na cabeça influenciam), por déficit cognitivo (outros dizem que ter um "baixo QI" pode ser uma influência) ou circunstâncias comuns de qualquer natureza, a Globonews fez uma matéria, publicada no portal G1, onde tratou a pedofilia como uma doença.

 
Em tom dramático, a manchete diz: "Pedófilo relata drama: 'Doença tem que ser tratada como se tratam as drogas'", colocando o potencial estuprador de crianças como alguém vivenciando um conflito digno de pena. Logo no início da matéria está escrito:

 
"A pedofilia é uma doença crônica, que não tem cura. Os médicos fazem uma comparação com a diabetes e o alcoolismo, que exigem cuidado redobrado e tratamento por muito tempo, ou talvez por toda a vida. Nesse sentido, a internet surgiu como um complicador, tanto para os pacientes quanto para os profissionais que fazem esse acompanhamento."

 

 
Pelos motivos já resumidos acima, tanto os supostos "médicos" (que não foram citados na matéria) como o jornalismo tendencioso da Globo estão - errados - cientificamente. Ao comparar diabéticos com usuários de drogas a matéria faz uma especulação grotesca baseada em dados "fantasmas", visto que não há provas biológicas para o surgimento da pedofilia, algo bem diferente das patologias citadas.

 

Por fim, o que é a pedofilia e como deve ser tratada?

 
A pedofilia é um ato imoral e cruel contra crianças configurado pelo assédio e abuso sexual psicológico e físico. A ideia de "preferência sexual" ou "orientação sexual" é uma - invenção clínica para classificar um tipo de - crime - que é de caráter moral contra a ordem social estabelecida pela sociedade.

 
Os motivos pelos quais uma pessoa pode se tornar pedófila são vários, mas nenhum deles é consequência de fatores biológicos ou alheios à vontade do sujeito, sua consciência sobre seus atos e desejos. Abusos sexuais sofridos na infância podem estar relacionados, mas até isso não justifica e não é suficiente para caracterizar a repetição do abuso na fase adulta como uma "doença", mas sim, no máximo, como uma consequência de um aprendizado e traumas infelizes.

 
Por essa razão, sendo um componente de conotação comportamental, social e moral, onde o sujeito não é "vítima" de uma condição patológica, mas sim plenamente responsável por suas atitudes e desejos, o tratamento da pedofilia - não existe - na ordem médica, farmacológica. Por isso também dizem não haver "cura" ou ser de difícil "tratamento". Fármacos podem interferir na compulsão, "controlando" em parte as emoções decorrentes do quadro psicológico, mas não nos motivos delas existirem.

 
A pedofilia então pode ser "tratada" no campo psicológico mediante psicoterapia, por psicólogos, enquanto o sujeito que se identifica como tal não chega a cometer abusos sexuais. Nesse caso, a psicoterapia visa auxiliar o indivíduo na compreensão desses desejos, para que ele possa ter a possibilidade de ressignificar suas preferências e identificar o motivo de ter desenvolvido esse comportamento. Se trata, portanto, de um processo terapêutico como qualquer outro, porém, focado nesse tipo de demanda.

 
Se o indivíduo comete o abuso sexual, psicológico ou sexual, a pedofilia deve ser tratada como crime e o pedófilo criminoso preso em cadeia comum. Qualquer coisa além disso é especulação teórica.

 

 
Will R. Filho
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Opinião Crítica

 

Fonte:https://www.icatolica.com/2019/01/pedofilia-e-doenca-entenda-estrategia.html


Entenda como a cultura da pedofilia está presente na sociedade

Psicóloga, cientista social e comunicóloga explicam como a cultura da pedofilia está nos detalhes, ora implícitos, ora explícitos

 “Sempre me coloquei numas relações meio abusivas e, quando eu tinha 14 pra 15 anos, conheci uma pessoa. Eu tinha medo dele. Ele era autoritário comigo, falava de forma autoritária. Não sei, eu era diferente quando era adolescente, não era do jeito que sou hoje em dia. Ele estava muito nervoso, muito estressado, e eu estava com bastante medo das reações dele quando ele estava estressado. Acabei perguntando se ele queria ir pra um lugar só nós dois. Rapidamente o estresse dele parou e ele perguntou se eu tinha certeza. Falei que sim. Mas hoje tenho plena certeza que eu falei sim porque eu estava morrendo de medo do estresse dele.”

Esse relato da cantora e empresária Anitta no documentário “Anitta Made in Honório”, lançado na Netflix em dezembro, revela estupro que ela sofreu aos 14 anos. A recordação de Anitta é um exemplo de como a cultura da violência contra as mulheres se revelam desde cedo.



