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Atitude em relação à homossexualidade está mudando em vários países, o que pode abrir caminho para discussões mais abertas sobre sexo em geral
Qual é o futuro do sexo?
Por que fazemos sexo? Muitas respostas provavelmente vão mencionar a reprodução da espécie. O sexo é a principal forma de gerar um bebê.
Mas e se deixarmos de lado a questão da procriação?
Desde o nascimento do primeiro "bebê de proveta" do mundo em 1978, cerca de 8 milhões de pessoas nasceram de fertilização in vitro. E esse número pode aumentar muito no futuro, à medida que as ferramentas para identificar riscos genéticos em embriões se tornam mais sofisticadas.
"Minha previsão mais consolidada é que, no futuro, as pessoas ainda farão sexo – mas não tanto com o objetivo de gerar bebês", diz Henry T. Greely, autor do livro The End of Sex and the Future of Human Reproduction (O Fim do Sexo e o Futuro da Reprodução Humana, em tradução livre).
"Daqui a 20 a 40 anos, a maioria das pessoas com um bom plano de saúde no mundo todo escolherá engravidar em um laboratório."
O livro de Greely analisa alguns desafios legais e éticos em que a ciência do diagnóstico genético pré-implantacional (PGD, na sigla em inglês) esbarra.
"Como na maioria das coisas, haverá uma quantidade razoável de reações viscerais negativas inicialmente, mas com o passar do tempo, à medida que as crianças [nascidas via PGD] provarem não ter um rabo e duas cabeças", a população não apenas vai tolerar, como vai preferir se reproduzir não sexualmente.
E nesse mundo – em que os bebês são criados em laboratórios; em que apenas uma minoria de mulheres escolhe engravidar por relação sexual; em que a ética sexual não tem nada a ver com a possibilidade de procriação –– qual o significado do sexo?
"Para que serve o sexo”? Esta é uma pergunta que o pesquisador David Halperin faz em um artigo provocante de mesmo nome. O sexo, nós pensamos, deve sempre ter um propósito. E esse raciocínio não é necessariamente ruim.
Afinal de contas, ser humano significa ser intelectualmente e emocionalmente curioso. Fazer sexo e teorizar sobre o que isso pode significar é muito natural, uma vez que somos animais que passam grande parte do tempo analisando e criticando tudo.
Do ponto de vista biológico, há um motivo óbvio para o sexo entre seres humanos. Fazemos sexo porque isso satisfaz nossos impulsos biológicos, incluindo os impulsos necessários para procriar e se relacionar.
Na verdade, essas são as duas razões que a tradição ocidental nos ensina, ambas organizadas em torno de um propósito ou objetivo final.
Como escrevi em um artigo anterior, foram os estoicos que, na tentativa de coibir a autoindulgência, tentaram dar um significado ao sexo: ceder ao prazer sexual é legítimo desde que fosse com o objetivo de gerar bebês.
Esse princípio ético foi levado para a tradição cristã, notoriamente por meio de Santo Agostinho, e continua a exercer enorme influência no Ocidente. E parte da premissa de que o sexo é ético quando praticado primeiramente para a procriação.
(Para esclarecer, embora seja apresentada como uma ética cristã, sua origem está em outros lugares. Na verdade, o livro bíblico Cântico dos Cânticos de Salomão celebra o sexo apaixonado, erótico e selvagem em seus próprios termos, entre dois amantes – e não entre marido e mulher, como mais tarde os cristãos vieram a interpretar erroneamente o poema.)
E, segundo Halperin, a outra razão importante para o sexo provém de Aristóteles. Na obra Primeiros Analíticos do século 4 a.C., o filósofo grego apresenta o seguinte silogismo:
"Ser amado, então, é preferível à relação sexual, de acordo com a natureza do desejo erótico. O desejo erótico, então, é mais um desejo de amor do que de relações sexuais. Se é sobretudo por isso, esse também é o seu fim. Ou a relação sexual, então, não é absolutamente um fim ou é para o bem de ser amado."
Para Aristóteles, como explica Halperin, "o amor é o propósito do desejo erótico".
"Não é o amor que visa o sexo como objetivo, é o sexo que tem como objetivo o amor", completa.
A verdadeira razão pela qual fazemos sexo, de acordo com Aristóteles, não é porque queremos fazer sexo, mas porque queremos amar e ser amados. O sexo é sobre algo superior, algo mais nobre.
