TANTRA, SEXO E A COURAÇA MUSCULAR DO CARÁTER SEGUNDO WILHELM REICH
“Faz parte do meu respeito pelas pessoas expor-me ao perigo e dizer-lhes a verdade”. Wilhelm Reich (1897 – 1957)
Reich foi um aluno de Freud e deu continuidade aos estudos e experiências que ainda nos anos cinquenta já apontavam para a repressão sexual como principal causa das neuroses dos seres humanos. Na sociedade e no meio familiar, até hoje, ainda é com muita ansiedade e pânico que se expõe e como cada um se relaciona com a sexualidade. A Couraça Muscular do Caráter é um mecanismo de defesa emocional que a criança até próximo dos oito anos de vida, adquire e constrói no corpo físico como resposta as inúmeras mensagens de não-prazer e negações em geral. A musculatura passa a responder e refletir aos impulsos e atitudes psíquicas e emocionais. Este processo traumático vai sendo reforçado a medida do desenvolvimento, convivência e relacionamentos dentro da sociedade, e o que vemos ainda na grande maioria das pessoas é desconforto, culpa e vergonha em relação ao sexo.
É extremamente importante salientar que a repressão sexual desde a infância, com os reflexos na estrutura corporal, não configura simplesmente a região da pélvis como tensa e desconectada do prazer. A principal contribuição de tantos anos em experiência com psicoterapia é a de que esta Couraça começa por bloquear a região dos olhos (Anel Ocular) e é justamente por isto que uma terapia corporal deve começar por este segmento, sua abordagem de desbloqueio físico/emocional. Assim como foi inibida e de certa forma proibida de olhar para qualquer cena ou para o próprio corpo cada vez que o prazer era despertado, a criança também bloqueia o segundo anel (Oral) que a impede de comunicar sensações e desconfortos. A Couraça vai se formando de cima para baixo, como veremos a sequencia dos anéis ou segmentos definidos por Reich.
No trabalho terapêutico de expressão e desbloqueio destas tensões, é muito importante que se dê a partir dos anéis superiores e até chegar ao sétimo anel – pélvico -, a jornada é longa. Não se pode querer a qualquer preço voltar a sentir o prazer sexual por exemplo, só porque nos damos conta que é desta satisfação que poderemos ter mais vitalidade e saúde de um modo geral. O prazer está na caminhada e se ela tem sete passos, que seja dado o primeiro para não ‘tropeçarmos’ nas próprias pernas como já aconteceu inconscientemente na infância e adolescência. Na fase adulta e consciente das situações vividas no passado, ainda assim é sábio ter respeito com as feridas e inibições que nossa criança interior carrega.
Reich não era otimista demais no que dizia respeito aos possíveis efeitos de suas descobertas. Ele acreditava que a maioria das pessoas, por causa de sua intensa couraça, seria incapaz de compreender suas teorias e distorceriam suas idéias. Para ele, um ensino sobre a vida, dirigido e distorcido por indivíduos encouraçados, acarretaria um desastre final a toda a humanidade e às suas instituições. O resultado mais provável do princípio da potência orgástica, dizia: “será uma perniciosa filosofia de bolso, espalhada por todos os cantos. Tal como uma flecha que, ao desprender-se do arco, salta firmemente retesada, a procura de um prazer genital rápido, fácil e deletério.”
Os Sete Anéis e Sete Passos do Tantra:
Ocular
A couraça dos olhos é expressa por uma imobilidade da testa e uma expressão “vazia” dos olhos, que nos vêem por detrás de uma rígida máscara. A couraça é dissolvida fazendo-se com que os pacientes abram bem seus olhos, como se estivessem com medo, a fim de mobilizar as pálpebras e a testa, forçando uma expressão emocional e encorajando o movimento livre dos olhos, fazer movimentos circulares com os olhos e olhar de lado a lado.
Oral
O segmento oral inclui os músculos do queixo, garganta e a parte de trás da cabeça. O maxilar pode ser excessivamente preso ou frouxo de forma antinatural. As expressões emocionais relativas ao ato de chorar, morder com raiva, gritar, sugar e fazer caretas são todas inibidas por este segmento. A couraça pode ser solta encorajando-se o paciente a imitar o choro, a produzir sons que mobilizem os lábios, a morder e a vomitar e pelo trabalho direto com os músculos envolvidos.
Cervical
Este segmento inclui os músculos profundos do pescoço e também a língua. A couraça funciona principalmente para segurar a raiva ou o choro. Pressão direta sobre os músculos profundos do pescoço não é possível, portanto, gritar, berrar e vomitar e são os meios importantes para soltar este segmento.
Torácico
Este segmento inclui os músculos longos do tórax, os músculos dos ombros e da omoplata, toda a caixa torácica, as mãos e os braços. Ele serve para inibir o riso, a raiva, a tristeza e o desejo. A inibição da respiração, que é um meio importante de suprimir toda emoção, ocorre em grande parte no tórax. A couraça pode ser solta através do trabalho com respiração, especialmente o desenvolvimento da expiração completa. Os braços e as mãos são estimulados para bater, rasgar, sufocar, triturar e entrar em contato com o desejo.
Diafragmático
Este segmento inclui o diafragma, estômago, plexo solar, vários órgãos internos e músculos ao longo das vértebras torácicas baixas. A couraça é expressa por uma curvatura da espinha para frente, de modo que há um espaço considerável entre a parte de baixo das costas do paciente e o colchão. É muito mais difícil expirar do que inspirar. A couraça inibe principalmente a raiva extremada. Os quatro primeiros segmentos devem estar mais ou menos livres antes que o diafragma possa ser solto através do trabalho repetido com respiração e reflexo do vômito (pessoas com bloqueio intenso neste segmento acham virtualmente impossível vomitar).
Abdominal
O segmento abdominal inclui os músculos abdominais longos e os músculos das costas. Tensão nos músculos lombares está ligada ao medo de ataque. A couraça nos flancos de uma pessoa produz instabilidade e relaciona-se com a inibição do rancor. A dissolução da couraça, neste segmento, é relativamente simples, desde que os segmentos mais altos estejam abertos.
Pélvico
Este segmento contém todos os músculos da pelve e membros inferiores. Quanto mais intensa a couraça, mais a pelve é puxada para trás e saliente nesta parte. Os músculos glúteos são tesos e doloridos, a pelve é rígida, “morta” e assexual. A couraça pélvica serve para inibir a ansiedade e a raiva, bem como o prazer.
Fontes: virtualpsy.com.br, wikipédia e Lowen.
GROUNDING: FUNDAMENTO BÁSICO PARA O TANTRA
O Tantra para o ocidente está centrado nos mesmos prícipios do trabalho reichiano. Para um contato vital com o prazer é preciso focar na experiência com ‘grounding’, respiração, carga e descarga de energia. Proporcionar ao corpo uma carga intensa de movimentos livres e espontâneos. Construindo a partir deste processo, uma personalidade forte e capaz de sustentar internamente o prazer e refletir na qualidade dos relacionamentos, e na forma de pensar e viver a sexualidade.
Tantra é o trabalho que unifica, corpo mente e espírito.
Para o condicionamento ocidental, uma nova visão do Tantra significa começar pelo trabalho corporal, visando especificamente aprofundar e liberar a respiração, devolver a gentileza e suavidade dos movimentos e formar as raízes que sustentam nosso centro emocional. Este é o conceito de ‘grounding’ no Tantra. É preciso estar bem ancorado em si mesmo antes de se relacionar com o outro.
Grounding: Uma árvore só pode crescer se tiver raízes fortes, saudáveis e bem profundas no chão. O tamanho da copa corresponde ao tamanho das suas raízes. Dizemos que alguém está grounded quando está com “os pés no chão”, em contato com a realidade, inserida em seu meio. O grounding dá o senso de segurança, eixo e centramento necessários para relacionamentos saudáveis. A criança obtém seu grounding por meio do corpo da mãe. O adulto precisa enraizar-se no seu próprio solo. É a única base sólida para um relacionamento saudável. Caso contrário, a pessoa vai continuar tentando usar as raízes de outros, “vivendo dependurado”. Dizendo coisas do tipo: “Não vivo sem você”. Grounding é fundamental no trabalho tântrico. Uma pessoa neste estado percebe que sua energia flui livremente, assim como sua respiração.
Prazer: A essência da vida está no prazer e nunca na dor. Mas como podemos definir prazer? Reich definiu esse sentimento como a percepção de um movimento expansivo dentro do corpo. Para ele, o ato de buscar algo é a base da experiência de prazer e representa uma expansão de todo o organismo, um fluxo de sentimentos e energia até a periferia do corpo. Fechamento, retraimento, retenção não são experiências de prazer, podendo provocar dor ou ansiedade, que seriam o resultado de uma pressão criada pela energia de um impulso bloqueado. Se a musculatura contém o impulso, ocorre contração e dor; se a musculatura não dá conta de conter a excitação do impulso, ocorre ansiedade.
