Massagem Erótica
A
massagem tântrica é erótica ou terapêutica?
publicado
por Sangito
Deva
A massagem erótica tem sido cada vez mais procurada - conforme
números do próprio Google nos revelam. E essa demanda abre espaço para uma
infinidade de interpretações que vão colocar a prática em um espectro no qual
em uma ponta está a experiência terapêutica e na outra a experiência erótica.
Precisamos saber que as duas linhas existem e aprender a diferenciar uma da
outra para que não acabemos caindo em experiências desagradáveis.
Não cabe a nós tecer nenhum julgamento de
valor aqui, apenas deixar claro: na Rede Metamorfose encontramos profissionais
que oferecem experiências de Massagem Tântrica Terapêutica.
Massagem Erótica X Massagem Terapêutica
A Massagem Erótica não pode ser terapêutica e
a massagem terapêutica não pode ser erótica.
Cada uma dessas abordagens vai trabalhar
diretamente o distanciamento que a pessoa no papel do terapeuta tem de seu
interagente, em todos os níveis - físico, sexual, emocional, energético,
espiritual, etc… Essa distância - aliada a todos os outros fatores que rodeiam
a sessão - vai trazer qualidades específicas para o trabalho e para a
experiência.
É por esse fenômeno, por exemplo, que as
mesmas técnicas neotântricas que são utilizadas num contexto terapêutico,
quando são ensinadas para um casal que as usa em sua intimidade, pode fazer
maravilhas para a libido e para o tesão, pois ativam um caráter mais erotizado,
pois a distância que existe na relação permite e aceita isso com espaço.
Mas o trabalho erotizado - fora desse
contexto íntimo, oferecido à la carte - pode ser extremamente prazeroso, mas dificilmente expande ou transforma o comportamento sexual da
pessoa. O
Erótico enraiza mais os nossos padrões mentais, repete jogos que já conhecemos,
brinca com algo que já está internalizado no nosso sistema, com a nossa
sexualidade demasiadamente mental, e não nutre a saúde do sistema sexual
expandindo sua potência orgástica, sua sensibilidade e sua fluidez energética.
Os limites do erotismo
Quando brincamos com jogos eróticos
estamos repetindo hábitos que, por terem se tornado vícios, acabam prejudicando
a resposta saudável da nossa sexualidade.
A grande questão que assola a sexualidade
da humanidade hoje é a interferência mental no processo excitatório, de
conexão, de abertura, enfim, toda a resposta sexual hoje está diretamente
dependente de esforço mental. E não estamos entendendo o que acontece com as
nossas mentes nesse processo - o que as confunde, o que as aflige, o que
acontece com elas que nos impede de sentir o momento enquanto acontece.
Nessa confusão mental que envolve a nossa
sexualidade, o erotismo é um comprimido útil. Ele permite
conexões, agrega pessoas, facilita algumas trocas, porém trabalha diretamente
com a rigidez do sistema, sem nenhum avanço em questões como potência
orgástica, sensibilidade ou fluidez. Ele mantém os jogos sexuais conhecidos.
Mas como todo comprimido ele pode viciar, ele cria condicionamentos e, muitas
vezes, precisamos de um desmame.
Mas, em muitas histórias, o erotismo traz
alívio. E no Tantra precisamos olhar para a humanidade sem julgamentos. Não
estamos aqui querendo condenar a atividade erótica de maneira nenhuma.
Precisamos apenas entender os limites de cada experiência para compreendermos o
que nos cabe em cada momento.
O moralismo no Tantra
Por conta da interpretação que a grande
mídia teve da visão neotântrica de Osho, o Tantra acabou sendo visto como um
caminho que propagava a libertinagem e o hedonismo, como se o prazer fosse a
resposta definitiva para os caminhos espirituais.
O Tantra não fala em Moral. O Tantra fala em
despertar e em libertação. No processo de despertar vamos criando
experiências que aguçam nosso senso crítico e abrem nossos olhos para questões
estruturais. Muitos conceitos chegam para nós quando somos muito novos: o que é
uma família, o papel de um pai, de uma mãe, o que é ser bem sucedido… todos
esses conceitos são inseridos nas nossas cadeias neurais muito antes da gente
saber o que quer ser quando crescer ou porque não gosta de brócolis. São
questões adormecidas que nunca foram questionadas ou olhadas com um nível maior
de desapego do nosso caráter e da nossa identidade daquele valor ou conceito.
Esse é o processo de despertar. Quando olhamos para a Moral nessa interpretação
percebemos que ela é fabricada pelo homem, muda de tempos em tempos, de
sociedade para sociedade, muito embora a gente consiga encontrar alguns
princípios comuns. O Tantra nunca condenou o erótico.
Inclusive, no processo de libertação - no
qual lidamos com as amarras, as tensões, a rigidez, a falta de mobilidade, o
travamento, a contração, o desequilíbrio energético que causa as couraças
neuromusculares - brincar com o erotismo de forma terapêutica pode ajudar muito
a reestabelecer a fluidez respiratória e motora no momento da sexualidade. Mas,
novamente, para isso precisamos de um espaço terapêutico e criar uma
experiência que coloque o interagente nessa qualidade de movimento. Isso é
completamente diferente de vivenciar uma experiência erótica com o interagente.
A transformação da sexualidade
Quando pensamos em cura ou transformação
da sexualidade, precisamos olhar para esse processo como uma reeducação
corporal. Uma academia, só que ao invés de perder gordura e gerar hipertrofia
nós vamos procurar excitar e acalmar o sistema nervoso vegetativo. Conforme
brincamos com essas experiências, o sistema nervoso vai tendo cada vez mais
informações e desenvolve sua resiliência.
E o campo da sexualidade é extremamente
conectado com as cicatrizes do sistema nervoso, os traumas, os estresses
crônicos, as somatizações, o aspecto emocional, os pensamentos e ideias fixas… O
ciclo da resposta sexual saudável envolve uma orquestração dos sistemas
simpático e parassimpático para que excitação e orgasmo possam acontecer da
maneira mais saudável e, melhor ainda, possam se expandir para cargas mais
intensas.
Esse aprendizado corporal não acontece no
campo do erótico, dos fetiches, das fantasias; ele acontece no campo sensorial,
não cognitivo, não verbal, com menos narrativas e mais sensações. São as
sensações que o corpo produz que nos deixam no aqui-agora, conectados com a
nossa experiência. São as informações sensoriais que vão
preencher e ocupar o espaço dentro da mente que, nesse momento, é ocupado por
pensamentos projetados para fora ou para ideias fixas. Quanto mais
sensíveis estivermos, mais vamos sentir. E quanto mais sentirmos, menos vamos
pensar no momento da sexualidade. Pouco a pouco o corpo vai aprendendo esse
novo padrão e vai se reconfigurando, abrindo espaço para novas emoções e novos
comportamentos, transformando a nossa sexualidade.
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