Como muitas pessoas, Aristóteles supõe que amor e sexo andam de mãos dadas – mas ele nunca procura demonstrar a solidez dessa suposição.
O que ele demonstra, no entanto, pelo menos na interpretação de Halperin, é que "o sexo não é o objetivo final do desejo erótico".
E se esse for o caso, Halperin acredita que a pergunta mais interessante a se fazer não é sobre a relação entre amor e sexo, mas a surpreendente relação entre sexo e desejo erótico.
Se Aristóteles está correto, o sexo não tem propósito erótico – seu verdadeiro objetivo está em outro lugar. Em resumo, não fazemos sexo por causa do sexo propriamente dito.
Por que fazemos sexo então? Para procriar, com certeza. Para se conectar com o outro, também. Mas essas são apenas duas de muitas respostas possíveis. Como muitos fenômenos culturais, o sexo ultrapassa seu porquê.
Pense na comida. Do ponto de vista da sobrevivência, faz sentido que a gente coma e que comamos juntos – afinal, era vantajoso para nossos ancestrais juntar seus recursos (mais para o grupo significa mais para mim).
Mas quando olhamos para a cultura gastronômica contemporânea – hambúrgueres folheados a ouro, perfis de comida no Instagram, canais de culinária, happy hours com colegas de trabalho, jantares comunitários promovidos por igrejas – fica cada vez mais difícil definir o objetivo exato do nosso relacionamento com a comida.
A diferença entre nós e muitos animais não racionais é que regularmente temos prazer em fazer coisas inúteis. E nós fazemos simplesmente porque gostamos, porque participar de tais atividades nos dá prazer – do tipo que nos distrai de qualquer pergunta sobre porquês.
É possível, escreve Halperin, que "o ato sexual faça sentido apenas quando não faz sentido".
Talvez seja hora de admitir que o prazer é a principal razão pela qual a maioria de nós – incluindo os mais religiosos – faz sexo.
Para ser honesto, há geralmente um sentido em fazer sexo, caso contrário estaríamos fazendo outra coisa. Mas, nas últimas décadas, desafiamos a ideia de que o sexo deveria ser feito apenas para fins específicos.
A pílula anticoncepcional foi revolucionária nesse aspecto, mas deixou uma parcela da sociedade assustada.
"Todo mundo sabe o que é a pílula. É um objeto pequeno – mas seu potencial efeito sobre a sociedade é muito mais devastador do que a bomba nuclear", escreveu a autora Pearl Buck em artigo publicado na revista Seleções (Readers Digest) de 1968.
Como, aliás, muitas ideias conservadoras, o argumento de Buck parece ser baseado na histeria de que a atividade sexual sem propósito significaria o fim da civilização. Para essas pessoas, a chamada revolução sexual é responsável pelas visões modernas liberais sobre sexo.
Embora a revolução sexual seja frequentemente usada como um bicho-papão para encerrar, em vez de contribuir para debates importantes, pesquisadores observaram mudanças radicais na forma que o sexo era visto pelas pessoas a partir dos anos 1960.
Em uma pesquisa de 2015, Jean M Twenge, professor de psicologia da Universidade Estadual de San Diego, nos EUA, analisou o comportamento de americanos em relação ao sexo entre as décadas de 1970 e 2010.
"Entre as décadas de 1970 e 2010, os americanos se tornaram mais receptivos ao sexo não conjugal”, concluiu ele.
Em sintonia com pesquisas anteriores que mostraram um declínio na orientação religiosa e um aumento nos traços individualistas, um número maior de americanos acredita que a sexualidade não precisa ser restringida por convenções sociais.
As novas gerações também estão agindo com base nessa crença – elas têm um número significativamente maior de parceiros sexuais e fazem mais sexo casual do que os nascidos no início do século 20.
Twenge ressalta que, dentro de uma população, os comportamentos ainda podem variar por diversos motivos (dependendo da idade, raça, sexo, crenças religiosas etc.), mas a pesquisa mostra que “ocorreram mudanças geracionais significativas na atitude e no comportamento sexual” ao longo do tempo.
Nossa visão sobre sexo é, portanto, em grande parte produto da nossa localização em determinado espaço e tempo. Nossa ética sexual não é atemporal: ela evoluiu, e vai continuar evoluindo. Talvez muito mais rápido do que estamos preparados.
