Existe um sentimento que deixa vulnerável e que acaba chegando para todo o ser humano dessa Terra. Começa de um jeito despretensioso, a partir da convivência, ou surge de maneira avassaladora, sendo correspondido ou não. A paixão é o primeiro passo para que um relacionamento aconteça ou para que corações se partam e você nunca mais queira ouvir falar nisso. Mas, afinal, como ela acontece?Existe um sentimento que deixa vulnerável e que acaba chegando para todo o ser humano dessa Terra. Começa de um jeito despretensioso, a partir da convivência, ou surge de maneira avassaladora, sendo correspondido ou não. A paixão é o primeiro passo para que um relacionamento aconteça ou para que corações se partam e você nunca mais queira ouvir falar nisso. Mas, afinal, como ela acontece?
Quem é que nunca ouviu a típica frase “ele me olhou!” ou “ela ficou me olhando a festa toda!”? Segundo o neurobiólogo James Old, o amor entra pelos olhos. De fato, a visão é um dos grandes impulsos para que a estimulação sexual aconteça e a troca de olhares pode ser a chave necessária para que você comece a desenvolver outros sintomas e interesses.
Feito o trabalho do cupido, eis que surgem as sensações que deixam todo mundo em dúvida ou em pânico: brilho nos olhos, suor, palpitação, frio na barriga, leveza e perda de fome e sono. E estas são uma das melhores coisas que você provavelmente vai sentir na sua vida, porque se apaixonar é muito bom, traz uma euforia que talvez você não sentisse há anos e novas perspectivas passam a surgir na cabeça. O que vem depois como consequência é outra história.
Explicando pelo processo químico, a atração física faz com que o cérebro dispare hormônios e estímulos sexuais, desde o momento “estou te seduzindo” até os primeiros toques. Entre eles está a testosterona, responsável pelo desejo; a dopamina, que traz sensação de prazer e bem-estar; a adrenalina, que eleva a frequência cardíaca; a noradrenalina, dando mais energia para o corpo, fazendo com que a fome e o sono passem rapidinho. No meio disso tudo, a serotoninaacaba caindo, deixando as pessoas com pensamento fixo e obsessivo, umas mais radicais e outras menos.
Um estudo elaborado pelos médicos médicos Donald F. Klein e Michael Lebowitz, do Instituto Psiquiátrico Estadual de Nova York, indicia que a feniletilamina, um dos neurotransmissores mais simples, tenha ligação com a paixão, por suspeitas de que a sua produção no cérebro possa ser desencadeada através de gestos simples como a troca de olhares ou aperto de mãos. No caso, os responsáveis notaram que o cérebro de uma pessoa apaixonada continha grandes quantidades desta substância, o que talvez justifique as mudanças fisiológicas que passamos durante a paixão.
Os pesquisadores ingleses Andreas Bartels e Semir Zeki também notaram mudanças cerebrais em estudos feitos com ressonância magnética.
A melhor parte deste sentimento é proporcionado pela dopamina, a química prazer do cérebro, que é associada a jogatina, uso de drogas e certamente está ligada ao amor. Helen Fisher, PhD, antropóloga e bióloga, explica que quando alguém assume um significado especial para você e você se concentra nesse indivíduo, é porque o sistema da dopamina foi ativado. “É o que desencadeia um comportamento muito orientado, onde ninguém mais importa, apenas seu novo parceiro”, explica.
Foto via
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O psicólogo Frederico Mattos explicou ao Hypeness que, embora a paixão possa estar conectada a nossos sentidos, como olfato e visão, há outros fatores envolvidos. “A paixão é uma etapa de conexão amorosa que acontece basicamente por um fator psicológico que pode ou não se apoiar nos sentidos. Por exemplo, uma pessoa portadora de limitações visuais pode se apaixonar por outra via internet, apenas ouvindo a voz de alguém, mas a audição seria mais um meio do que um fim nesse processo”, contou o autor do livro “Relacionamento para Leigos”.
