VIBRADOR ALEMÃO É O OBJETO DE DESEJO DA VEZ,COMPANHEIRO DAS MULHERES,CONSIDERADO O 'MELHOR' E MAIS 'SEGURO' NA QUARENTENA
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Mulheres contam os prazeres dos vibradores Foto: Shutterstock
Quarentena: considerado o ‘melhor’ e ‘mais seguro’ companheiro das mulheres, vibrador alemão é objeto de desejo da vez
O frisson ao redor do Satisfyer, o sugador de clitóris, se dá por causa da garantia de orgamos em poucos minutos, ou até segundos
Carol Zappa
21/04/2020 - 04:30
No fim de janeiro, uma mulher foi detida em uma pequena cidade
da Espanha depois de furtar 40 vibradores, no valor total de 2 mil
euros (cerca de R$ 10,7 mil), e distribuí-los entre suas vizinhas e
uma casa de massagem. O episódio ganhou os noticiários e
inspirou até um bloco de carnaval no Rio. A intrépida “heroí-
na”, que foi libertada pouco depois, não estava à toa: o
brinquedinho em questão era o Satisfyer, um “sugador” de clitóris
que vem revolucionando o prazer feminino. Por aqui, o cobiçado
objeto — um dos produtos mais vendidos pelo site da Amazon no
Natal — ganhou um reforço extra, em fevereiro, depois que a
cantora Anitta fez um post em suas redes sociais mostrando o
companheiro que a havia “salvado tantas vezes” durante “muitas
outras ocasiões”.
da Espanha depois de furtar 40 vibradores, no valor total de 2 mil
euros (cerca de R$ 10,7 mil), e distribuí-los entre suas vizinhas e
uma casa de massagem. O episódio ganhou os noticiários e
inspirou até um bloco de carnaval no Rio. A intrépida “heroí-
na”, que foi libertada pouco depois, não estava à toa: o
brinquedinho em questão era o Satisfyer, um “sugador” de clitóris
que vem revolucionando o prazer feminino. Por aqui, o cobiçado
objeto — um dos produtos mais vendidos pelo site da Amazon no
Natal — ganhou um reforço extra, em fevereiro, depois que a
cantora Anitta fez um post em suas redes sociais mostrando o
companheiro que a havia “salvado tantas vezes” durante “muitas
outras ocasiões”.
Satifyer Penguin, o sugador em formato do animal fofo Foto: Reprodução
O momento atual, apesar da tensão, também vem a calhar: nas últimas semanas, uma sex shop nos Estados Unidos anunciou que enviará milhares de vibradores gratuitos para residentes do país. O objetivo é incentivar a população a permanecer em suas residências, para evitar o avanço da epidemia do novo coronavírus. “Queremos vocês em casa, seguros e felizes. Com distanciamento social, mas cheios de orgasmos”, incentiva a campanha no Instagram. De fato, a Associação Brasileira das Empresas de Mercado Erótico e Sensuall (Abeme) projeta um crescimento de até 12% na compra de vibradores e outros produtos sexuais durante esse período de isolamento — uma mãozinha (com o perdão do trocadilho), tanto para solteiros quanto para casados.
Ainda cercados de tabu, os vibradores começaram a sair dos armários lá pelo fim dos anos 1990, quando o seriado “Sex and the city” dedicou um episódio ao famoso Rabbit, mais discreto, que permitia, além da penetração, a estimulação do clitóris. Desde então, os tradicionais consolos se multiplicaram com designs e tecnologias arrojados, angariando um fã-clube cada vez maior. A engenheira Daniela Nascimento, 23 anos, de Campinas, é uma das adeptas. Dona de quatro modelos diferentes, ganhou o primeiro da melhor amiga, aos 17 anos. “Passei a gozar seguidamente e muito mais rápido”, diz ela, que costuma usar o apetrecho com o namorado. “Quando transamos com o vibrador, sempre chego lá; quando não usamos, isso nem sempre acontece.” Ela não está sozinha: um estudo publicado no jornal americano “Archives of Sexual Behavior”, em 2018, revela que apenas 65% das mulheres heterossexuais chegam ao orgasmo durante o sexo (contra 95% dos homens). Entre as brasileiras, 74% dizem atingir o clímax ao se masturbar, mas apenas 36% conseguem o mesmo feito nas relações sexuais, segundo uma pesquisa realizada no mesmo ano com 1.370 mulheres pela Prazerela, escola voltada para o prazer feminino em São Paulo.
O alvoroço em torno do aparelho da nova geração, lançado em 2017 por uma empresa alemã e com 11 modelos comercializados no Brasil (com valores de R$ 99 a R$ 2 mil), é justificado: enquanto muitas mulheres têm dificuldade para gozar com os parceiros, o Satisfyer garante essa sensação em poucos minutos, ou até segundos. Casada há 12 anos e com três filhos, a professora Fernanda, de 36 anos, já havia experimentado todo tipo de vibrador — dos de borracha aos elétricos, mais caros — sem grandes resultados, até ganhar um Satisfyer do marido, há três anos. “Foi muito louco, em três minutos ejaculei. Levei um susto, isso nunca tinha acontecido”, conta. Desde então, ela usa tanto sozinha quanto com o companheiro. “Virou nosso melhor amigo”, diverte-se.