O que é natural?
Como todo fenômeno humano, a atividade sexual veio de algum lugar. Chegamos às nossas práticas, comportamentos e éticas sexuais por meio de uma longa e tortuosa jornada desde os animais que nos precederam – uma jornada que remonta ao início da vida no universo.
Mas, mesmo se nos concentrarmos em nossa espécie, vamos encontrar muitas evidências de que alguns conceitos tradicionais sobre sexo são menos naturais do que pensávamos.
Uma vez, ouvi um pastor evangélico americano condenar a homossexualidade, o que para a congregação dele parecia uma piada engraçada.
"Eu não deveria ter que lembrar a vocês que dois homens não deveriam ficar juntos. Até os animais do curral sabem disso!”
O que o pastor estava argumentando era que a homossexualidade não é natural – e que, por isso, os animais não a praticavam.
O que ele não sabe, no entanto, é que o comportamento homossexual é bastante comum no reino animal. O macaco-japonês, a mosca-das-frutas, o besouro-castanho, o albatroz-de-laysan, o golfinho-nariz-de-garrafa – são apenas algumas das mais de 500 espécies que desenvolvem relações homossexuais.
Certamente, os animais não se identificam como gays, tampouco se identificam como não gays. O que nos leva a um fato extremamente óbvio, mas raramente contemplado – que os seres humanos, pelo menos no último século, se definiram com base no tipo de sexo que praticam.
A heterossexualidade começou a ter um significado; e esse significado foi construído, especificamente, em oposição à homossexualidade. Se você quer entender que significado é esse, comece se fazendo a mesma pergunta que Jonathan Ned Katz levanta no livro A Invenção da Heterossexualidade:
"Que interesses foram atendidos pela divisão do mundo em heterossexuais e homossexuais?"
Qualquer pessoa que foi provocada na infância, como eu, por parecer gay sabe que essa distinção não foi feita com a melhor das intenções.
O interessante é pensar por quanto tempo essa divisão hétero/homo vai continuar se perpetuando. Uma pesquisa do instituto YouGov de 2019 mostrou que quase quatro em cada dez millennials não se identificam como "completamente heterossexuais".
Isso possivelmente tem menos a ver com mudanças na orientação sexual do que com mudanças no significado dessa orientação. Resumindo, definir a identidade de alguém com base na atividade sexual é provavelmente menos importante hoje do que há três décadas.
Em um mundo em que a atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo é amplamente aceita como uma variação natural e saudável da sexualidade humana, não é mais tão importante formar uma identidade pública baseada em práticas sexuais.
Talvez, quanto mais separarmos o sexo do seu propósito, menos gente vai pensar sobre o que o ato sexual pode significar e como pode contribuir para a identidade de um indivíduo.
O propósito do sexo não é uma questão para a cultura gay, assim como é para a cultura heterossexual.
Parte disso é situacional: sem a perspectiva da gravidez biológica e (até recentemente) do casamento, os gays são livres para fazer sexo com o único objetivo de fazer sexo.
Não estou sugerindo que o sexo gay não tenha um propósito: ele pode ter muitos propósitos, incluindo, é claro, o amor.
Mas a cultura gay, historicamente, se mostrou mais aberta à ideia de que nem sempre precisa haver um propósito no sexo.
Essa postura, é claro, parece se opor aos valores morais e concepções culturais sobre sexo há tanto tempo em voga, o que talvez possa explicar a discriminação histórica contra os gays.
Como muitas crianças, fui ensinado a julgar a ética sexual sob uma única perspectiva – se a relação sexual tinha acontecido dentro de um relacionamento sério e monogâmico (geralmente, no casamento).
Mas, finalmente, comecei a questionar esse padrão – principalmente porque as mesmas pessoas que me ensinaram isso também me ensinaram que os seres humanos foram criados por Deus alguns milhares de anos atrás.
Se o conhecimento de biologia deles era tão fraco, então por que dar atenção ao que eles tinham a dizer sobre sexo, que é um fenômeno biológico?
Percebi que o que eles acreditavam ser ético não fazia sentido para os gays, que não são capazes de conceber filhos por meio de uma união sexual.
Parecia hipócrita, na melhor das hipóteses, e cruel, na pior das hipóteses, advogar por um padrão sexual que impeça uma parcela considerável da população de alcançá-lo.