A paixão também pode ser um tanto traiçoeira. No caso da platônica, acontece da mesma forma que a convencional, porém torna a idealização ainda mais difícil de ser quebrada. “Ela se apoia em fragmentos de realidade que ganhar uma história e enredo próprios para satisfazer uma carência, um momento ruim de vida ou simplesmente para aplacar uma sensação de vazio e solidão”, argumentou o psicólogo. Ao negar a realidade, a mente fica mais confortável para devaneios e encantamentos que criam vínculo com a pessoa que, muitas vezes, sequer sabe o quanto o outro está apaixonado.
Os defeitos são facilmente deixados de lado porque não há espaço para eles dentro deste sentimento tão… maluco. “Se superestimam as virtudes e se agarra numa fantasia de empoderamento do tipo ‘se essa pessoa é incrível, eu serei incrível ao lado dela’. Os defeitos são deixados de lado para não atrapalharem essa manobra até que o vínculo esteja garantido e o relacionamento real consumado”. Por esse motivo, é aconselhável que grandes decisões sejam evitadas nessa fase para evitar futuros arrependimentos. E não diga que não avisamos (frase típica dita por amigos que sim, te avisaram!). Tal premissa pode ir de acordo com o que diz a escritora Colleen Hoover: “as pessoas não escolhem por quem vão se apaixonar. Elas só escolhem por quem se manterão apaixonados“. Ou seja, a culpa é sua.
O fotógrafo Guilheme Becker conta que há pouco tempo descobriu que uma garota desenvolveu a tal da paixão platônica por ele. “Soube por uma amiga e até hoje não conheço a mina. Ela sabia de várias coisas que eu fazia, ficava brava se descobria que eu tinha ficado com alguém… uma loucura”. Se houvesse uma outra situação em que o encontro entre ambos fosse possível e surgisse um interesse mútuo, é bem capaz que então viesse à tona o hormônio norepinefrina. Seu estudo propõe a explicação das tais “borboletas no estômago”, acompanhadas de mãos suando frio, boca seca e palavras se atrapalhando na hora de falar com a pessoa idealizada.
Mas e a tal da paixão à primeira vista, aquela coisa mais avassaladora e inexplicável? Mattos explica que este caso é apoiado ao fator estético, disparando na mente do apaixonado uma série de associações com experiências passadas até que se forme uma imagem ilusória e projetiva.“Isso não tem nada de doentio, mas é um mecanismo da mente para encontrar conexão e manter interesse até que possa haver uma intimidade maior e uma tentativa de entrosamento. Há pessoas que nunca atravessam a fase da paixão e sua respectiva ilusão, isso seria um problema”, argumenta Mattos.
Quando a artista Mariana Pabst se apaixonou por seu marido, Baixo Ribeiro, foi pelo primeiro olhar. Eles se conheceram na faculdade de arquitetura da USP, mas ela já estava nos últimos anos enquanto ele tinha acabado de ingressar no curso. “Já mais pro fim do ano, a gente se viu, e na hora aconteceu uma eletricidade. Não consegui mais parar de pensar nele, dei um jeito de arrumar amigos em comum e não sosseguei enquanto não o conheci finalmente”, contou ao Hypeness.
Mas, como não existem contos de fadas, Mariana também teve de reunir esforços primeiramente para conhecê-lo e depois para desconstruir a tal imagem perfeita que criou na cabeça, coisa que todos os mortais fazem. “Foi paixão à primeira vista, mas depois passamos meses ajustando expectativas, nos testando e adaptando um ao outro”. O namoro demorou a realmente acontecer porque havia as festividades de fim de ano no meio do caminho, “mas assim que acabaram, ficamos juntos e nunca mais nos separamos”. De 1982 até agora já são 33 anos de cumplicidade, amor e companheirismo, que rendeu frutos como o filho João Pedro e a galeria Choque Cultural.
Foto: Acervo Pessoal
Quando o relacionamento engata e toma novos rumos, a dopamina deve continuar cumprindo seu papel, embora de um jeito menos eufórico. A oxitocina surge para acalmar e criar laços de intimidade, agindo durante beijos, abraços e toques. A ligação que essa substância forma é tão forte que é a mesma envolvida entre mães e bebês na hora da amamentação, criando uma ligação bastante particular e íntima entre ambos.