O prazer é uma orientação biológica. Perante situações dolorosas, nós nos contraímos. Quando a situação contém uma promessa de prazer associada a uma ameaça de dor, sentimos ansiedade. O impulso é uma excitação prazerosa que nasce no íntimo, e se dirige para o mundo. Se encontra contração, a excitação se torna aflitiva, vira agitação motora, acelera a respiração e/ou o batimento cardíaco. Por exemplo, se o namorado não telefona. Você não consegue deixar de pensar nele, mas não se permite ligar para ele para não parecer interessada demais, e o desejo de falar com ele aumenta… Este dilema de sentir-se submetida a movimentos contraditórios é a causa da ansiedade latente na maioria dos distúrbios psíquicos. O único meio de evitar a ansiedade é suprimir o impulso, acabar com o desejo. Para suprimir o desejo, tem de ser suprimida a excitação. Quando a defesa é bem-sucedida a pessoa não sentirá ansiedade nem dor, mas ficará restringida para o prazer. Terá construído uma couraça para inibir o desejo de contato, a excitação ou o impulso e a ação. Com o tempo, essa couraça se torna crônica e inconsciente. A pessoa passa a viver de forma rígida, aprisionada física e emocionalmente na couraça que construiu para se proteger.
O fluxo de prazer parte do coração em direção aos pontos de contato com o mundo: olhos, boca, pele, mãos, pés e genitália. O sentimento de alegria, que brota de dentro, só é experimentado quando há energia e vida na barriga, ou seja, na pelve, afirma Lowen. A prática do Tantra vai ajudar a integrar a compreensão da cabeça, o afeto do coração e a sexualidade do corpo.
Fontes: Reich, Lowen, Wikipédia.
REICH, O DESERTO E A ARIDEZ HUMANA
Wilhelm Reich, médico psiquiatra alemão, pesquisou durante muitos anos a presença de uma energia vital em toda a vida e em todo o universo. Essa energia, que chamou de orgone, estaria acumulada em pequenos corpos ou partículas em forma de vesículas suspensas carregadas de luz e vida, denominadas por ele de bions. Essa energia orgone, que existe em grandes concentrações na biosfera, seria produzida e distribuída pelos movimentos atmosféricos, estando concentrada em lugares selvagens, em nascentes, matas virgens, montanhas isoladas. Reich descobriu que essa energia era afetada pelos gases tóxicos da poluição e especialmente pela radioatividade nuclear.
Reich definiu os princípios teóricos e técnicos para expandir e distribuir essa energia pelo corpo humano. Mais tarde, alguns de seus alunos criaram técnicas terapêuticas de bioenergética (Alexander Lowen) e da vegetoterapia (Navarro), entre muitas outras como Grito Primal, Respiração Holotrópica, etc. Todas técnicas usadas na acumulação, descarga e equilíbrio energético do biossistema humano.
A energia do clima
Na última etapa de sua vida, Reich dedicou-se à orgonomia e ao estudo da função energética no clima, procurando métodos para acumular orgone e curar doenças provocadas pelo mal funcionamento energético do homem moderno. Nessa fase, ele embrenhou-se na natureza, buscando medir a carga energética dos ambientes e seus efeitos sobre as pessoas: lugares vitalizantes e outros desvitalizantes (esses com baixa carga de orgonedevido à contaminação ambiental).
Depois de muitos anos pesquisando áreas da psicologia, sociologia e psiquiatria, Wilhelm Reich recolheu-se com uma equipe no interior do estado de Maine, nos Estados Unidos, para pesquisar essa energia vital, Orgone (a mesma que os antigos chineses chamavam de “chi”). Ela buscava sempre ambientes naturais, em especial os cinco mil quilômetros do deserto do Arizona.
As anotações de Reich, que destacam os movimentos e os matizes das paisagens desérticas e da atmosfera – a forma das nuvens, a vibração das cores, intensidades luminosas, variações coloridas nas rochas e no solo -, são testemunhos de uma sensibilidade ou, com mais precisão, de uma sensorialidade aguda e atenta, capaz de captar formas atmosféricas e suas correlações com estados mentais e emocionais: o vazio, o silencioso, o seco, o nu, o interminável, o mortal, o árido, etc.
A aridez humana
Reich se nega a considerar o deserto mero produto mecânico de um determinismo geográfico, e se interroga acerca do processo de desertificação, de produção do deserto, para chegar a estabelecer uma conexão entre as características do deserto e os traços caracterológicos do ser humano contemporâneo. Ele propunha a expressão “deserto emocional”, no qual os dados psíquicos e somáticos encontram sua imagem na paisagem natural em que se misturam.
Segundo Reich, as características do deserto natural são as características do homem encouraçado. E o deserto emocional no homem seria o que produz o deserto na natureza. Ou seja, a desertificação é um processo tanto natural como social.
Assim também, ao contrário, os ambientes vivos, carregados de alto nível de orgone na biosfera, com água límpida corrente, cascatas, matas, abismos verdes, etc., são acumuladores naturais de energia vital, produzindo no observador e participante um efeito profundamente vitalizador.
REICH E O DESPRAZER SEM AMARGURA
“Fui acusado de ser um utópico, de querer eliminar o desprazer do mundo e defender apenas o prazer. Contudo, tenho declarado claramente que a educação tradicional torna as pessoas incapazes para o prazer encouraçando-as contra o desprazer. Prazer e alegria de viver são inconcebíveis sem luta, experiências dolorosas e embates desagradáveis consigo mesmo. A saúde psíquica não se caracteriza pela teoria do nirvana dos iogues e dos budistas, nem pela hedonismo dos epicuristas, nem pela renúncia monástica; caracteriza-se, isso sim, pela alternância entre a luta desprazerosa e a felicidade, o erro e a verdade, o desvio e a correção da rota, a raiva racional e o amor racional; em suma, estar plenamente vivo em todas as situações da vida. A capacidade de suportar o desprazer e a dor sem se tornar amargurado e sem se refugiar na rigidez, anda de mãos dadas com a capacidade de aceitar a felicidade e dar amor.”
Wilhelm Reich
“Fui acusado de ser um utópico, de querer eliminar o desprazer do mundo e defender apenas o prazer. Contudo, tenho declarado claramente que a educação tradicional torna as pessoas incapazes para o prazer encouraçando-as contra o desprazer. Prazer e alegria de viver são inconcebíveis sem luta, experiências dolorosas e embates desagradáveis consigo mesmo. A saúde psíquica não se caracteriza pela teoria do nirvana dos iogues e dos budistas, nem pela hedonismo dos epicuristas, nem pela renúncia monástica; caracteriza-se, isso sim, pela alternância entre a luta desprazerosa e a felicidade, o erro e a verdade, o desvio e a correção da rota, a raiva racional e o amor racional; em suma, estar plenamente vivo em todas as situações da vida. A capacidade de suportar o desprazer e a dor sem se tornar amargurado e sem se refugiar na rigidez, anda de mãos dadas com a capacidade de aceitar a felicidade e dar amor.”
Wilhelm Reich
TANTRA É O OPOSTO DA PORNOGRAFIA – APRENDA COMO TER VERDADEIRA INTIMIDADE
Estudar e vivenciar o tantra pode curar nossos vícios de pornografia? Explorar nossos sentidos naturais afim de experimentar o êxtase pode mudar nossa realidade de mundo?
Eu estava muito nervosa quando pela primeira vez percebi que queria ensinar Tantra. O que as pessoas pensariam sobre isto? Será que elas iriam se sentir ofendidas? Falar sobre sexo é algo como um ‘ah, não.’ Eu moro em uma comunidade muito pequena e conservadora, como é que isto iria funcionar?
Mas, então, um grande amigo me disse: “Você percebe que você está oferecendo às pessoas? Tantra é essencialmente o oposto da pornografia.” Depois que me dei conta disso, nunca mais tive dúvidas de seguir em frente!
A pornografia é uma coisa engraçada. Apesar de algumas opiniões, eu acredito que não é inerentemente má.Muitas pessoas realmente gostam de assistir pornografia, incluindo muitos casais que assistem juntos para terem novas experiências. No entanto, é inegável que aparentemente existam alguns aspectos realmente obscuros na pornografia.
Além dos óbvios abusos, violência e qualquer outra coisa que envolvam as crianças, há questões muito mais insidiosas:
1) Nossa Aparência Passa A Ter Exagerada Relevância
Pornografia se concentra em ser estimulado através do corpo. E assim, nosso subconsciente diz que a sexualidade depende do que nosso corpo parece. Você deve ser nova(o), magra(o), ter seios rosados ou um pênis grande, caso contrário, você não pode ser uma boa/bom amante. E, ironicamente, isso deflagra um enorme problema de auto-estima em todo mundo, particularmente naqueles que não vêem a si mesmos como jovens, saudáveis e alegres. E para os que atendem a estes aspectos, muitas vezes não vêem a si mesmos como alegres ou bonitos o suficiente. Em última análise, ninguém se senti feliz consigo mesmo.
Pornografia se concentra em ser estimulado através do corpo. E assim, nosso subconsciente diz que a sexualidade depende do que nosso corpo parece. Você deve ser nova(o), magra(o), ter seios rosados ou um pênis grande, caso contrário, você não pode ser uma boa/bom amante. E, ironicamente, isso deflagra um enorme problema de auto-estima em todo mundo, particularmente naqueles que não vêem a si mesmos como jovens, saudáveis e alegres. E para os que atendem a estes aspectos, muitas vezes não vêem a si mesmos como alegres ou bonitos o suficiente. Em última análise, ninguém se senti feliz consigo mesmo.
2) Todo Sucesso É Sobre Proporcionar Prazer Ao Outro
Pornografia está concentrada em agradar o outro. Agora, obviamente, existe bem no fundo uma parte de nós que sabe que o desejo de agradar o nosso parceiro(a) é realmente uma coisa maravilhosa. Mas esta não é geralmente a forma como aparece na pornografia. Ela surge como a única coisa que é importante. Levar a outra pessoa ao orgasmo passa a ser é o único objetivo. E o que há de errado nesta questão? Bem, é a mensagem que nosso inconsciente recebe de que este é o único objetivo num ato sexual. Então, se você não pode levar o seu parceiro(a) ao orgasmo, não há porque fazer sexo. Acabamos por criar uma ansiedade no desempenho em dar e receber amor.