A maioria dos atos sexuais heterossexuais não resulta no nascimento de um bebê, e, por alguma razão, o sexo sem procriação nunca é classificado como antinatural, da maneira como o sexo homossexual sem procriação costuma ser condenado.
Felizmente, a resistência à homossexualidade está em declínio. Um estudo conduzido pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), nos EUA, analisou a mudança de atitude das pessoas em 141 países – e constatou que em 80 países (57%) houve um aumento na aceitação de pessoas LGBT entre os anos de 1981 e 2014.
Mas nem tudo são flores: enquanto os pesquisadores descobriram que os países tradicionalmente mais abertos (Islândia, Holanda, Suécia, Dinamarca, Andorra e Noruega) se tornaram mais tolerantes ao longo do tempo, os países mais fechados (Azerbaijão, Bangladesh, Geórgia e Gana) se tornaram ainda menos tolerantes.
Embora essas atitudes antigays não devam ser ignoradas, é importante lembrar que a maioria dos países estudados apresentou uma tolerância maior à homossexualidade.
Há muitas razões para crer em uma ampla aceitação da homossexualidade, incluindo a cobertura positiva da imprensa sobre questões LGBT, o apoio público a organizações médicas e psicológicas e o fato de que a maioria das pessoas conhece alguém LGBT (é mais difícil acreditar que os gays querem destruir a civilização quando eles são seu professor de piano, o florista, o padre ou o bombeiro local).
É claro que os gays nem sempre são exemplos perfeitos de ética sexual – me refiro aqui aos homens, grupo com o qual estou mais familiarizado.
Na comunidade masculina gay, há um culto a homens com tipos específicos de corpo (musculosos e magros, por exemplo), o que passa a mensagem de que aqueles que não atendem a esse padrão estético (a maioria de nós) são menos merecedores ou dignos do que aqueles que atendem.
A tecnologia, por meio de aplicativos como o Grindr (plataforma que promove encontros gays), tornou esse padrão excludente ainda mais evidente – nesses aplicativos, os homens são reduzidos a imagens de partes do seu corpo, e os que não são considerados objeto de desejo são rapidamente bloqueados.
“Nada de gordos ou afeminados” é, para nossa vergonha, um bordão que pode ser ouvido com bastante frequência nesses aplicativos, o que significa que ainda temos que refletir muito quando se trata da nossa ética sexual.
Mas, apesar dessas lacunas, é a cultura gay que, durante todo esse tempo, tem oferecido ao mundo novas maneiras de pensar sobre ética sexual – maneiras que não envolvem procriação, casamento, amor ou sequer relacionamentos sérios e monogâmicos.
Basta considerar uma pesquisa de 2005 que mostrou que 40% dos casais gays apoiam relacionamentos abertos, em comparação com 5% dos casais heterossexuais.
Se esse tipo de experiência sexual realmente se tornar a norma – como algumas pessoas sugerem –, serão os gays que terão aberto essa porta.
Suponho que alguns heterossexuais podem se ofender com essas ideias, mas é difícil fazer de conta que a cultura heterossexual tem o papel de paladino da moral em questões sexuais.
A cultura popular está repleta de casos de relacionamentos heterossexuais problemáticos. A ética sexual heterossexual “tradicional” – que, como os historiadores sustentam, foi criada no século 19 – foi testada e considerada a desejar.
Ao longo dos anos, vários futuristas previram como será o futuro do sexo. Da pornografia a encontros virtuais (em que, a distância, as pessoas chegam ao orgasmo por meio da tecnologia háptica, que permite transmitir sensações táteis), o futuro do sexo será mais digital, mais sintético e menos orgânico.
Mas, embora o futuro traga, sem dúvida, grandes mudanças tecnológicas, também devemos considerar que algumas das principais mudanças vão envolver novas concepções.
Haverá, por exemplo, novos conceitos sobre reprodução. Desde 1978, mais de oito milhões de bebês nasceram por meio de fertilização in vitro. A previsão é que esse número aumente drasticamente à medida que essa tecnologia se torna mais acessível e onipresente.
O controle da natalidade e os métodos contraceptivos também ajudaram a separar o sexo da procriação em nosso imaginário cultural.
