Como os robôs e a realidade virtual vão afetar a prostituição e o mundo do sexo
Sexta-feira, 03 de Junho de 2016
Apesar de muita gente achar estranho ou ainda tratar como brincadeira, os robôs sexuais já são uma realidade e estão entre nós. Ou pelo menos entre os poucos entusiastas dessa tecnologia que já abraçaram uma tendência que, segundo analistas, é o futuro.
A gente já comentou sobre esse assunto antes, mostrando o quanto as empresas especializadas nessa nova geração de “bonecas infláveis” está se dedicando a fazer produtos cada vez mais realistas. É claro que muita gente vai torcer o nariz para esse tipo de coisa, mas não podemos dar as costas para a tecnologia e as possibilidades que ela oferece — por mais bizarra que às vezes ela seja. Prova disso é que esses brinquedos de luxo não só estão ganhando cada vez mais espaço no mercado do prazer como ainda trouxeram à tona uma série de questões relacionadas à indústria do sexo.
Afinal, como essa nova linha de produtos vai impactar uma série de outros segmentos, incluindo a prostituição? De novo: não é piada. O mercado do sexo é algo que movimenta milhões e milhões de dólares todos os anos, seja com pornografia, estabelecimentos dedicados, produtos para fins sexuais e até mesmo prostituição. Se a chegada desses robôs for tão impactante na vida das pessoas como muitos especialistas preveem, pode ser que tenhamos uma reviravolta imensa na forma como vemos e consumimos tudo isso — e em alguns conceitos bem antigos.
Uma quebra de paradigma
O consultor britânico em tecnologia Ian Pearson divulgou um estudo chamado “O Futuro do Sexo: O Surgimento dos Robossexuais”, um artigo no qual destaca exatamente a tendência das pessoas se apaixonarem por robôs e inteligências artificiais, chegando até mesmo ao sexo em si.
Nessa pesquisa, ele aponta que o sexo com robôs é algo que deixará de ser tabu ao longo das próximas décadas, principalmente com a expansão da Internet das Coisas e a chegada de tecnologias que vão permitir que as pessoas conectem seus sistemas nervosos ao sistema das máquinas. Desse modo, ele afirma que vai ser comum que as pessoas tenham um robô em suas casas para satisfazê-las sexualmente, o que faria dele apenas um acessório.
Assim, a distinção entre amor e sexo ficaria mais distinta e os casais não veriam o uso desses bonecos como traição, já que o seu uso seria socialmente aceito. Afinal, você não sente ciúmes de um vibrador, então não precisaria terminar um relacionamento por causa de uma máquina que faz exatamente a mesma coisa.
Só que esse cenário quase inocente pode trazer consequências enormes para outros setores da indústria do sexo. Ao mesmo tempo em que as fabricantes desses robôs vão lucrar milhões, o mercado de prostituição pode receber um enorme baque.
Afinal, por que as pessoas vão procurar as profissionais do sexo quando podem encontrar esse prazer em casa? À primeira vista, essa é uma preocupação que não parece ter sentido, mas não é preciso ir muito longe para entender a preocupação existente em torno da chamada profissão mais antiga do mundo. É claro que comprar um robô vai ser muito mais caro que contratar uma prostituta, mas sempre há aquele que vai pensar na aquisição como um investimento. Ao invés de sair com dez meninas ao longo do ano, ele pode guardar seu dinheiro e comprar uma boneca sexual para satisfazê-lo por muito mais tempo.
Além disso, há toda a questão da segurança. De uso individual, um robô não corre o risco de transmitir uma doença por meio do sexo, o que já é uma enorme vantagem nessa disputa. Além disso, os pontos de prostituição são quase sempre marginais, em áreas não muito seguras das grandes cidades. Assim, é fácil imaginar que muitas pessoas podem preferir o conforto e a segurança da sua casa do que se arriscar em áreas pouco convidativas. Isso sem falar que um robô jamais vai questionar suas fantasias, por mais estranhas que elas sejam.
É claro que as prostitutas sempre vão ter o fator humano a seu favor. Fazer sexo com uma pessoa de verdade é muito diferente de fazer isso com um pedaço de plástico, borracha e seja lá qual for o material usado na fabricação dessas peças. Contudo, as fabricantes desses robôs já estão investindo pesado em maneiras de simular essa “humanidade” durante as relações sexuais, seja fazendo expressões faciais diferentes para cada tipo de ação feita ou mesmo explorando as possibilidades da inteligência artificial.
O que nos impede daqui a 30 anos ter uma IA evoluída a ponto de realmente simular o comportamento de uma pessoa durante o sexo? Isso pode fazer com que a relação entre prostitutas e robôs possa caminhar para algo bem próximo do que temos hoje entre taxistas e o Uber: uma mudança radical na forma como as pessoas consomem um tipo de serviço, criando uma alteração tão grande que vai afetar quem trabalha à moda antiga. A diferença é que, neste caso, há uma série de fatores que favorecem as máquinas, o que torna essa disputa ainda mais complicada para as profissionais do sexo.
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