A pedofilia é uma doença classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde os anos 1960. Segundo o Código Penal brasileiro, é crime abusar sexualmente de menores de 14 anos e consumir e distribuir pornografia infantil. Abusar sexualmente de uma criança é abominável, um crime indefensável. Mas será que a pedofilia é algo tão inaceitável assim pela sociedade? Nesta terceira reportagem da série Violências do canal #PRAENTENDER, do Estado de Minas, consultamos especialistas para entender como a cultura da pedofilia está muito presente em nosso cotidiano.

 

Disque 100, serviço do Governo Federal que recebe denúncias contra violação dos direitos humanos, recebeu em 2019 mais de 17 mil notificações de violência contra crianças e adolescentes. Entre as denúncias, 82% das vítimas eram do sexo feminino e 87% dos abusadores eram homens. A maioria dos casos (52%) ocorreu dentro de casa. Mas, assim como ocorre com outros crimes, muitos nem chegam a ser denunciados.

"Enxergo a pedofilia como a raiz da exploração feminina. Então nós temos que proteger as crianças para proteger as mulheres. Se você não protege as crianças, as mulheres do futuro não serão protegidas"

Ruana Castro, integrante do coletivo antipedofilia Sangra Coletiva

O que diz a lei

A pedofilia em si não é crime, pois é um quadro de psicopatologia, com critérios diagnósticos, e o indivíduo pode nunca chegar a cometer nenhum crime por controlar seus impulsos sexuais. Por crimes ou violências sexuais contra crianças e adolescentes compreende-se o abuso sexual, estupro, exploração sexual, exploração sexual no turismo, assédio sexual pela internet e pornografia infantil.

“Enxergo a pedofilia como a raiz da exploração feminina. Então nós temos que proteger as crianças para proteger as mulheres. Se você não protege as crianças, as mulheres do futuro não serão protegidas. As crianças, principalmente as meninas que são as maiores vítimas de exploração sexual, sofrem uma série de abusos que vão levá-las a normatizar as violências, das físicas às sexuais. Elas são socializadas nessas violências. Aprendem por meio da educação”, diz a integrante do coletivo feminista antipedofilia Sangra Coletiva, Ruana Castro. Ou seja, a cultura da peodiflia é a aceitação e até exaltação do abuso e da erotização de crianças.

A gente cresce com a ideia de que o pedófilo é um doente que se esconde em um terreno baldio e que ataca crianças. Mas, as estatísticas sobre estupro e violência dizem o contrário: os abusos ocorrem em casa. Será que são tantos homens doentes que se escondem em um terreno baldio ou será que é algo permitido e exaltado socialmente?”, questiona a comunicóloga Clara Fagundes.

Infância negada pela imagem

“As meninas amadurecem mais rápido”. Será que amadurecem mesmo? Ou elas são expostas ao suposto amadurecimento? É cada vez mais comum se deparar com crianças se portando precocemente como adolescentes. Esse é o processo que os especialistas nomeiam como “adultização” da criança. A atriz Millie Bobby Brown, conhecida pelo papel de Eleven na série Stranger Things, da Netflix, exemplifica esse processo.

Desde os 14 anos, a jovem passou a usar cabelos compridos, maquiagem carregada, além de alguns looks com salto alto. A discussão, que já existia, foi intensificada quando a revista W Magazine colocou na capa o nome da atriz abaixo da chamada: “Por que a TV está mais sexy que nunca”. Isso não é culpa da atriz. Inclusive, isso é algo que ocorre com mais frequência do que reparamos. Foi assim com Britney Spears, Emma Watson e com Larissa Manoela.

Garotas estão expostas ao padrão de beleza desde muito novas. Pesquisa feita pela organização australiana Pretty Foundation revelou que 38% das meninas de 4 anos não estão satisfeitas com seus corpos. E 34% de garotas de 5 anos pretendem fazer dieta. Os concursos de beleza já levantam diversas problemáticas ao avaliar o corpo como seu maior requisito para as mulheres, mas a questão se torna ainda mais preocupante quando envolve crianças. Os concursos de beleza infantis tiveram início na década de 1960 nos Estados Unidos. Mas, até o ano passado, havia concursos infantis ocorrendo no Brasil.

E essa adultização não vem apenas na forma de se portar. Mas, na forma em que desde cedo as crianças enxergam como as mulheres são representadas pela indústria dos brinquedos. A Bratz é uma boneca muito famosa no mundo e exemplifica bem a boneca “sexy”. Ela se veste com roupas curtas, meia arrastão e maquiagem carregada.