Se as previsões de Greely sobre o diagnóstico genético pré-implantacional (PGD) estiverem corretas, em algum momento nas próximas quatro décadas, haverá uma mudança radical em relação a como nascem os bebês. O PGD se tornará acessível graças ao desenvolvimento da genética e das pesquisas com células-tronco.
"Um casal que quer ter filhos visitará uma clínica – ele deixará uma amostra de esperma; ela deixará uma amostra de pele. Uma ou duas semanas depois, os futuros pais receberão informações sobre 100 embriões criados a partir de suas células, dizendo a eles o que os genomas dos embriões preveem para o futuro deles... Depois, selecionarão que embriões serão transferidos para o útero para uma possível gravidez e nascimento", resumiu Greely no jornal britânico The Guardian.
As pessoas podem se incomodar com a ideia de "bebês projetados", mas quando lembramos que a maioria das pessoas que tem filhos escolheu uma a outra com base em certas características, sabendo muito bem que essas características provavelmente seriam transmitidas aos seus filhos, fica mais difícil fazer uma separação entre as tecnologias que Greely estuda e a reprodução padrão por sexo.
Haverá novos conceitos sobre monogamia e relacionamento sério. Ter um parceiro sexual por toda a vida adulta parece uma perspectiva mais facilmente alcançada quando a expectativa de vida é menor.
Mas a expectativa de vida da população tem aumentado. De 1960 a 2017, a média subiu 20 anos. E, até 2040, a previsão é que aumente mais quatro anos – número considerado conservador para alguns futuristas. Steven Austad, por exemplo, acredita que o primeiro homem a completar 150 anos nasceu antes de 2001.
Diante desta perspectiva, quão realista é exigir que alguém fique restrito ao mesmo parceiro sexual por 130 anos? Mas nem precisaríamos olhar tão à frente.
Mesmo agora, as taxas de divórcio e recasamento não param de crescer. De acordo com uma pesquisa do Pew Research Center, de 2013, quatro em cada dez casamentos americanos envolvem o recasamento de pelo menos um dos noivos.
Talvez, com uma expectativa de vida maior, "até que a morte nos separe" simplesmente deixe de ser nosso objetivo.
Haverá ainda novos conceitos sobre identidade sexual. Se o sexo deixa de significar algo além de sexo; se as crianças não são provocadas por terem uma orientação sexual “diferente”; se a reprodução acontece em um laboratório; pode ser que os futuros seres humanos se sintam à vontade para fazer sexo com homens e mulheres quando der vontade. Ou pode ser que se sintam confortáveis em cultivar seus próprios desejos sexuais.
Será que o conceito de orientação e identidade sexual está vinculado a uma noção arcaica de reprodução? No futuro, palavras como "heterossexual" e "homossexual" serão ouvidas apenas na aula de história?
Esses conceitos vão virar cada vez mais uma tendência – graças, em grande parte, à comunidade LGBT que, nas últimas décadas, tem convidado a cultura dominante a repensar sua ética sexual.
Alguns anos atrás, em uma conferência, ouvi a filósofa Judith Butler, referência em estudos de gênero, dizer: "Talvez a coisa mais queer em relação ao sexo seja apenas desfrutá-lo". Eu não concordei na época, mas agora consigo entender.
Talvez o sexo sirva sempre para algo – mas para alguém, e não para alguma coisa. E seu propósito seja servir às pessoas que fazem sexo por prazer.
O significado do sexo não vai existir para além da empatia e o prazer que ele proporciona às pessoas – o prazer da sensação física, do vínculo social, da experimentação.
No futuro, o significado do sexo será apenas sexo.
Fonte:https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-52971098
O FUTURO DO SEXO E DO NAMORO
O sexo é uma das atividades mais ancestrais do mundo, afinal o futuro da espécie depende disso.
Mas, não é só a questão da reprodução. O sexo também é um dos drivers humanos mais poderosos. Já causou guerras, construiu e destruiu reinos e impérios.
Sendo uma das atividades mais antigas que existe, talvez você possa pensar que ela não mude no futuro…
Mas, talvez seja bom considerar que, assim como a nossa espécie continua evoluindo – seja biologicamente ou tecnologicamente – o ato sexual vai evoluir também.
Então, valeria a pena você entender como as tecnologias exponenciais irão mudar a nossa relação com o sexo.
Fomos buscar saber o que Peter Diamandis, co-fundador da Singularity University pensa sobre esse assunto.