Como podemos ver, da paixão ao amor é um processo de loucura, excitação, desejo, ilusão e expectativas nas alturas. Existem os bons e os maus momentos, as chances de dar certo tão proporcionais as de darem errado, o medo, a insegurança e a palpitação tomando conta do corpo, mas o quão sem graça seria a vida sem tudo isso? Correr riscos é parte de nós, está no nosso instinto, então apaixone-se como se não houvesse amanhã. E sim, pode ser todo dia pela mesma pessoa.
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Quem é que nunca ouviu a típica frase “ele me olhou!” ou “ela ficou me olhando a festa toda!”? Segundo o neurobiólogo James Old, o amor entra pelos olhos. De fato, a visão é um dos grandes impulsos para que a estimulação sexual aconteça e a troca de olhares pode ser a chave necessária para que você comece a desenvolver outros sintomas e interesses.
Feito o trabalho do cupido, eis que surgem as sensações que deixam todo mundo em dúvida ou em pânico: brilho nos olhos, suor, palpitação, frio na barriga, leveza e perda de fome e sono. E estas são uma das melhores coisas que você provavelmente vai sentir na sua vida, porque se apaixonar é muito bom, traz uma euforia que talvez você não sentisse há anos e novas perspectivas passam a surgir na cabeça. O que vem depois como consequência é outra história.
Explicando pelo processo químico, a atração física faz com que o cérebro dispare hormônios e estímulos sexuais, desde o momento “estou te seduzindo” até os primeiros toques. Entre eles está a testosterona, responsável pelo desejo; a dopamina, que traz sensação de prazer e bem-estar; a adrenalina, que eleva a frequência cardíaca; a noradrenalina, dando mais energia para o corpo, fazendo com que a fome e o sono passem rapidinho. No meio disso tudo, a serotoninaacaba caindo, deixando as pessoas com pensamento fixo e obsessivo, umas mais radicais e outras menos.
Um estudo elaborado pelos médicos médicos Donald F. Klein e Michael Lebowitz, do Instituto Psiquiátrico Estadual de Nova York, indicia que a feniletilamina, um dos neurotransmissores mais simples, tenha ligação com a paixão, por suspeitas de que a sua produção no cérebro possa ser desencadeada através de gestos simples como a troca de olhares ou aperto de mãos. No caso, os responsáveis notaram que o cérebro de uma pessoa apaixonada continha grandes quantidades desta substância, o que talvez justifique as mudanças fisiológicas que passamos durante a paixão.
Os pesquisadores ingleses Andreas Bartels e Semir Zeki também notaram mudanças cerebrais em estudos feitos com ressonância magnética.
A melhor parte deste sentimento é proporcionado pela dopamina, a química prazer do cérebro, que é associada a jogatina, uso de drogas e certamente está ligada ao amor. Helen Fisher, PhD, antropóloga e bióloga, explica que quando alguém assume um significado especial para você e você se concentra nesse indivíduo, é porque o sistema da dopamina foi ativado. “É o que desencadeia um comportamento muito orientado, onde ninguém mais importa, apenas seu novo parceiro”, explica.
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O psicólogo Frederico Mattos explicou ao Hypeness que, embora a paixão possa estar conectada a nossos sentidos, como olfato e visão, há outros fatores envolvidos. “A paixão é uma etapa de conexão amorosa que acontece basicamente por um fator psicológico que pode ou não se apoiar nos sentidos. Por exemplo, uma pessoa portadora de limitações visuais pode se apaixonar por outra via internet, apenas ouvindo a voz de alguém, mas a audição seria mais um meio do que um fim nesse processo”, contou o autor do livro “Relacionamento para Leigos”.
A paixão também pode ser um tanto traiçoeira. No caso da platônica, acontece da mesma forma que a convencional, porém torna a idealização ainda mais difícil de ser quebrada. “Ela se apoia em fragmentos de realidade que ganhar uma história e enredo próprios para satisfazer uma carência, um momento ruim de vida ou simplesmente para aplacar uma sensação de vazio e solidão”, argumentou o psicólogo. Ao negar a realidade, a mente fica mais confortável para devaneios e encantamentos que criam vínculo com a pessoa que, muitas vezes, sequer sabe o quanto o outro está apaixonado.