 

Em protesto contra a sexualização excessiva que alguns brinquedos propõem, a artista australiana Sonia Singh decidiu remover toda a maquiagem presente em bonecas Bratz de segunda mão e mostrou a feição natural que elas têm. O projeto, chamado Tree Change Dolls, troca a aparência “sexy beleza padrão” que essas bonecas buscam ter por algo mais realista, que faça parte do dia a dia da criança.

Diferença entre gêneros

A lógica com as mulheres adultas ocorre ao contrário. Quando o assunto é idade, há formas comuns e sutis de forçar uma jovialidade feminina e, consequentemente, penalizar o envelhecimento, que é algo natural. A indústria vende que ser bela é ser uma mulher sem pelos, bochechas rosadas, pele lisa como a de um bebê. “A cultura da peodifilia propaga o terror do envelhecimento feminino.

A mulher mais velha é uma bruxa, ela tem que ser voltada para rejuvenescimento”, diz a comunicóloga Clara Faguntes. Os exemplos vão desde a bruxa de Encantada até a da Branca de Neve, que fica com inveja da mulher mais jovem e mais bonita.

 

“A estética hoje é uma estética pedófila. O corpo das mulheres tem que ser um corpo infantil, sem pelos, um corpo que vai ser maquiado como corpo infantil. Irão ter um comportamento infantilizado, com roupas curtas, apertadas, justas. E as crianças serão vítimas dessa pedofilia justamente porque toda a sexualidade masculina é voltada para gostar de crianças e mulheres infantilizadas. Não é gostar de uma mulher adulta”, diz Ruana Castro, da Sangra Coletiva.

Ou seja, a mulher considerada “sexy” é a uma mulher inofensiva, jovem e até infantil. Muitas vezes essa mulher aparece usando roupas infantis como, por exemplo, roupas de colegial. Juliana Caetano tem 22 anos, vocalista do Bonde do Forró, chama a atenção nas redes sociais devido a hipersexualização e os trajes infantis. E, mais uma vez, a culpa não é da mulher. Mas, da forma em que a sociedade enxerga a figura feminina.

Romantização dentro da cultura pop

“Ele não é o pedofilo que se esconde no terreno baldio, mas acha extremamente normal um homem de 40 anos com uma menina de 17”, questiona Clara Fagundes. Essa é uma representação muito comum dos filmes mais famosos de Hollywood às novelas brasileiras. E todos esses homens, apesar de mais velhos, são representados como galã. “E, na grande parte das vezes, para não ficar tão descarado, é a mulher que se interessa. É a mulher que seduz e o homem não consegue se controlar”, analisa Clara.


Personagens a animação Sailor Moon: infantilização e erotização de mulheres é recorrente em desenhos japoneses

Os animes e mangás são os grandes representantes da cultura pop japonesa no Brasil. É muito comum que mulheres em cenas de ação permaneçam focadas na estética, com salto alto, roupas justas e decotadas, cabelos bem arrumados, acessórios e maquiagem. Ver uma criança adultizada ou uma mulher exageradamente “sensual”, ou seja, objetificada, pode mudar o jeito de enxergar a mulher em sociedade.

Não por acaso “teen” e “hentai” são algumas das buscas mais procuradas nos sites de pornografia. “Essas são as grandes pesquisas no mundo. Mas também temos busca de ninfeta, novinha, quase ilegal, chave de cadeia. São várias pesquisas que demonstram esse desejo pela mulher que não é mulher ainda”, afirma Clara.

"A gente cresce com a ideia de que o pedófilo é um doente que se esconde em um terreno baldio e que ataca crianças. Mas as estatísticas dizem o contrário: os abusos ocorrem em casa"

Clara Fagundes, comunicóloga

Da ficção para a realidade, no Japão esse desejo pode ser explorado em “Maid Cafes”, onde as funcionárias vestem-se com uniformes de empregada, muitas vezes vestidas de colegial, e tratam seus clientes como “mestres” de uma mansão. Foi apenas em 2014 que o governo do Japão decretou uma lei que proíbe e penaliza a posse de fotos e vídeos abusivos de menores.

Para denunciar

Ligue 100 - em casos de violência contra crianças, adolescentes ou vulneráveis.

Ligue 180 - para os demais casos
Ligue 190 - para urgência

Fonte:https://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2020/12/01/interna_nacional,1216314/video-entenda-como-a-cultura-da-pedofilia-esta-presente-na-sociedade.shtml


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