Em um recente artigo, ele mostrou a sua visão sobre o futuro do sexo e do namoro.
O futuro do sexo com as tecnologias exponenciais (Cortesia: Science Dump)
O Namoro na Era da Internet
Nossos pais e antepassados tiveram relacionamentos locais e lineares. Eles tiveram poucos parceiros, possivelmente pessoas que moravam na mesma cidade (ou até mesmo vizinhos), colegas de escola e com o mesmo status social.
Diamandis lembra que, na década de 1960, mais de 50% dos casamentos, no mundo, eram arranjados. Na Índia esse percentual era de 95%.
Hoje esse percentual caiu para menos de 15% (nível global).
Em 1960, a idade média da noiva era de 20 anos. O noivo tinha em média 23 anos.
Hoje, a idade média é próxima a 29 para mulheres e 30 para os homens. Reflexo da mudança cultural.
A era digital também alcançou a esfera das relações. O namoro passou de local e linear para global e exponencial.
Para você ter uma ideia, hoje, 40 milhões de norte-americanos (cerca de 40% da população solteira nos EUA) usam serviços de namoro online de uma indústria que gira na ordem de 2,4 bilhões de dólares.
Estes novos relacionamentos transcendem os limites geográficos e os estratos sociais.
Entre 1995 e 2005, houve um crescimento exponencial dos encontros online entre os casais heterossexuais. Para os casais do mesmo sexo, essa tendência tem sido ainda mais dramática, com mais de 60% dos casais do mesmo sexo se relacionando online em 2008 e 2009.
As implicações disso são surpreendentes. Há uma série de efeitos sociológicos, tais como a gamificação do namoro, e a comoditização das pessoas.
Segundo Diamandis, isso é apenas o começo.
O Namoro e a Tecnologia Exponencial
Num futuro muito próximo, vamos ver plataformas de namoro online que usam a inteligência artificial e o aprendizado de máquina para encontrar o parceiro perfeito se você quiser.
Durante o encontro, seus óculos de realidade aumentada (RA) vão lhe dar, em tempo real, todo tipo de informação que você precisa saber sobre ela ou ele.
Talvez você queira entender como ela ou ele esteja se sentindo em relação a esse encontro. Será fácil: a câmera de RA estará observando a dilatação capilar e da pupila.
Sexo sem limites e com novas variedades pode ser o futuro. (Cortesia: Serious Wonder)
Mas, toda essa tecnologia, pode ser uma faca de dois gumes. Por um lado, ela pode aumentar a chance de sucesso dos encontros, criar relacionamentos mais significativos, e isso tem um impacto positivo, Diamandis espera.
Mas, enquanto o namoro é apenas um lado da moeda, o outro lado é o sexo … e as implicações da tecnologia exponencial sobre o sexo podem ser chocantes.
O Sexo e a Tecnologia Exponencial
O sexo já foi para o lado digital; portanto, ele tem sido desmaterializado, desmonetizado e democratizado.
Hoje, a pornografia é gratuita e está disponível para qualquer pessoa que tenha uma conexão com a Internet.
Diamandis exemplifica que, em 2015, um site de pornografia relatou que os seus usuários assistiram mais de 4,3 bilhões de horas de pornografia (87 bilhões de vídeos). Isso somente naquele ano.
O acesso maior à Internet, a proliferação de celulares e de vídeos online, e a publicidade têm impulsionado a pornografia em uma indústria que movimenta US$ 97 bilhões.
E isso está causando uma série de fenômenos sociais negativos.
Mais da metade dos meninos e quase um terço das meninas irão ter acesso às primeiras imagens pornográficas antes de chegar aos 13 anos. Em uma pesquisa com centenas de estudantes universitários, 93% dos meninos e 62% das meninas disseram que foram expostos à pornografia antes de completar 18 anos.
A pornografia está influenciando tudo, desde a linguagem dos adolescentes, o uso de piercings em certas partes do corpo, até no que eles esperam dar e receber nas relações íntimas”, Jill Manning, Ph.D, Instituto Witherspoon.
No Japão, uma população crescente de homens relatam que preferem ter “namoradas virtuais” do que reais, pois os avatares virtuais lhes dão uma sensação de maior controle.
