TRÊS É DEMAIS?! ELA FEZ PARTE DE UM TRISAL E DIVIDE NAS REDES SOCIAIS OS BENEFÍCIOS DE UMA RELAÇÃO À TRÊS
Me chamo Sanny Rodrigues e faço parte de um trisal. Quando falo que tenho um marido e uma mulher, muita gente acha que a nossa vida é uma "putaria" e há quem também tenha curiosidade para entender como a nossa dinâmica funciona.
Conheci o Diego na época do Orkut, quando tinha 13 anos. Me interessei por ele e logo ficamos pela primeira vez. Depois, chegamos a ter outros relacionamentos até que voltamos a estudar na mesma escola e viramos namorados.
Era aquele namoro de adolescente. Cheio de idas e vindas, mas estávamos querendo ser mais independentes. Ele estava com alguns problemas de convivência em casa e então surgiu a ideia de a gente oficializar nossa união.
Ele estava com 18 anos e eu 16 anos. Muita gente da família não aceitava a ideia, mas meu pai me emancipou e nós conseguimos nos casar legalmente. Começamos a morar juntos em um quarto no fundo da casa da avó dele. Ele já trabalhava e eu arranjei emprego em um shopping. Nós juntamos dinheiro e um ano depois alugamos o nosso espaço.
Nossa relação sempre foi muita tranquila e com muito amor, amizade e parceira. Depois que assistimos um filme que mostrava uma relação à três, ficamos bem curiosos sobre como seria. Sempre fui bissexual e o Diego já sabia disso, mas não costumava falar abertamente sobre o assunto.
Um tempo depois, acabamos ficando com uma amiga próxima em uma festa em que estávamos e aí começamos a amadurecer essa ideia. Ficamos só nos beijos, mas gostamos a ponto de querer repetir a experiência.
Ficamos mais e mais curiosos sobre o sexo a três, lemos sobre o assunto e pesquisamos na internet a melhor forma de fazer isso, pois não queríamos fazer com alguém conhecido, por exemplo. Resolvemos ir a uma casa de swing para ver como funcionava, mas não era bem como esperávamos.
No fim, ficou claro que não queríamos trocar de casal, até porque não queria estar com outro homem que não fosse o Diego. Mas a visita serviu para que conhecêssemos uma garota de programa e assim tivéssemos o nosso primeiro ménage. A experiência foi incrível e me senti muito tranquila e confortável.
Queríamos fazer mais uma vez, mas tivemos que adiar os planos, pois após o sétimo ano de casamento, engravidei. Resolvemos que só íamos retomar depois que o nosso filho nascesse. O que ficou claro para nós é que não queríamos apenas sexo, mas sim uma terceira parceira —já que Diego é heterossexual e eu sou bi— que a gente pudesse se relacionar afetivamente.
Criamos um perfil no Tinder e começamos a pesquisar. Chegamos a dar match com várias meninas e íamos trocando informações sobre os perfis. Acabamos saindo com uma, mas vimos que ela só queria um ménage e que isso não daria certo. Logo depois conhecemos a Karina.
Ela logo sugeriu que criássemos um grupo no WhatsApp e pudéssemos trocar ideia os três juntos. Ela nunca tinha ficado com uma mulher antes e deixei bem claro que respeitaríamos os limites dela. Saímos para um bar e depois para um motel e as coisas rolaram naturalmente.
No fim, a nossa conexão foi muito rápida. Em um mês ela já estava morando lá em casa. Hoje, tem dois anos que estamos todos juntos! Nosso filho, que hoje tem quatro anos, chama ela de tia e sabe que ela é namorada do papai e da mamãe. Nosso desejo sempre foi que ele soubesse que o amor é válido em qualquer formato.
Não conhecíamos ninguém com um relacionamento parecido e até nossos amigos da comunidade LGBTQIA+ crucificaram a gente. A família nem se fala... A minha e a da Karina não aceitam até hoje. No início, ela disse que ia morar com uma amiga, mas depois que descobriram condenaram de todas as formas.
Há muitos mitos e desinformação. Eles acham que a nossa vida é uma putaria, que um dia vamos cansar da Karina e que ela será descartada. Fora a questão religiosa. Nossas famílias são cristas e eles acham que estamos “endemoniadas”.
Mas a verdade é que nos relacionamos igualmente, ou seja, tenho uma esposa e um marido. Vivemos um relacionamento fechado entre nós, não ficamos outras pessoas e claro que sentimos ciúmes das pessoas de fora. No começo tínhamos muitas inseguranças entre nós, mas a gente foi dialogando e fazendo terapia para resolver.
A ideia de criar a conta no Instagram — surgiu para matar as curiosidades dos amigos e também falar um pouco mais sobre a rotina de um trisal porque tem muitas dúvidas sobre esse arranjo. Chego a responder mais de 200 mensagens por dia!
Também percebemos que tem muita gente buscando uma 3ª pessoa para a relação, mas não sabem onde encontrar. Lançamos um quadro Tinder Trisal. Colocamos a foto, o contato da pessoa, de onde ela é e o que procura. Já juntamos mais de 10 casais por conta dos anúncios.
Para que um casal consiga colocar uma 3ª pessoa na relação, eles precisam estar com o relacionamento estável, senão a chance de dar errado é muito grande. É muito importante ter diálogo, conhecer os limites de cada um e ir adequando. Desde que formamos um trisal, nossa relação é muito melhor. Três cabeças pensando, trabalhando juntas, pensando na educação do nosso filho.
Incentivo muito os homens e mulheres que já tem curiosidade de testar outros formatos de relação. Se vocês acham que cabe dentro do relacionamento de vocês, não tenham medo e multipliquem esse amor. No futuro, depois da pandemia, já temos planos de aumentar nossa família.
Fonte:https://br.vida-estilo.yahoo.com/tres-e-demais-ela-fez-parte-de-um-trisal-e-divide-nas-redes-sociais-os-beneficios-de-uma-relacao-a-tres-100004868.html
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