Andropausa: o problema que eu e você ignoramos e não podemos
Você não tem como escolha se livrar dela, mas
pode escolher o que vai fazer a respeito
É difícil encontrar alguém que nunca ouviu falar sobre menopausa.
Esse estágio natural da vida das mulheres é muito facilmente reconhecido e
identificado pela população em geral, inclusive pelos homens.
Mas, o que realmente impressiona é que 57% desses mesmos homens nunca
sequer ouviram falar e 71% desconhecem os sintomas do
problema masculino análogo: a andropausa.
Na clínica onde trabalho atendo muitos pacientes homens e, em
geral, quando eles têm mais de 30 anos, as queixas são bastante parecidas. É
comum relatarem que estão com falta de disposição para fazer as coisas,
sem gás para realizar atividades que sempre gostaram, sem motivação e paciência
no trabalho, que andam irritados com tudo e que não estão mais nem a fim de
sair com os amigos... Por último, quando perguntados, chegam a comentar sobre a
queda de energia sexual, mas são mais resistentes a falar sobre dificuldade de
ereção e impotência.
Tais relatos não acontecem à toa. Quando os homens atingem esta
idade, começa a ocorrer a diminuição de 1% ao ano da produção de testosterona
pelo corpo. E é aí que está o problema. Em geral, os pacientes querem manter o
vigor sexual, mas a maioria deles não busca acompanhamento médico e
tampouco procura saber sobre a andropausa até que algo que
considerem realmente preocupante aconteça.
Mas o que os homens geralmente ignoram é que os primeiros sinais dessa
menopausa masculina não são sexuais, mas comportamentais. E tais
sinais são capazes de explicar boa parte da perda de apetite que
acontece em vários aspectos da vida.
Grande parte dessa ignorância se dá por conta de um 'mito' de que só
existe deficiência de testosterona em vigência de disfunção sexual. Por isso,
muitos homens deixam de se tratar, recebem diagnósticos tardios ou, pior, são
diagnosticados erroneamente com doenças como depressão, transtorno de humor e
ansiedade. O que é preciso avaliar é se os sintomas tão comuns referidos acima
são realmente indícios dessas doenças ou apenas os primeiros sintomas da andropausa.
Aquele 1%
Se você estiver atento, já deve ter notado que grande parte dessa enorme
dificuldade para identificar quando os homens entram nesse período se dá porque
não ocorre uma parada abrupta na produção hormonal e nem há um sinal tão
claro do corpo masculino tal qual acontece no feminino. Pelo contrário, as
taxas diminuem num ritmo lento (desconsiderando algumas exceções) e a percepção
de quando a taxa atinge um limite que realmente afeta a vida do homem varia
muito de um caso para outro. Por esse motivo, muitas vezes os sintomas se
arrastam por anos, sem que as pessoas se deem conta, o que dificulta muito o
autodiagnóstico.
Não bastasse isso, uma pesquisa da Sociedade
Brasileira de Urologia também identificou que 30% dos homens
atribuem os sintomas da queda de testosterona ao excesso de trabalho ou ao
estresse do dia a dia, 17% acreditam que as causas sejam emocionais e apenas
15% se dão conta de que a responsável pode ser a tal andropausa. Ou seja, por
total desconhecimento, mesmo dentre aqueles que identificam os sintomas,
apenas um índice muito pequeno é capaz de associá-los com a verdadeira causa do
problema.
Me diz o
que é que eu faço
Para minimizar os sintomas, a reposição hormonal costuma ser a melhor
indicação. Mas existem ainda outras soluções. Por exemplo, alguns
alimentos como couve, ovo, banana, melancia, mel, espinafre, amêndoas
e abacate ajudam a otimizar a produção endógena de testosterona,
através da presença de co-fatores do hormônio ou através do bloqueio dos
inibidores da testosterona pelo corpo. Da mesma forma, alguns médicos costumam
indicar alguns fitoterápicos como tribullos ou maca peruana.
Mas se seu médico mede seus níveis de testosterona e
indica que o melhor caminho é a prescrição da reposição hormonal, aliado
ao acompanhamento clínico, não há com o que se preocupar.
O grande receio dos pacientes com relação a essa forma de
tratamento é se eles terão que ficar dependentes da reposição hormonal a
vida inteira e se há efeitos colaterais. E para ambos os questionamentos a
resposta é não. O corpo não fica condicionado às doses hormonais
extras e não há nenhum tipo de efeito colateral nem restrições
a bebidas alcoólicas, por exemplo.
Já com relação ao acompanhamento médico, no início, as consultas
têm uma frequência maior para a definição certa das doses, porém, logo que
definida, as tão evitadas passagens pelo consultório costumam acontecer
apenas por volta de seis em seis meses.
Aí eu vi
vantagem
Se não bastasse minimizar os sintomas da andropausa, a reposição
hormonal, segundo estudos recentes, também significa maior proteção
contra diabetes mellitus, doença cardiovascular, hipertensão arterial,
obesidade e depressão. Fato que só reforça a importância do monitoramento dos
níveis hormonais.
Mas se você ainda não está convencido, lá vai o golpe final. Quando tal
reposição hormonal não é feita, uma mudança no biotipo masculino fica bem
evidente. Normalmente, pacientes que enfrentam tais problemas, além de ficarem
indispostos, assistem à barriga começar a crescer e o braço a afinar.
Antes de terminar, vale fazer uma ressalva: reposição hormonal tem
contraindicações, por isso, é muito importante só fazê-la sob orientação de um
médico especialista e um tratamento extremamente seguro. É importante que
os homens fiquem atentos a sua saúde e ao seu nível de energia, mas é
igualmente importante não sair por aí fazendo loucuras. Como costumo dizer, ter
um problema não é uma opção, mas o que fazer a respeito dele é.
publicado em 04 de Julho de 2016, 00:05
Endocrionologista
e metabologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Flavia
é uma das responsáveis pelo Espaço
Longevita, um centro de medicina preventiva e longevidade, no Rio de
Janeiro.
Fonte:http://www.papodehomem.com.br/andropausa-o-problema-que-eu-e-voce-ignoramos-e-nao-podemos?
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