3) Conexão E Intimidade Não São Importantes
Pornografia não tem nada a ver com conexão. É simplesmente uma série de eventos físicos que duas pessoas fazem juntas. Não há conexão ou intimidade. E isso nem sempre é ruim, as vezes uma rodada de sexo meio ‘rock and roll’ e pornô, pode ser divertido, mas novamente, a ênfase neste aspecto, envia uma mensagem para a programação do nosso subconsciente de que é isso que é o sexo. Que a conexão não importa e que se trata apenas de desabafar e aliviar tensões.
Pornografia não tem nada a ver com conexão. É simplesmente uma série de eventos físicos que duas pessoas fazem juntas. Não há conexão ou intimidade. E isso nem sempre é ruim, as vezes uma rodada de sexo meio ‘rock and roll’ e pornô, pode ser divertido, mas novamente, a ênfase neste aspecto, envia uma mensagem para a programação do nosso subconsciente de que é isso que é o sexo. Que a conexão não importa e que se trata apenas de desabafar e aliviar tensões.
4) De Que Isto É Tudo Que Somos Capazes De
A pior parte é que a pornografia faz-nos acreditar que isso é tudo que existe. Nós pensamos que sabemos tudo sobre o que é o sexo e que a pornografia nos lança para o que é mais excitante. Mas isso não é verdade.
A verdade é que nós, como seres humanos, estamos usando talvez, apenas 5% de nossas habilidades sexuais. É como ter um piano onde pensamos que existam apenas 10 teclas. Então, ficamos entretidos em compor músicas de uma ou duas notas. Mas, a verdade é que existem 88 teclas e poderíamos realmente criar e orquestrar uma extasiante sinfonia. Mas, simplesmente não sabemos disso.
Pornografia aprofunda a crença de que músicas de uma nota só é tudo que conhecemos. Por isso, compor e ouvir canções irritantes é ainda tudo que nos interessa. Assim, estamos perdendo o melhor da festa.
Então, como é que o Tantra pode mudar tudo isso?
Ele nos mostra as outras 78 teclas do piano e, em seguida, nos ensina a tocar.
1) Nós Somos Muito Mais Do Que Nossos Corpos Físicos
A parte mais sexy de nós não é a nossa fisionomia. Uma pessoa verdadeiramente sensual tem uma presença vibracional que é cativante e apaixonante. Podem olhar para você e gentilmente toca-lo de uma forma a deixá-lo profundamente encantado. Eles vão conduzi-lo através do silêncio interior, onde respirar e tocar um ao outro proporcionam calafrios e orgasmos ao longo de seus corpos. O que seu corpo experimentava até então, vai parecer bastante irrelevante.
A parte mais sexy de nós não é a nossa fisionomia. Uma pessoa verdadeiramente sensual tem uma presença vibracional que é cativante e apaixonante. Podem olhar para você e gentilmente toca-lo de uma forma a deixá-lo profundamente encantado. Eles vão conduzi-lo através do silêncio interior, onde respirar e tocar um ao outro proporcionam calafrios e orgasmos ao longo de seus corpos. O que seu corpo experimentava até então, vai parecer bastante irrelevante.
2) Prazer É Maior Quando É Mútuo
Nós somos seres energéticos, bem como físicos. Quando estamos tocando nosso(a) parceiro(a), se estamos realmente presentes e desfrutando da sensação da pele do(a) nosso(a) parceiro(a), eles(as) vão sentir isso. Seu toque será diferente do que se você estivesse apenas fazendo isso para agrada-los(las). Quando você está realmente no momento, há uma eletricidade que vem alem do toque dos dedos (ou de outras pates sensuais) que permeia todo o corpo de seu parceiro(a). Enquanto o corpo de seu/sua parceiro(a) responde a isso, estes ciclos de prazer retornam a você, e os papeis do doador e do receptor começam a tornar-se misturados. Passa a existir apenas prazer sendo compartilhado, independentemente de quem está fazendo o quê.
Nós somos seres energéticos, bem como físicos. Quando estamos tocando nosso(a) parceiro(a), se estamos realmente presentes e desfrutando da sensação da pele do(a) nosso(a) parceiro(a), eles(as) vão sentir isso. Seu toque será diferente do que se você estivesse apenas fazendo isso para agrada-los(las). Quando você está realmente no momento, há uma eletricidade que vem alem do toque dos dedos (ou de outras pates sensuais) que permeia todo o corpo de seu parceiro(a). Enquanto o corpo de seu/sua parceiro(a) responde a isso, estes ciclos de prazer retornam a você, e os papeis do doador e do receptor começam a tornar-se misturados. Passa a existir apenas prazer sendo compartilhado, independentemente de quem está fazendo o quê.
3) Tudo É Conexão
Somos desenhados para nos conectar uns com os outros em um nível muito profundo. Os seres humanos não se sentem bem sem sentir uma profunda conexão. Nós chamamos isso de “carência” e de “estar em desespero” quando alguém está se sentindo desconectado. Mas, é porque no fundo, sabemos verdadeiramente que somos capazes de uma conexão fenomenal. E quando nos sentimos nessa profunda conexão, coisas em nossas vidas, fluem bem melhor. A depressão diminui. Nós não nos sentimos tão ansiosos. Percebemos melhor as alegrias da vida. Agradecemos ao outro. Sentimos um nível de contentamento e felicidade que simplesmente não experimentamos quando estamos todos sozinhos.
No tantra, esta ligação vem em primeiro lugar. Este é o fundamento de todo o jogo sexual. É como se você primeiro tivesse que “plugar” um ao outro antes que a energia possa fluir. E assim, há uma intenção real em soltar nossas proteções e permitir cada um internamente conectar e experimentar realmente o outro.
Somos desenhados para nos conectar uns com os outros em um nível muito profundo. Os seres humanos não se sentem bem sem sentir uma profunda conexão. Nós chamamos isso de “carência” e de “estar em desespero” quando alguém está se sentindo desconectado. Mas, é porque no fundo, sabemos verdadeiramente que somos capazes de uma conexão fenomenal. E quando nos sentimos nessa profunda conexão, coisas em nossas vidas, fluem bem melhor. A depressão diminui. Nós não nos sentimos tão ansiosos. Percebemos melhor as alegrias da vida. Agradecemos ao outro. Sentimos um nível de contentamento e felicidade que simplesmente não experimentamos quando estamos todos sozinhos.
No tantra, esta ligação vem em primeiro lugar. Este é o fundamento de todo o jogo sexual. É como se você primeiro tivesse que “plugar” um ao outro antes que a energia possa fluir. E assim, há uma intenção real em soltar nossas proteções e permitir cada um internamente conectar e experimentar realmente o outro.
4) O Sexo Está Destinado A Ser Uma Experiência Multi-Dimensional
Quando reunimos tudo o que realmente somos em nossas experiências íntimas, passamos de relações sexuais simplesmente físicas para uma experiência que envolve nossas mentes, emoções, sentimentos, intuição, paixão, presença, além de várias dimensões que você não pode nem mesmo explicar, elas simplesmente acontecem.
E a coisa mais interessante é que não se precisa de nenhum truque. Não há necessidade de métodos ou habilidades sexuais extravagantes. É, na verdade, algo incrivelmente natural e programado em nós, só não estamos conscientes para acessar.
Então, O Tantra Vai Livrar O Mundo Da Pornografia?
Eu acho que não. Nós amamos o sexo. Nosso desejo sexual nos faz sentir vivos. E sinceramente, assistir outras pessoas fazendo sexo pode ser muito excitante.
Tantra cura as nossas relações reais com pessoas reais. Aprender como ser realmente íntimo com os outros, nos permite ter relações satisfatórias com as pessoas ao nosso redor. Nós sentimos ligações mais profundas e as nossas experiências íntimas realmente nos curam e nos fazem sentir maior conexão com nós mesmos!
Então, a pornografia não vai acabar, mas para muitos, o vício pode desaparecer, porque uma vez que você passa a experimentar o lado oposto, o seu verdadeiro potencial, uma verdadeira intimidade e as experiências sexuais que estamos destinados a ter, a pornografia tende a não mais te possuir. Ela simplesmente não se aproximará em comparação ao que se experimenta com o Tantra.
Quer dizer, uma vez que você dirigiu uma Ferrari, não poderá mais comparar com dirigir ou empurrar um carrinho de criança.
Autora: Katrina Bos – collective-evolution.com
Fonte:http://estaremsi.com.br/
TRECHOS DO LIVRO A FUNÇÃO DO ORGASMO (WILHELM REICH)
«As enfermidades psíquicas são o resultado de uma perturbação da capacidade natural de amar» (REICH, 1990, p. 14).
«A estrutura do caráter do homem moderno, que reflete uma cultura patriarcal e autoritária de seis mil anos, é tipificada por um encouraçamento do caráter contra sua própria natureza interior e contra a miséria social que o rodeia. Essa couraça do caráter é a base do isolamento, da indigência, do desejo de autoridade, do medo à responsabilidade, do anseio místico, da miséria sexual e da revolta neuroticamente impotente, assim como de um condescendência patológica. O homem alienou-se a si mesmo da vida, crescendo hostil a ela. Essa alienação não é de origem biológica, mas sócio-econômica. Não se encontra nos estágios da história humana anteriores ao desenvolvimento do patriarcado» (REICH, 1990, p. 14-15).