Os defeitos são facilmente deixados de lado porque não há espaço para eles dentro deste sentimento tão… maluco. “Se superestimam as virtudes e se agarra numa fantasia de empoderamento do tipo ‘se essa pessoa é incrível, eu serei incrível ao lado dela’. Os defeitos são deixados de lado para não atrapalharem essa manobra até que o vínculo esteja garantido e o relacionamento real consumado”. Por esse motivo, é aconselhável que grandes decisões sejam evitadas nessa fase para evitar futuros arrependimentos. E não diga que não avisamos (frase típica dita por amigos que sim, te avisaram!). Tal premissa pode ir de acordo com o que diz a escritora Colleen Hoover: “as pessoas não escolhem por quem vão se apaixonar. Elas só escolhem por quem se manterão apaixonados“. Ou seja, a culpa é sua.
O fotógrafo Guilheme Becker conta que há pouco tempo descobriu que uma garota desenvolveu a tal da paixão platônica por ele. “Soube por uma amiga e até hoje não conheço a mina. Ela sabia de várias coisas que eu fazia, ficava brava se descobria que eu tinha ficado com alguém… uma loucura”. Se houvesse uma outra situação em que o encontro entre ambos fosse possível e surgisse um interesse mútuo, é bem capaz que então viesse à tona o hormônio norepinefrina. Seu estudo propõe a explicação das tais “borboletas no estômago”, acompanhadas de mãos suando frio, boca seca e palavras se atrapalhando na hora de falar com a pessoa idealizada.
Mas e a tal da paixão à primeira vista, aquela coisa mais avassaladora e inexplicável? Mattos explica que este caso é apoiado ao fator estético, disparando na mente do apaixonado uma série de associações com experiências passadas até que se forme uma imagem ilusória e projetiva.“Isso não tem nada de doentio, mas é um mecanismo da mente para encontrar conexão e manter interesse até que possa haver uma intimidade maior e uma tentativa de entrosamento. Há pessoas que nunca atravessam a fase da paixão e sua respectiva ilusão, isso seria um problema”, argumenta Mattos.
Quando a artista Mariana Pabst se apaixonou por seu marido, Baixo Ribeiro, foi pelo primeiro olhar. Eles se conheceram na faculdade de arquitetura da USP, mas ela já estava nos últimos anos enquanto ele tinha acabado de ingressar no curso. “Já mais pro fim do ano, a gente se viu, e na hora aconteceu uma eletricidade. Não consegui mais parar de pensar nele, dei um jeito de arrumar amigos em comum e não sosseguei enquanto não o conheci finalmente”, contou ao Hypeness.
Mas, como não existem contos de fadas, Mariana também teve de reunir esforços primeiramente para conhecê-lo e depois para desconstruir a tal imagem perfeita que criou na cabeça, coisa que todos os mortais fazem. “Foi paixão à primeira vista, mas depois passamos meses ajustando expectativas, nos testando e adaptando um ao outro”. O namoro demorou a realmente acontecer porque havia as festividades de fim de ano no meio do caminho, “mas assim que acabaram, ficamos juntos e nunca mais nos separamos”. De 1982 até agora já são 33 anos de cumplicidade, amor e companheirismo, que rendeu frutos como o filho João Pedro e a galeria Choque Cultural.
Foto: Acervo Pessoal
Quando o relacionamento engata e toma novos rumos, a dopamina deve continuar cumprindo seu papel, embora de um jeito menos eufórico. A oxitocina surge para acalmar e criar laços de intimidade, agindo durante beijos, abraços e toques. A ligação que essa substância forma é tão forte que é a mesma envolvida entre mães e bebês na hora da amamentação, criando uma ligação bastante particular e íntima entre ambos.
Como podemos ver, da paixão ao amor é um processo de loucura, excitação, desejo, ilusão e expectativas nas alturas. Existem os bons e os maus momentos, as chances de dar certo tão proporcionais as de darem errado, o medo, a insegurança e a palpitação tomando conta do corpo, mas o quão sem graça seria a vida sem tudo isso? Correr riscos é parte de nós, está no nosso instinto, então apaixone-se como se não houvesse amanhã. E sim, pode ser todo dia pela mesma pessoa.
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Fonte:http://www.hypeness.com.br/2015/08/o-que-acontece-no-nosso-corpo-quando-nos-apaixonamos/
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