O efeito milagroso é causado por um pequeno bocal de silicone que se encaixa gentilmente no clitóris, estimulando-o com uma espécie de vibração pulsante. A servidora pública Tatiana*, de 39 anos, não vive mais sem o seu. Ela conta que o comprou há cerca de um ano e meio, mas não usou logo de cara — um pouco por vergonha, outro tanto por desinteresse. Uma noite, quando ela e o marido estavam bebendo juntos e mais empolgados, resolveram experimentar. “Foi uma coisa muito louca”, diz. Depois, começou a usar sozinha também. “É um caminho sem volta. Hoje só transamos com o Satisfyer, que me dá um orgasmo muito intenso. Virou acessório obrigatório, não sei se isso é bom ou ruim. Mas você passa a não aceitar qualquer coisa no sexo”, decreta.
A psicóloga, doula e consultora sexual Patrícia Ramos, que revende os acessórios da marca alemã, acredita que essa onda diz muito da falta de conhecimento sobre nossos corpos, em uma sociedade machista e patriarcal. “O clitóris só foi dissecado em 1998 (pela urologista australiana Hellen O’Connell) e a informação sobre o orgasmo feminino ser exclusivamente clitoriano só foi divulgada oficialmente em 2014”, explica. Desde 2017, ela já vendeu mais de 500. “Acho que a diferença hoje é que a mulher busca o brinquedo para o autoconhecimento e sua própria satisfação, não só para incrementar a relação”, acrescenta Patrícia, que realiza oficinas e consultorias individuais. E garante: a busca pelo prazer não tem idade: “Tenho algumas clientes mais maduras — na última consultoria que fiz, vendi para três com mais de 60 anos.”
Satirfyer pro 2, um dos modelos mais novos, com preços em torno de R$ 500 Foto: Reprodução
A editora Gabriela*, de 41 anos, é uma entusiasta do movimento, mas acredita que as mulheres ainda estão cercadas de tabus, vergonhas e cerceamentos, tanto que não quiseram mostrar seus rostos nessa reportagem. “Eu mesma só passei a falar mais abertamente sobre sexo depois que me separei, há três anos. Nem todas as minhas amigas conseguem”, observa. Ela comprou seu primeiro vibrador perto do aniversário de 40 para ajudar a sair de uma depressão após o fim do casamento. “Veio com uma necessidade de me reencontrar com a minha sexualidade. Eu nunca havia tido problemas para gozar, mesmo quando as coisas começaram a ir mal na relação, mas naquele momento já tinha até deixado de me masturbar”, lembra. O vibrador ajudou a reacender sua libido e a prepará-la para um novo relacionamento. O atual parceiro recebeu bem o componente. “Ele entendeu que não tinha como competir com uma máquina, que são coisas diferentes, mas que podem andar juntas.” Para ela, no entanto, ainda falta um interesse maior da parte dos homens héteros em conhecer os corpos e desejos femininos e as maneiras de lhes proporcionar prazer. “Às vezes é cansativo esse papel da ‘professora’ que tem que explicar tudo, mostrar”, queixa-se.
Nesse sentido, Fernanda é enfática: “Minha dica para os homens é: os vibradores não são seus concorrentes, mas aliados. E mulheres: tenham coragem de falar sobre isso”, conclama. Em tempos de quarentena e confinamento, é certamente uma ótima — e segura — companhia.
*Algumas entrevistadas preferiram não se identificar
Gwyneth Paltrow e os ‘amigos’ da quarentena
Em quarentena para conter o avanço do novo coronavírus, a atriz americana Gwyneth Paltrow, que aconselha as mulheres sobre corpo, espírito e mente por meio do Goop (seu selo de lifestyle), compartilhou uma lista com os melhores vibradores do mercado para o período de distanciamento social. Na seleção, dois modelos chamam a atenção. Da marca Nova, o brinquedo sexual We-Vibe (121 libras) é considerado por Gwyneth um “amigo do banho”. Já o The Womanizer, feito por uma empresa de mesmo nome e que custa 162 libras, é destaque por usar a pressão do ar para proporcionar prazer.
As recomendações da atriz surgiram dias após ela e o marido, o produtor Brad Falchuck, falarem sobre sexo em meio à pandemia com Michaela Boehm, psicóloga e conselheira de celebridades. Michaela afirmou que muitas mulheres estão tendo uma queda na libido por causa do estresse causado pela crise da saúde. No vídeo, Gwyneth deu a entender que estava encontrando dificuldade para fazer sexo com Falchuck, já que está em casa com os filhos Apple e Moses, de seu casamento com Chris Martin, vocalista da banda Coldplay. “Como casal nós estamos sempre pensando: ‘Para onde vamos na casa se tem família, cachorros e trabalho? O que podemos fazer?”. Eis a questão.
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