«Uma sujeição sem remédio às condições sócias caóticas continuará a caracterizar a existência humana. Prevalecerá a destruição da vida pela educação coerciva e pela guerra» (REICH, 1990, p. 15).
«Sexualidade e angústia são funções do organismo vivo que operam em direções opostas: expansão agradável e contração angustiante» (REICH, 1990, p. 15).
«A causa imediata de muitos males assoladores pode ser determinada pelo fato de que o homem é a única espécie que não satisfaz à lei natural da sexualidade» (REICH, 1990, p. 16).
«A distorção social da sexualidade natural e sua supressão nas crianças e nos adolescentes são condições humanas universais, transcendendo todas as fronteiras de Estado ou grupo» (REICH, 1990, p. 17).
«É uma tendência humana universal, causada pela supressão da vida; a educação autoritária constitui a base psicológica das massas populares de todas as nações para a aceitação e o estabelecimento da ditadura. Seus elementos básicos são a mistificação do processo vital, um concreto desamparo de caráter material e social, o medo de assumir a responsabilidade de orientar a própria vida, isso é, o desejo mais ou menos forte de uma segurança ilusória e de autoridade ativa ou passiva» (REICH, 1990, p. 18).
«Conhecimento, trabalho e amor natural são as fontes de nossa vida. Deveriam também governá-la; e a responsabilidade total deveria ser assumida pelos homens e mulheres que trabalham, em toda parte» (REICH, 1990, p. 19).
«Significa que o caráter político irracional da vontade do povo deve ser substituído pelo domínio racional do processo social. Isso exige a progressiva auto-educação do povo em direção à liberdade responsável, em vez da suposição infantil de que a liberdade pode ser recebida como um presente, ou pode ser garantida por alguém. Se a democracia quer erradicar a tendência à ditadura nas massas populares, deverá provar que é capaz de eliminar a pobreza e de conseguir a independência racional do povo. Isso, e só isso, pode chamar-se desenvolvimento social orgânico» (REICH, 1990, p. 21).
«Mesmo nas democracias, o povo era ensinado, como ainda o é, a ser cegamente fiel. As catástrofes dos tempos mostraram-nos que o povo ensinado a ser cegamente fiel em qualquer sistema se privará da própria liberdade; matará o que lhe dá a liberdade e fugirá com o ditador» (REICH, 1990, p.21).
«O médico, ou o professor, tem uma única responsabilidade, isso é, praticar inflexível-mente a sua profissão, sem levar em conta os poderes que suprimem a vida, e ter em mente apenas o bem-estar dos que lhe são confiados. Ele não pode representar quaisquer ideologias que contradigam a ciência médica, ou pedagógica» (REICH, 1990, p. 22).
«O homem é um ser desamparado quando lhe falta o conhecimento; o desamparo causado pela ignorância é o fertilizante da ditadura» (REICH, 1990, p. 22).
«A ‹moralidade› é ditatorial quando confunde com pornografia os sentimentos naturais da vida» (REICH, 11990, p. 22).
«O comportamento moral natural pressupõe o livre desenvolvimento do processo natural da vida. Por outro lado, caminham de mãos dadas a moralidade compulsiva e a sexualidade patológica» (REICH, 1990, p. 23).
«Na verdade ele (o homem prático) está se tornando cada vez mais impotente, mas tem um ‹espírito crítico›, estéril, embora; tem ideologias ou tem a autoconfiança fascista. É um escravo, um ninguém, mas a sua raça é uma ‹raça pura› ou nórdica; ele sabe que o ‹espírito› governa o corpo e que os generais defendem a ‹honra›» (REICH, 1990, p. 45).
«É seu próprio corpo que o paciente esquizofrênico sente como seu perseguidor» (REICH, 1990, p. 47).
«Não é apenas o desejo sexual proibido que é inconsciente, mas também as forças defensivas do ego» (REICH, 1990, p. 57).
«Uma experiência psíquica pode provocar uma resposta somática que produz uma mudança permanente em um órgão. […] chamei a esse fenômeno ancoragem fisiológica de uma experiência psíquica» (REICH, 1990, p. 61).
«As pessoas são ‹polimorficamente perversas› e também o são sua moralidade e suas instituições» (REICH, 1990, p. 65-66).
«Se por causa de um casamento insatisfatório, uma mulher jovem e ardente desenvolvia uma neurose estásica, por exemplo, uma angústia cardíaca nervosa, não ocorreria a ninguém indagar a respeito da inibição que a impedia de experimentar a satisfação sexual a despeito de seu casamento. Com o tempo é mesmo possível que ela pudesse desenvolver uma histeria real ou uma neurose compulsiva. Nesse caso, a causa primeira teria sido a inibição moral, enquanto a sexualidade insatisfeita seria a força motriz» (REICH, 1990, p. 86).
«É simples e parece até vulgar, mas eu sustento que toda pessoa que tenha conseguido conservar alguma naturalidade sabe disto: os que são psiquicamente enfermos precisam de uma só coisa — completa e repetida satisfação genital» (REICH, 1990, p. 87).
«O homem é a única espécie biológica que destruiu sua própria função sexual natural e está doente em consequência disso» (REICH, 1990, p.92).
«Potência orgástica é capacidade de abandonar-se, livre de quaisquer inibições, ao fluxo de energia biológica; a capacidade de descarregar completamente a excitação sexual reprimida, por meio de involuntárias e agradáveis convulsões do corpo» (REICH, 1990, p. 92).
«A experiência clínica mostra que, como resultado da repressão sexual universal, homens e mulheres perdem a capacidade de experimentar a entrega involuntária. É precisamente essa faze antes desconhecida de excitação final e de solução da tensão que tenho em mente quando falo de ‹potência orgástica›. Ela constitui a função biológica básica e primária que o homem tem em comum com todos os outros organismos vivos. Toda experiência da natureza deriva dessa função, ou do desejo dela» (REICH, 1990, p. 97).
«A perturbação da genitalidade não é, como se pensava, um sintoma entre outros. É o sintoma da neurose. Pouco a pouco, todas as evidências levaram a uma conclusão: a enfermidade psíquica não é só o resultado de uma perturbação sexual no sentido freudiano lato da palavra; mais concretamente, é o resultado da perturbação da função genital, no sentido estrito da impotência orgástica» (REICH, 1990, p. 99-100).
«A fonte de energia da neurose tem origem na diferença entre acúmulo e a descarga de energia sexual» (REICH, 1990, p. 100).
«Sem qualquer pressentimento do fato, nós nos havíamos aproximado da principal característica do homem moderno, que é a tendência de repelir os impulsos sexuais autênticos e agressivos com atitudes espúrias, falsas e enganosas. A adaptação da técnica á hipocrisia do caráter do paciente apresentava conseqüências que ninguém adivinhava, e que todos inconscientemente temiam» (REICH, 1990, p. 108).
«Agressão, no sentido estrito da palavra, não tem nada a ver com sadismo ou destruição. A palavra significa ‹aproximação›. Toda manifestação positiva da vida é agressiva. […] Agressão é a expressão de vida da musculatura e do sistema de movimento» (REICH, 1990, p. 137).
«Não há conversão de uma excitação sexual. A mesma excitação que aparece nos genitais como sensação de prazer é percebida como angústia quando se apodera do sistema cardíaco, i. e., é percebida como o oposto exato do prazer» (REICH, 1990, p. 119).
«A sobrecarga do sistema vasovegetativo com a excitação sexual não descarregada é o mecanismo central da angústia» (REICH, 1990, p.119).
«[…] A incapacidade de experimentar satisfação é que caracteriza a neurose» (REICH, 1990, p. 135).
«O mundo total da experiência passada incorpora-se ao presente sob a forma de atitudes de caráter. O caráter de uma pessoa é a soma total funcional de todas as experiências passadas» (REICH, 1990, p. 128).
«A tendência destrutiva cravada no caráter não é senão a cólera que o indivíduo sente por causa de sua frustração na vida e de sua falta de satisfação sexual» (REICH, 1990, p. 131).
«Couraça do caráter: um conflito combatido em determinada idade, sempre deixa atrás de si um vestígio no caráter do indivíduo. Esse vestígio se revela como um enrijecimento do caráter. Funciona automaticamente e é difícil de eliminar. O paciente não o sente como algo alheio; freqüentemente, porém, percebe-o como uma rigidez ou como uma perda da espontaneidade. Cada um desses estratos da estrutura do caráter é uma parte da história da vida do indivíduo, conservada e, de outra forma ativa no presente. A experiência mostrou que os conflitos antigos podem ser bem facilmente reativados pela liberação desses estratos. Se os estratos de conflitos enrijecidos eram especialmente numerosos e funcionavam automaticamente, se forma uma unidade compacta e não facilmente penetrável, o paciente os sentia como uma ‹couraça› rodeando o organismo vivo. […] Sua função em todos os casos era proteger o indivíduo contra experiências desagradáveis. Entretanto, acarretava também uma redução da capacidade do organismo para o prazer (REICH, 1990, p. 129-130).
«Agressão, no sentido estrito da palavra, não tem nada a ver com sadismo ou destruição. A palavra significa ‹aproximação›. Toda manifestação positiva da vida é agressiva. […] Agressão é a expressão de vida da musculatura e do sistema de movimento» (REICH, 1990, p. 137).