Quarenta e cinco por cento das mulheres solteiras japonesas e 25% de homens solteiros japoneses com idades entre 16 e 24 afirmam que não estão mesmo interessados em contato sexual.
Dadas estas tendências, a menos que algo aconteça para aumentar a taxa de natalidade do Japão, a população vai diminuir em um terço até 2060.
Mas, novamente, como prevê Diamandis, isso é apenas o começo… a medida que a realidade virtual (VR) torna-se mais generalizada, a pornografia VR irá crescer.
Filme HER (Cortesia: The Verge)
Talvez seja muito mais intensa, vívida, e viciante – e, Diamandis acredita que haverá uma proliferação de Avatares e relações robóticas baseados na inteligência artificial, similares aos personagens retratados nos filmes Her e Ex Machina.
As consequências
A promessa da pornografia VR é oferecer um mundo virtual com sexo “melhor”, sexo infinito e com novas variedades.
O problema, no entanto, é que quanto mais uma pessoa visite esse mundo de fantasia, mais provável é que a sua realidade torne-se exatamente o oposto do que ela vivenciou virtualmente.
Muitos psicólogos acreditam que o pornô VR pode entorpecer o desejo sexual e o prazer no mundo real, levando a um sexo cada vez menos satisfatório.
A pornografia em realidade virtual (Cortesia: Vocativ)
Para muitos, a VR (e outras tecnologias exponenciais, como robótica, sensores e AI) podem virar um substituto das relações humanas e das interações mais íntimas, dado que estas tecnologias irão tornar-se mais acessíveis, mais baratas, on-demand, e, nos deixar no controle da situação.
Quais são os prós?
Talvez um pouco de intimidade (ainda que tecnológica) seja benéfica para aquelas pessoas solitárias, idosas ou enfermas.
Para Diamandis, uma coisa é certa:
Como acontece com toda tecnologia na história, desde a imprensa ao VHS e à Internet, a pornografia vai estar na linha de frente para financiar o avanço da tecnologia.
Fonte:https://ofuturodascoisas.com/o-futuro-do-sexo-e-do-namoro/
COMO SERÁ O SEXO NO FUTURO
O sexo é um dos impulsos humanos mais poderosos. Em síntese, ele ocupa uma percentagem significativa dos pensamentos das pessoas todos os dias. Mas você já parou para pensar como será o sexo no futuro? Da forma como as tecnologias exponenciais estão mudando o mundo, será que elas também não irão transformar a atividade sexual?
A ideia do texto de hoje é apresentar um olhar sobre o futuro do sexo. Você está preparado?
Namoro na era da Internet
Nas gerações passadas, as pessoas tinham acesso a um pequeno número de potenciais companheiros. Hoje, por força dos avanços tecnológicos, opções são o que não faltam. Somente nos Estados Unidos, em torno de 40 milhões de pessoas usam serviços de namoro online, impulsionando uma indústria de US$ 2,4 bilhões.
Num futuro muito próximo, teremos softwares “casamenteiros” baseados em inteligência artificial. Eles encontrarão a combinação perfeita para você. Em síntese, a “alma gêmea” que você tanto esperava, com base em suas características pessoais, gostos e interesses.
Ainda, durante o encontro, você poderá receber informações, em tempo real, sobre sua performance. Óculos de realidade aumentada (AR) irão fornecer qualquer dado que você precisa saber. Será possível até mesmo saber como a pessoa está se sentindo. Ou mesmo o que está “pensando” sobre você, observando a dilatação da pupila pela câmera AR.
Como todas as tecnologias, as aplicações são uma espada de dois gumes. Embora possam aumentar o número de relações bem-sucedidas e significativas no mundo, provocando um impacto positivo, as implicações podem também ser chocantes. O que dizer, então, do sexo?
Sexo na era da Internet
Como refere Peter Diamandis, o sexo hoje foi digitalizado, desmaterializado, desmonetizado e democratizado. O sexo, na forma de pornografia, é gratuito e disponível para qualquer pessoa com uma conexão à Internet.
A proliferação de conectividade com a Internet, players de vídeo online e streaming, telefones celulares e redes de distribuição de propaganda têm impulsionado a pornografia para uma indústria de US$ 97 bilhões.
Isso está causando uma série de fenômenos sociais negativos. Nos Estados Unidos, mais de metade dos rapazes e quase um terço das meninas assistem suas primeiras imagens pornográficas antes dos 13 anos.