«Se uma pessoa encontra obstáculos intransponíveis nos seus esforços para experimentar o amor ou a satisfação das exigências sexuais, começa a odiar. Mas o ódio não pode ser expresso. Deve ser refreado para evitar a angústia que causa. Em suma, o amor contrariado causa angústia. Igualmente, a agressão inibida causa angústia; e a angústia inibe as exigências do ódio e do amor» (REICH, 1990, p. 131).
«A pessoa orgasticamente insatisfeita desenvolve um caráter artificial e um medo às reações espontâneas da vida; e assim, também, um medo de perceber suas próprias sensações vegetativas» (REICH, 1990, p. 132).
«A extase sexual é o resultado de uma perturbação da função do orgasmo. Fundamentalmente, as neuroses podem ser curadas pela eliminação de sua fonte de energia, a estase sexual» (REICH, 1990, p. 136).
«Toda ação destrutiva aparentemente arbitrária é uma reação do organismo à frustração da satisfação de uma necessidade vital, especialmente de uma necessidade sexual» (REICH, 1990, p.138).
«A expressão nunca mente. […] A expressão é a manifestação imediata do caráter» (REICH, 1990, p. 150).
«O casamento e a família compulsivos reproduzem a estrutura humana de uma era econômica e psiquicamente mecanizada» (REICH, 1990, p.).
«Ninguém negaria o valor da capacidade de amar, nem o valor da potência sexual. Ninguém ousaria postular a incapacidade para o amor, ou a impotência — que são os resultados da educação autoritária — como objetivo do empenho humano» (REICH, 1990, p. 161).
«A sociedade molda o caráter humano. Por sua vez, o caráter humano reproduz, em massa, a ideologia social. Assim, reproduzindo a negação da vida inerente à ideologia social, as pessoas causam sua própria supressão. Esse é o mecanismo básico da chamada tradição» (REICH, 1990, p. 163).
«Os pais reprimem a sexualidade das crianças pequenas e dos adolescentes, sem saber que o fazem obedecendo às injunções de uma sociedade mecanizada e autoritária. Com sua expressão natural bloqueada pelo ascetismo forçado, e em parte pela falta de uma atividade fecunda, as crianças desenvolvam pelos pais uma fixação pegajosa, marcada pelo desamparo e por sentimentos de culpa. Isso, por sua vez, impede que se libertem da situação de infância, com todas as suas inibições e angústias sexuais concomitantes. As crianças educadas assim tornam-se adultos com neuroses de caráter, e depois transmitem suas neuroses a seus próprios filhos. Assim de geração em geração. Dessa forma é que se perpetua a tradição conservadora que teme a vida. Como, apesar disso, podem as pessoas se tornar — e permanecer — sãs?» (REICH, 1990, p. 172).
«Pus o preto no branco ao afirmar que a educação convencional torna as pessoas incapazes para o prazer — encouraçando-as com o desprazer. O prazer e a alegria da vida são inconcebíveis sem luta, sem experiências dolorosas e desagradáveis auto-avaliações. A saúde psíquica se caracteriza são pela teoria do nirvana dos iogues e budistas, nem pelo hedonismo dos epicuristas ou pela renúncia do monasticismo; caracteriza-se pela alternância entre a luta desagradável e a felicidade, entre o erro e a verdade, entre a derivação e a volta ao rumo, entre o ódio racional e o amor racional; em suma, pelo fato de se estar plenamente vivo em todas as situações da vida» (REICH, 1990, p. 175).
«A higiene mental pressupõe uma vida ordenada, materialmente garantida. Uma pessoa atormentada pelas necessidades materiais básicas não pode gozar nenhum prazer, e facilmente se transforma em um psicopata sexual» (REICH, 1990, p. 177).
«Toda a produção da cultura, da história de amor às mais altas realizações da poesia, confirma minha opinião. Toda a política da cultura (filmes, romances, poesia, etc) gira em torno do elemento sexual e medra sobre sua renúncia na realidade e sua afirmação no ideal. As industrias e a propaganda capitalizam-no. Se toda a humanidade sonha com a felicidade sexual e poetiza o tema, não deveria também ser possível transformar o sonho em realidade? O objetivo era claro. Os fatos descobertos na profundidade biológica exigiam atenção médica. Por que, apesar disso, o anseio de felicidade sempre aparece apenas como uma visão fantástica, em luta com a dura realidade?» (REICH, 1990, p. 183-184).
«As leis patriarcais pertencentes à religião, à cultura e ao casamento são predominantemente leis contra a sexualidade» (REICH, 1990, p. 192).
«O que acontece com os instintos que são libertados da repressão? Segundo a psicanálise, são censurados e sublimados. Não havia qualquer menção — e nem podia haver — da satisfação real, porque o inconsciente era concebido apenas como o inferno, ou como um feixe de impulsos anti-sociais e perversos» (REICH, 1990, p. 186).
«Toda educação sofre com o fato de que a adaptação social requer a repressão da sexualidade natural, e de que essa repressão torna as pessoas doentes e anti-sociais» (REICH, 1990, p. 187).
«O anseio do homem pela vida e pelo prazer não pode ser aniquilado, enquanto o caos social da sexualidade pode ser eliminado» (REICH, 1990, p. 189).
«A supressão da sexualidade das crianças e dos adolescentes tinha a função de tornar mais fácil para os pais insistir na obediência cega dos filhos» (REICH, 1990, p. 193).
«A supressão sexual tem a função de tornar o homem dócil à autoridade exatamente como a castração dos garanhões e dos touros tem a função de produzir satisfeitos animais de carga» (REICH, 1990, p. 193).
«A supressão sexual torna-se um instrumento essencial de escravização econômica» (REICH, 1990, p. 200).
«Assim, a formação de uma estrutura de caráter sexual negativa era o objetivo real e inconsciente da educação» (REICH, 1990, p. 194).
«Apenas a liberação da capacidade natural do homem para o amor é que pode vencer a tendência sádica e destrutiva» (REICH, 1990, p. 195).
«Crianças saudáveis são sexualmente ativas de maneira natural e espontânea. Crianças doentes são sexualmente ativas de maneira inatural, i, e., perversa. Por isso, na nossa educação sexual, enfrentamos não a alternativa de atividade sexual ou ascetismo mas a alternativa de sexualidade natural e sã ou sexualidade perversa e neurótica» (REICH, 1990, p. 200).
«A era autoritária e patriarcal da história humana tentou manter sob controle os impulsos anti-sociais por meio de proibições morais compulsivas. Foi dessa maneira que o homem civilizado, se na verdade pode ser chamado assim, desenvolveu uma estrutura psíquica que consiste em três estratos. Na superfície, usa a máscara artificial do autocontrole, da insincera polidez compulsiva e da pseudo-sociabilidade. Essa máscara esconde o segundo estrato, o ‹inconsciente›, freudiano, no qual sadismo, avareza, sensualidade, inveja, perversões de toda sorte, etc., são mantidos sob controle, não sendo, entretanto privados da mais leve quantidade de energia. Esse segundo estrato é o produto artificial de uma cultura negadora do sexo e, em geral, é sentido conscientemente como um enorme vazio interior e como desolação. Por baixo disso, na profundidade, existem e agem a sociabilidade e a sexualidade naturais, a alegria espontânea no trabalho e a capacidade para o amor. Esse terceiro e mais profundo estrato, que representa cerne biológico da estrutura humana, é inconsciente e temido. Está em desacordo como todos os aspectos da educação e do controle autoritários. Ao mesmo tempo, é a única esperança real que o homem tem de dominar um dia a miséria social» (REICH, 1990, p. 201).
«O fato de que milhões de pessoas foram sempre ensinadas a reconhecer uma autoridade política tradicional, em vez de uma autoridade baseada no conhecimento dos fatos, constituiu a base sobre a qual a exigência fascista de obediência pode agir» (REICH, 1990, p. 204-204).
«Desde os tempos antigos, a ‹preservação da família› fora, na Europa, um abstrato chavão, por trás do qual se escondiam os pensamentos e ações mais reacionários. Alguém que criticasse a família autoritária compulsiva, e a distinguisse do relacionamento natural de amor entre filhos e os pais, era ‹inimigo da pátria›, um ‹destruidor da sagrada instituição da família›, um anarquista» (REICH, 1990, p. 209).
«Como o medo da excitação orgástica se encontra em toda neurose, as fantasias e atitudes masoquistas fazem parte de toda enfermidade emocional» (REICH, 1990, p. 219).
«O masoquismo não corresponde a um instinto biológico. É o resultado de uma perturbação na capacidade de satisfação de uma pessoa, e uma tentativa continuadamente frustrada de corrigir essa perturbação. O masoquismo é a expressão de uma tensão sexual que não pode ser aliviada. Sua fonte imediata é a angústia de prazer ou medo da descarga orgástica. O que o caracteriza é que procura conseguir precisamente aquilo que mais profundamente teme: a liberação agradável da tensão, experimentada e temida como um rompimento ou uma exploração » (REICH, 1990, p. 220).
«Sofrer e suportar o sofrimento são resultados da perda da capacidade orgástica para o prazer» (REICH, 1990, p. 220).
«A neurose não é mais que a soma total de todas as inibições cronicamente automáticas de excitação sexual natural» (REICH, 1990, p. 222).
«Em forma de ideologia e prática de várias religiões patriarcais, o masoquismo prolifera como erva má e sufoca todos os direitos naturais à vida. Mantém as pessoas no estado abissal de submissão. Impede suas tentativas de chegar a uma ação racional comum e os satura do medo de assumir a responsabilidade de sua existência. É causa do fracasso dos melhores impulsos de democratização da sociedade» (REICH, 1990, p. 223).