Já no Japão, uma população crescente de homens relata preferir ter namoradas virtuais a namoradas reais (isto é, optam por namorar avatares computadorizados, os quais podem controlar em grande parte).
Mas, embora este seja apenas o começo, muitos estudiosos acreditam que a realidade virtual (VR) será a grande responsável por transformar verdadeiramente o sexo, através de aplicações de pornografia virtual.
Pornografia VR
A indústria da tecnologia almeja ganhar muito dinheiro com a VR, e os desenvolvedores de brinquedos sexuais, sites de câmeras e vídeos pornográficos já estão investindo na área com todas suas forças.
A pornografia VR promete oferecer um mundo virtual repleto de atividade sexual e com novas variedades de sexo. Há quem acredite que isso seja algo positivo. Mas as novas formas de imersão estão sendo motivos de preocupação para psicólogos e terapeutas.
E você sabe é um dos principais problemas levantados? É que, quanto mais o usuário entra nesse mundo de fantasia, mais provável é que sua realidade se torne exatamente o oposto.
Psicólogos sustentam que o acesso contínuo à pornografia VR poderia levar as pessoas a ter menos e menos satisfação sexual. Isso sobretudo quando, após sair do mundo virtual, fossem se relacionar em “carne e osso”, no mundo físico.
A terapeuta de relacionamento Sarah Calvert afirma que a pornografia VR pode causar sobre os usuários repercussões extremamente preocupantes. Para ela, ainda que a solidão seja responsável por levar muitas pessoas a acessar pornografia na Internet, a opção pela VR não aliviará esse sentimento:
Sua auto-estima pode ser realmente abalada se você está nessas experiências de realidade virtual. E, em seguida, você volta à realidade – Sarah Calvert
Afinal, como será o sexo no futuro?
Com o crescimento exponencial da tecnologia, a VR está se tornando cada vez mais acessível e barata. Isso leva muitos pesquisadores a acreditar que ela substituirá completamente a intimidade e as relações humanas no futuro. Você, leitor(a), acredita que isso realmente seria possível?
Por outro lado, dentre os pontos positivos estaria a possibilidade de trazer um pouco mais de intimidade, ainda que tecnológica, para pessoas aleijadas, estéreis ou com outras enfermidades que impedem a prática de sexo, e mesmo para aqueles que se sentem sozinhos.
Para Ela Darling, atriz de filmes para adultos, e cofundadora do VRtube, a primeira plataforma de Webcam VR Live 3D, acredita que as experiências POV (Point of View, a partir do ponto de vista do usuário) em VR criam uma experiência muito mais íntima.
Este novo meio facilita o nível de intimidade e ligação. Ele nos permite construir experiências para os utilizadores que ultrapassam em muito o que podíamos fazer previamente. – Ela Darling
Maurice Op de Beek, diretor de tecnologia da Kiiroo, também vem se dedicando a desenvolver vídeos pornográficos em POV. Ele está convencido de que os vídeos filmados a partir de um perspectiva em primeira pessoa, somado ao uso de dispositivos próprios, acrescentam a sensação física a uma experiência visual “imersiva”.
Brinquedos sexuais
Tanto os homens quanto mulheres compram os produtos da Kiiroo. Mas Maurice reconhece que os brinquedos sexuais projetados para as mulheres são mais limitados. Além disso, embora a maioria dos vídeos sejam filmados a partir do ponto de vista masculino, a empresa está se dedicando a desenvolver produtos para as mulheres.
Temos um novo produto saindo que será muito mais imersivo. – Maurice Op de Beek
Para Alec Helmy, editor do XBIZ, uma das principais fontes de notícias e informações de negócios para a indústria de entretenimento adulto, a VR revolucionará a indústria pornográfica nos próximos anos:
A questão não é se a Realidade Virtual vai revolucionar ou não a indústria pornográfica, mas quando. – Alec Helmy
Afinal, no futuro, será que vamos ficar viciados na experiência de pornografia VR? Em síntese, será que algum dia o sexo na vida real se tornará obsoleto ou mesmo uma segunda escolha?
Enfim, o assunto ainda dará muito o que falar. Mas uma coisa é certa: como todas as inovações no curso da história, desde a imprensa até a VHS e a Internet, a pornografia estará na linha de frente, financiando o avanço da tecnologia.
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