«A vida funciona, apenas. Não tem nenhum ‹significado›» (REICH, 1990, p. 226).
«A energia da vida sexual pode ser contida por tensões musculares crônicas. A cólera e a angustia podem também ser bloqueadas por tensões musculares» (REICH, 1990, p. 231).
«Nós não temos relações sexuais ‹a fim de gerar filhos›, mas porque uma congestão de fluido carrega bioeletricamente os órgãos genitais e pressiona em direção à descarga. Isso, por sua vez, é acompanhado pela descarga de substâncias sexuais. Assim, a sexualidade não está a serviço da procriação; mais propriamente, a procriação é um resultado incidental do processo tensão-carga nos genitais. Isso pode ser deprimente para os campeões da filosofia moral eugênica, mas é a pura verdade» (REICH, 1990, p. 241-242).
«Os afetos de uma experiência não são determinados pelo seu conteúdo, mas pela quantidade de energia vegetativa mobilizada pela experiência» (REICH, 1990, p. 268).
«Todos os estados somáticos que se conhecem clinicamente, como a hipertensão cardiovascular, se tornam compreensíveis como estados de atitudes crônicas simpaticotônicas de angustia. No centro dessa simpaticotonia está a angustia de orgasmo, isto é, o medo da expansão e da convulsão involuntária» (REICH, 1990, p. 253).
«Vista biologicamente, a inibição da respiração nos neuróticos tem a função de reduzir a produção de energia no organismo e, assim, a produção de angustia» (REICH, 1990, p. 263).
«No rompimento da unidade do sentimento do corpo pela supressão sexual, e no contínuo anseio de restabelecer contato consigo mesmo e com o mundo, encontra-se a raiz de todas as religiões negadoras do sexo. ‹Deus› é a idéia mistificada da harmonia vegetativa entre o eu e a natureza. Desse ângulo, a religião só pode ser reconciliada com a ciência natural se Deus personifica as leis naturais e o homem está incluído no processo natural» (REICH, 1990, p. 302).
«Certas expressões, habituais na educação pela boca de pais e mestres, retratam com exatidão o que aqui descrevi como técnica muscular de encouraçamento. Uma das peças centrais da educação atual é o aprendizado do autocontrole. ‹Quem quer ser homem deve dominar-se›. ‹Não se deve deixar-se levar›. ‹Não se deve demonstrar medo›. ‹Cólera é falta de educação›. ‹Uma criança decente senta-se quieta›. ‹Não se deve demonstrar o que se sente›. ‹Deve-se cerrar os dentes›. Essas frases, características da educação, inicialmente são repelidas pelas crianças, depois aceitas com relutância, laboradas e, por fim, exercitadas. Entortam-lhes — via de regra — a espinha da alma, quebram-lhes a vontade, destroem-lhes a vida interior, fazem delas bonecos bem educados.» (REICH, 1990, p. 304).
«Não adianta nada que os ‹caracteres rebeldes› oponham barreiras à educação. Precisamos mesmo é: 1) do mais exato entendimento dos mecanismos pelos quais as emoções são patologicamente controladas; 2) da aquisição da mais larga experiência possível no trabalho prático com crianças, para descobrir qual a atitude que as próprias crianças assumem em relação a seus impulsos naturais dentro das condições existentes; 3) de descobrir as condições educacionais necessárias para estabelecer uma harmonia entre motilidade vegetativa e a sociabilidade; 4) a criação da fundação geral econômico-social para conseguirmos as condições anteriores» (REICH, 1990, p. 304).
«Mente e corpo constituem uma unidade funcional, tendo ao mesmo tempo uma relação antitética. Ambos funcionam segundo leis biológicas. A modificação dessas leis é resultado de influências sociais. A estrutura psicossomática é o resultado de um choque entre as funções sociais e biológicas. A função do orgasmo é a medida do funcionamento psicofísico, porque é nela que se expressa a função da energia biológica» (REICH, 1990, p. 320).
REFERENCIA
REICH, Wilhelm. A função do orgasmo. São Paulo: Círculo do Livro. 1990. 343p. Tradução: Maria da Glória Novak.
Fonte:http://formacao.casadelakshmi.com/trechos-do-livro-a-funcao-do-orgasmo-wilhelm-reich/
«As enfermidades psíquicas são o resultado de uma perturbação da capacidade natural de amar» (REICH, 1990, p. 14).
«A estrutura do caráter do homem moderno, que reflete uma cultura patriarcal e autoritária de seis mil anos, é tipificada por um encouraçamento do caráter contra sua própria natureza interior e contra a miséria social que o rodeia. Essa couraça do caráter é a base do isolamento, da indigência, do desejo de autoridade, do medo à responsabilidade, do anseio místico, da miséria sexual e da revolta neuroticamente impotente, assim como de um condescendência patológica. O homem alienou-se a si mesmo da vida, crescendo hostil a ela. Essa alienação não é de origem biológica, mas sócio-econômica. Não se encontra nos estágios da história humana anteriores ao desenvolvimento do patriarcado» (REICH, 1990, p. 14-15).
«Uma sujeição sem remédio às condições sócias caóticas continuará a caracterizar a existência humana. Prevalecerá a destruição da vida pela educação coerciva e pela guerra» (REICH, 1990, p. 15).
«Sexualidade e angústia são funções do organismo vivo que operam em direções opostas: expansão agradável e contração angustiante» (REICH, 1990, p. 15).
«A causa imediata de muitos males assoladores pode ser determinada pelo fato de que o homem é a única espécie que não satisfaz à lei natural da sexualidade» (REICH, 1990, p. 16).
«A distorção social da sexualidade natural e sua supressão nas crianças e nos adolescentes são condições humanas universais, transcendendo todas as fronteiras de Estado ou grupo» (REICH, 1990, p. 17).
«É uma tendência humana universal, causada pela supressão da vida; a educação autoritária constitui a base psicológica das massas populares de todas as nações para a aceitação e o estabelecimento da ditadura. Seus elementos básicos são a mistificação do processo vital, um concreto desamparo de caráter material e social, o medo de assumir a responsabilidade de orientar a própria vida, isso é, o desejo mais ou menos forte de uma segurança ilusória e de autoridade ativa ou passiva» (REICH, 1990, p. 18).
«Conhecimento, trabalho e amor natural são as fontes de nossa vida. Deveriam também governá-la; e a responsabilidade total deveria ser assumida pelos homens e mulheres que trabalham, em toda parte» (REICH, 1990, p. 19).
«Significa que o caráter político irracional da vontade do povo deve ser substituído pelo domínio racional do processo social. Isso exige a progressiva auto-educação do povo em direção à liberdade responsável, em vez da suposição infantil de que a liberdade pode ser recebida como um presente, ou pode ser garantida por alguém. Se a democracia quer erradicar a tendência à ditadura nas massas populares, deverá provar que é capaz de eliminar a pobreza e de conseguir a independência racional do povo. Isso, e só isso, pode chamar-se desenvolvimento social orgânico» (REICH, 1990, p. 21).
«Mesmo nas democracias, o povo era ensinado, como ainda o é, a ser cegamente fiel. As catástrofes dos tempos mostraram-nos que o povo ensinado a ser cegamente fiel em qualquer sistema se privará da própria liberdade; matará o que lhe dá a liberdade e fugirá com o ditador» (REICH, 1990, p.21).
«O médico, ou o professor, tem uma única responsabilidade, isso é, praticar inflexível-mente a sua profissão, sem levar em conta os poderes que suprimem a vida, e ter em mente apenas o bem-estar dos que lhe são confiados. Ele não pode representar quaisquer ideologias que contradigam a ciência médica, ou pedagógica» (REICH, 1990, p. 22).
«O homem é um ser desamparado quando lhe falta o conhecimento; o desamparo causado pela ignorância é o fertilizante da ditadura» (REICH, 1990, p. 22).
«A ‹moralidade› é ditatorial quando confunde com pornografia os sentimentos naturais da vida» (REICH, 11990, p. 22).
«O comportamento moral natural pressupõe o livre desenvolvimento do processo natural da vida. Por outro lado, caminham de mãos dadas a moralidade compulsiva e a sexualidade patológica» (REICH, 1990, p. 23).
«Na verdade ele (o homem prático) está se tornando cada vez mais impotente, mas tem um ‹espírito crítico›, estéril, embora; tem ideologias ou tem a autoconfiança fascista. É um escravo, um ninguém, mas a sua raça é uma ‹raça pura› ou nórdica; ele sabe que o ‹espírito› governa o corpo e que os generais defendem a ‹honra›» (REICH, 1990, p. 45).
«É seu próprio corpo que o paciente esquizofrênico sente como seu perseguidor» (REICH, 1990, p. 47).
«Não é apenas o desejo sexual proibido que é inconsciente, mas também as forças defensivas do ego» (REICH, 1990, p. 57).
«Uma experiência psíquica pode provocar uma resposta somática que produz uma mudança permanente em um órgão. […] chamei a esse fenômeno ancoragem fisiológica de uma experiência psíquica» (REICH, 1990, p. 61).
«As pessoas são ‹polimorficamente perversas› e também o são sua moralidade e suas instituições» (REICH, 1990, p. 65-66).
«Se por causa de um casamento insatisfatório, uma mulher jovem e ardente desenvolvia uma neurose estásica, por exemplo, uma angústia cardíaca nervosa, não ocorreria a ninguém indagar a respeito da inibição que a impedia de experimentar a satisfação sexual a despeito de seu casamento. Com o tempo é mesmo possível que ela pudesse desenvolver uma histeria real ou uma neurose compulsiva. Nesse caso, a causa primeira teria sido a inibição moral, enquanto a sexualidade insatisfeita seria a força motriz» (REICH, 1990, p. 86).
«É simples e parece até vulgar, mas eu sustento que toda pessoa que tenha conseguido conservar alguma naturalidade sabe disto: os que são psiquicamente enfermos precisam de uma só coisa — completa e repetida satisfação genital» (REICH, 1990, p. 87).
«O homem é a única espécie biológica que destruiu sua própria função sexual natural e está doente em consequência disso» (REICH, 1990, p.92).
«Potência orgástica é capacidade de abandonar-se, livre de quaisquer inibições, ao fluxo de energia biológica; a capacidade de descarregar completamente a excitação sexual reprimida, por meio de involuntárias e agradáveis convulsões do corpo» (REICH, 1990, p. 92).
«A experiência clínica mostra que, como resultado da repressão sexual universal, homens e mulheres perdem a capacidade de experimentar a entrega involuntária. É precisamente essa faze antes desconhecida de excitação final e de solução da tensão que tenho em mente quando falo de ‹potência orgástica›. Ela constitui a função biológica básica e primária que o homem tem em comum com todos os outros organismos vivos. Toda experiência da natureza deriva dessa função, ou do desejo dela» (REICH, 1990, p. 97).
«A perturbação da genitalidade não é, como se pensava, um sintoma entre outros. É o sintoma da neurose. Pouco a pouco, todas as evidências levaram a uma conclusão: a enfermidade psíquica não é só o resultado de uma perturbação sexual no sentido freudiano lato da palavra; mais concretamente, é o resultado da perturbação da função genital, no sentido estrito da impotência orgástica» (REICH, 1990, p. 99-100).
«A fonte de energia da neurose tem origem na diferença entre acúmulo e a descarga de energia sexual» (REICH, 1990, p. 100).
«Sem qualquer pressentimento do fato, nós nos havíamos aproximado da principal característica do homem moderno, que é a tendência de repelir os impulsos sexuais autênticos e agressivos com atitudes espúrias, falsas e enganosas. A adaptação da técnica á hipocrisia do caráter do paciente apresentava conseqüências que ninguém adivinhava, e que todos inconscientemente temiam» (REICH, 1990, p. 108).
«Agressão, no sentido estrito da palavra, não tem nada a ver com sadismo ou destruição. A palavra significa ‹aproximação›. Toda manifestação positiva da vida é agressiva. […] Agressão é a expressão de vida da musculatura e do sistema de movimento» (REICH, 1990, p. 137).
«Não há conversão de uma excitação sexual. A mesma excitação que aparece nos genitais como sensação de prazer é percebida como angústia quando se apodera do sistema cardíaco, i. e., é percebida como o oposto exato do prazer» (REICH, 1990, p. 119).
«A sobrecarga do sistema vasovegetativo com a excitação sexual não descarregada é o mecanismo central da angústia» (REICH, 1990, p.119).
«[…] A incapacidade de experimentar satisfação é que caracteriza a neurose» (REICH, 1990, p. 135).
«O mundo total da experiência passada incorpora-se ao presente sob a forma de atitudes de caráter. O caráter de uma pessoa é a soma total funcional de todas as experiências passadas» (REICH, 1990, p. 128).
«A tendência destrutiva cravada no caráter não é senão a cólera que o indivíduo sente por causa de sua frustração na vida e de sua falta de satisfação sexual» (REICH, 1990, p. 131).
«Couraça do caráter: um conflito combatido em determinada idade, sempre deixa atrás de si um vestígio no caráter do indivíduo. Esse vestígio se revela como um enrijecimento do caráter. Funciona automaticamente e é difícil de eliminar. O paciente não o sente como algo alheio; freqüentemente, porém, percebe-o como uma rigidez ou como uma perda da espontaneidade. Cada um desses estratos da estrutura do caráter é uma parte da história da vida do indivíduo, conservada e, de outra forma ativa no presente. A experiência mostrou que os conflitos antigos podem ser bem facilmente reativados pela liberação desses estratos. Se os estratos de conflitos enrijecidos eram especialmente numerosos e funcionavam automaticamente, se forma uma unidade compacta e não facilmente penetrável, o paciente os sentia como uma ‹couraça› rodeando o organismo vivo. […] Sua função em todos os casos era proteger o indivíduo contra experiências desagradáveis. Entretanto, acarretava também uma redução da capacidade do organismo para o prazer (REICH, 1990, p. 129-130).
«Agressão, no sentido estrito da palavra, não tem nada a ver com sadismo ou destruição. A palavra significa ‹aproximação›. Toda manifestação positiva da vida é agressiva. […] Agressão é a expressão de vida da musculatura e do sistema de movimento» (REICH, 1990, p. 137).
«Se uma pessoa encontra obstáculos intransponíveis nos seus esforços para experimentar o amor ou a satisfação das exigências sexuais, começa a odiar. Mas o ódio não pode ser expresso. Deve ser refreado para evitar a angústia que causa. Em suma, o amor contrariado causa angústia. Igualmente, a agressão inibida causa angústia; e a angústia inibe as exigências do ódio e do amor» (REICH, 1990, p. 131).
«A pessoa orgasticamente insatisfeita desenvolve um caráter artificial e um medo às reações espontâneas da vida; e assim, também, um medo de perceber suas próprias sensações vegetativas» (REICH, 1990, p. 132).
«A extase sexual é o resultado de uma perturbação da função do orgasmo. Fundamentalmente, as neuroses podem ser curadas pela eliminação de sua fonte de energia, a estase sexual» (REICH, 1990, p. 136).
«Toda ação destrutiva aparentemente arbitrária é uma reação do organismo à frustração da satisfação de uma necessidade vital, especialmente de uma necessidade sexual» (REICH, 1990, p.138).
«A expressão nunca mente. […] A expressão é a manifestação imediata do caráter» (REICH, 1990, p. 150).
«O casamento e a família compulsivos reproduzem a estrutura humana de uma era econômica e psiquicamente mecanizada» (REICH, 1990, p.).
«Ninguém negaria o valor da capacidade de amar, nem o valor da potência sexual. Ninguém ousaria postular a incapacidade para o amor, ou a impotência — que são os resultados da educação autoritária — como objetivo do empenho humano» (REICH, 1990, p. 161).
«A sociedade molda o caráter humano. Por sua vez, o caráter humano reproduz, em massa, a ideologia social. Assim, reproduzindo a negação da vida inerente à ideologia social, as pessoas causam sua própria supressão. Esse é o mecanismo básico da chamada tradição» (REICH, 1990, p. 163).
«Os pais reprimem a sexualidade das crianças pequenas e dos adolescentes, sem saber que o fazem obedecendo às injunções de uma sociedade mecanizada e autoritária. Com sua expressão natural bloqueada pelo ascetismo forçado, e em parte pela falta de uma atividade fecunda, as crianças desenvolvam pelos pais uma fixação pegajosa, marcada pelo desamparo e por sentimentos de culpa. Isso, por sua vez, impede que se libertem da situação de infância, com todas as suas inibições e angústias sexuais concomitantes. As crianças educadas assim tornam-se adultos com neuroses de caráter, e depois transmitem suas neuroses a seus próprios filhos. Assim de geração em geração. Dessa forma é que se perpetua a tradição conservadora que teme a vida. Como, apesar disso, podem as pessoas se tornar — e permanecer — sãs?» (REICH, 1990, p. 172).
«Pus o preto no branco ao afirmar que a educação convencional torna as pessoas incapazes para o prazer — encouraçando-as com o desprazer. O prazer e a alegria da vida são inconcebíveis sem luta, sem experiências dolorosas e desagradáveis auto-avaliações. A saúde psíquica se caracteriza são pela teoria do nirvana dos iogues e budistas, nem pelo hedonismo dos epicuristas ou pela renúncia do monasticismo; caracteriza-se pela alternância entre a luta desagradável e a felicidade, entre o erro e a verdade, entre a derivação e a volta ao rumo, entre o ódio racional e o amor racional; em suma, pelo fato de se estar plenamente vivo em todas as situações da vida» (REICH, 1990, p. 175).
«A higiene mental pressupõe uma vida ordenada, materialmente garantida. Uma pessoa atormentada pelas necessidades materiais básicas não pode gozar nenhum prazer, e facilmente se transforma em um psicopata sexual» (REICH, 1990, p. 177).
«Toda a produção da cultura, da história de amor às mais altas realizações da poesia, confirma minha opinião. Toda a política da cultura (filmes, romances, poesia, etc) gira em torno do elemento sexual e medra sobre sua renúncia na realidade e sua afirmação no ideal. As industrias e a propaganda capitalizam-no. Se toda a humanidade sonha com a felicidade sexual e poetiza o tema, não deveria também ser possível transformar o sonho em realidade? O objetivo era claro. Os fatos descobertos na profundidade biológica exigiam atenção médica. Por que, apesar disso, o anseio de felicidade sempre aparece apenas como uma visão fantástica, em luta com a dura realidade?» (REICH, 1990, p. 183-184).
«As leis patriarcais pertencentes à religião, à cultura e ao casamento são predominantemente leis contra a sexualidade» (REICH, 1990, p. 192).
«O que acontece com os instintos que são libertados da repressão? Segundo a psicanálise, são censurados e sublimados. Não havia qualquer menção — e nem podia haver — da satisfação real, porque o inconsciente era concebido apenas como o inferno, ou como um feixe de impulsos anti-sociais e perversos» (REICH, 1990, p. 186).
«Toda educação sofre com o fato de que a adaptação social requer a repressão da sexualidade natural, e de que essa repressão torna as pessoas doentes e anti-sociais» (REICH, 1990, p. 187).
«O anseio do homem pela vida e pelo prazer não pode ser aniquilado, enquanto o caos social da sexualidade pode ser eliminado» (REICH, 1990, p. 189).
«A supressão da sexualidade das crianças e dos adolescentes tinha a função de tornar mais fácil para os pais insistir na obediência cega dos filhos» (REICH, 1990, p. 193).
«A supressão sexual tem a função de tornar o homem dócil à autoridade exatamente como a castração dos garanhões e dos touros tem a função de produzir satisfeitos animais de carga» (REICH, 1990, p. 193).
«A supressão sexual torna-se um instrumento essencial de escravização econômica» (REICH, 1990, p. 200).
«Assim, a formação de uma estrutura de caráter sexual negativa era o objetivo real e inconsciente da educação» (REICH, 1990, p. 194).
«Apenas a liberação da capacidade natural do homem para o amor é que pode vencer a tendência sádica e destrutiva» (REICH, 1990, p. 195).
«Crianças saudáveis são sexualmente ativas de maneira natural e espontânea. Crianças doentes são sexualmente ativas de maneira inatural, i, e., perversa. Por isso, na nossa educação sexual, enfrentamos não a alternativa de atividade sexual ou ascetismo mas a alternativa de sexualidade natural e sã ou sexualidade perversa e neurótica» (REICH, 1990, p. 200).
«A era autoritária e patriarcal da história humana tentou manter sob controle os impulsos anti-sociais por meio de proibições morais compulsivas. Foi dessa maneira que o homem civilizado, se na verdade pode ser chamado assim, desenvolveu uma estrutura psíquica que consiste em três estratos. Na superfície, usa a máscara artificial do autocontrole, da insincera polidez compulsiva e da pseudo-sociabilidade. Essa máscara esconde o segundo estrato, o ‹inconsciente›, freudiano, no qual sadismo, avareza, sensualidade, inveja, perversões de toda sorte, etc., são mantidos sob controle, não sendo, entretanto privados da mais leve quantidade de energia. Esse segundo estrato é o produto artificial de uma cultura negadora do sexo e, em geral, é sentido conscientemente como um enorme vazio interior e como desolação. Por baixo disso, na profundidade, existem e agem a sociabilidade e a sexualidade naturais, a alegria espontânea no trabalho e a capacidade para o amor. Esse terceiro e mais profundo estrato, que representa cerne biológico da estrutura humana, é inconsciente e temido. Está em desacordo como todos os aspectos da educação e do controle autoritários. Ao mesmo tempo, é a única esperança real que o homem tem de dominar um dia a miséria social» (REICH, 1990, p. 201).
«O fato de que milhões de pessoas foram sempre ensinadas a reconhecer uma autoridade política tradicional, em vez de uma autoridade baseada no conhecimento dos fatos, constituiu a base sobre a qual a exigência fascista de obediência pode agir» (REICH, 1990, p. 204-204).
«Desde os tempos antigos, a ‹preservação da família› fora, na Europa, um abstrato chavão, por trás do qual se escondiam os pensamentos e ações mais reacionários. Alguém que criticasse a família autoritária compulsiva, e a distinguisse do relacionamento natural de amor entre filhos e os pais, era ‹inimigo da pátria›, um ‹destruidor da sagrada instituição da família›, um anarquista» (REICH, 1990, p. 209).
«Como o medo da excitação orgástica se encontra em toda neurose, as fantasias e atitudes masoquistas fazem parte de toda enfermidade emocional» (REICH, 1990, p. 219).
«O masoquismo não corresponde a um instinto biológico. É o resultado de uma perturbação na capacidade de satisfação de uma pessoa, e uma tentativa continuadamente frustrada de corrigir essa perturbação. O masoquismo é a expressão de uma tensão sexual que não pode ser aliviada. Sua fonte imediata é a angústia de prazer ou medo da descarga orgástica. O que o caracteriza é que procura conseguir precisamente aquilo que mais profundamente teme: a liberação agradável da tensão, experimentada e temida como um rompimento ou uma exploração » (REICH, 1990, p. 220).
«Sofrer e suportar o sofrimento são resultados da perda da capacidade orgástica para o prazer» (REICH, 1990, p. 220).
«A neurose não é mais que a soma total de todas as inibições cronicamente automáticas de excitação sexual natural» (REICH, 1990, p. 222).
«Em forma de ideologia e prática de várias religiões patriarcais, o masoquismo prolifera como erva má e sufoca todos os direitos naturais à vida. Mantém as pessoas no estado abissal de submissão. Impede suas tentativas de chegar a uma ação racional comum e os satura do medo de assumir a responsabilidade de sua existência. É causa do fracasso dos melhores impulsos de democratização da sociedade» (REICH, 1990, p. 223).
«A vida funciona, apenas. Não tem nenhum ‹significado›» (REICH, 1990, p. 226).
«A energia da vida sexual pode ser contida por tensões musculares crônicas. A cólera e a angustia podem também ser bloqueadas por tensões musculares» (REICH, 1990, p. 231).
«Nós não temos relações sexuais ‹a fim de gerar filhos›, mas porque uma congestão de fluido carrega bioeletricamente os órgãos genitais e pressiona em direção à descarga. Isso, por sua vez, é acompanhado pela descarga de substâncias sexuais. Assim, a sexualidade não está a serviço da procriação; mais propriamente, a procriação é um resultado incidental do processo tensão-carga nos genitais. Isso pode ser deprimente para os campeões da filosofia moral eugênica, mas é a pura verdade» (REICH, 1990, p. 241-242).
«Os afetos de uma experiência não são determinados pelo seu conteúdo, mas pela quantidade de energia vegetativa mobilizada pela experiência» (REICH, 1990, p. 268).
«Todos os estados somáticos que se conhecem clinicamente, como a hipertensão cardiovascular, se tornam compreensíveis como estados de atitudes crônicas simpaticotônicas de angustia. No centro dessa simpaticotonia está a angustia de orgasmo, isto é, o medo da expansão e da convulsão involuntária» (REICH, 1990, p. 253).
«Vista biologicamente, a inibição da respiração nos neuróticos tem a função de reduzir a produção de energia no organismo e, assim, a produção de angustia» (REICH, 1990, p. 263).
«No rompimento da unidade do sentimento do corpo pela supressão sexual, e no contínuo anseio de restabelecer contato consigo mesmo e com o mundo, encontra-se a raiz de todas as religiões negadoras do sexo. ‹Deus› é a idéia mistificada da harmonia vegetativa entre o eu e a natureza. Desse ângulo, a religião só pode ser reconciliada com a ciência natural se Deus personifica as leis naturais e o homem está incluído no processo natural» (REICH, 1990, p. 302).
«Certas expressões, habituais na educação pela boca de pais e mestres, retratam com exatidão o que aqui descrevi como técnica muscular de encouraçamento. Uma das peças centrais da educação atual é o aprendizado do autocontrole. ‹Quem quer ser homem deve dominar-se›. ‹Não se deve deixar-se levar›. ‹Não se deve demonstrar medo›. ‹Cólera é falta de educação›. ‹Uma criança decente senta-se quieta›. ‹Não se deve demonstrar o que se sente›. ‹Deve-se cerrar os dentes›. Essas frases, características da educação, inicialmente são repelidas pelas crianças, depois aceitas com relutância, laboradas e, por fim, exercitadas. Entortam-lhes — via de regra — a espinha da alma, quebram-lhes a vontade, destroem-lhes a vida interior, fazem delas bonecos bem educados.» (REICH, 1990, p. 304).
«Não adianta nada que os ‹caracteres rebeldes› oponham barreiras à educação. Precisamos mesmo é: 1) do mais exato entendimento dos mecanismos pelos quais as emoções são patologicamente controladas; 2) da aquisição da mais larga experiência possível no trabalho prático com crianças, para descobrir qual a atitude que as próprias crianças assumem em relação a seus impulsos naturais dentro das condições existentes; 3) de descobrir as condições educacionais necessárias para estabelecer uma harmonia entre motilidade vegetativa e a sociabilidade; 4) a criação da fundação geral econômico-social para conseguirmos as condições anteriores» (REICH, 1990, p. 304).
«Mente e corpo constituem uma unidade funcional, tendo ao mesmo tempo uma relação antitética. Ambos funcionam segundo leis biológicas. A modificação dessas leis é resultado de influências sociais. A estrutura psicossomática é o resultado de um choque entre as funções sociais e biológicas. A função do orgasmo é a medida do funcionamento psicofísico, porque é nela que se expressa a função da energia biológica» (REICH, 1990, p. 320).
REFERENCIA
REICH, Wilhelm. A função do orgasmo. São Paulo: Círculo do Livro. 1990. 343p. Tradução: Maria da Glória Novak.
REICH, Wilhelm. A função do orgasmo. São Paulo: Círculo do Livro. 1990. 343p. Tradução: Maria da Glória Novak.
Fonte:http://formacao.casadelakshmi.com/trechos-do-livro-a-funcao-do-orgasmo-wilhelm-reich/
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