Imagine uma prova de atletismo: todos os competidores posicionados lado a lado aguardando o som que autorizará a corrida. Um deles dispara antes da hora, queimando a largada. Qual o problema desse cara? Eu apostaria 100 metros pulando feito saci que ele está ansiosíssimo ou trata-se de um iniciante. Mais ou menos o que acontece com os homens que sofrem de ejaculação precoce.
Se pudéssemos reuni-los, não seria um pequeno evento de bairro. As inscrições seriam muito mais numerosas que as da São Silvestre. Acham que eu tô exagerando? Então toma esse tapa de realidade: segundo um amplo estudo do PROSEX, da USP, 25,8% dos brasileiros sofrem dessa disfunção sexual. Isso seria o mesmo que dizer 25 milhões de pessoas ou UM EM CADA QUATRO homens.
Daí você me pergunta quanto tempo demora para a ejaculação masculina acontecer. Em média, 2 minutos após a penetração (isso se o cara ficar esse tempo direto lá, constante, botando-tirando). De onde eu tirei esse número? O biólogo Alfred Kinsey estudou o comportamento sexual de 18 mil casais para levantar algumas estatísticas e estabelecer o que seria o padrão de “normalidade”. Em 75% dos casos, os homens atingiam o orgasmo depois dos tais 120 segundos (dois minutos). A mulher, segundo o mesmo levantamento, levaria entre 10 e 20 minutos.
Ou seja, o cidadão que ejacula em menos de um minuto e meio de penetração ou antes mesmo que ela aconteça (nas carícias, por exemplo), PODE ter ejaculação precoce. Hoje há um consenso entre especialistas da área de que 1. se gozou em menos tempo, mas QUIS gozar, sem problemas; 2. se gozou depois de mais de dois minutos, mas NÃO QUIS gozar/ NÃO CONSEGUIU controlar, pode ser problema. MAS, para caracterizar um “ejaculador precoce”, a gente precisa ainda levar algumas coisas em consideração: a) acontece com muita frequência nos últimos seis meses?; b) causa angústia e frustração para si e para a(o) parceira(o)?; c) não consegue satisfazer a(o) parceira(o) em pelo menos metade das transas?
A causa mais comum da ejaculação precoce é a ansiedade. Na adolescência, muitos garotos passam por um episódio mela-cueca antes mesmo de achar o buraco da vagina. Pela falta de experiência ou até por medo de que alguém apareça de repente (quem nunca deu uns amassos escondido?). A tendência é que ele vá ganhando confiança e aprenda a controlar essa resposta fisiológica do corpo. Na idade adulta, o que pesa bastante é o receio de ter um mau desempenho no sexo. Sim, a preocupação com o que a outra pessoa vai achar. Principalmente nos primeiros encontros, quando tudo é novidade e o tesão não se aguenta.
Só que a ejaculação precoce também rola nos relacionamentos longos. Você pode ter sido infalível por um bom tempo e, do nada, sofrer com a disfunção. Seja por dificuldades conjugais, por estresse ou por outros fatores psicológicos. A maioria dos ejaculadores precoces superam a questão com ajuda de terapia mesmo. Agora, claro que algumas doenças e o uso de determinados medicamentos podem ser culpadas pela disfunção também - precisa se consultar com um urologista e fazer exames (tipo colesterol, diabetes etc) para descartar essas hipóteses. Pode ser que o médico receite até um antidepressivo para segurar a ansiedade como um todo.
Vestir camisinha no sexo, além de usar cremes de lidocaína, reduzem um pouco a sensibilidade do pênis e talvez retardem a ejaculação. Mas é uma alternativa paliativa, não vai à raiz do problema. Três técnicas criadas e testadas pelos famosos pesquisadores William Masters e Virginia Johnson também funcionam para reeducar quem tem esse comportamento sexual. Se você é ou desconfia ser um ejacular precoce, aqui vão os exercícios:
1. Parada e compressão
Enquanto você estiver se masturbando – com ou sem a(o) parceira(o) -, precisa perceber o momento em que a excitação está bem alta. Sabe o “tô chegando lá”? Então, deve interromper essa sensação prazerosa apertando o pênis na região logo abaixo da glande (cabeça). O exercício fará com que você aprenda a observar e controlar as sensações genitais.
2. Parada e reinício
O princípio é o mesmo. Quando vocês estiverem começando as preliminares, avise antes de sentir que a coisa tá incontrolável. Daí vocês param TUDO. Não se toquem nem nada. Respire por 30 segundos, pense na tia feiosa, nas contas a pagar ou em qualquer outra imagem não-erótica. Passou? Beleza, podem retomar.
3. Exploração sensorial
A ideia é tirar a ansiedade e a pressa da penetração. Brinquem de explorar o corpo um do outro, excluindo qualquer contato com os genitais. Beijem-se e toquem em partes pouco exploradas, tipo costas e pernas e braços… É pra ficar gostosinho só, não terminar no ato propriamente dito.
Se você é parceira(o) de alguém com ejaculação precoce, tenha em mente que a sua frustração é também dele. Não se sinta ofendida(o), muito menos ofenda. Sei que é um assunto delicado, mas intimidade requer essa capacidade de dialogar sobre sexo. O tratamento só é eficaz se quem a gente ama se coloca de forma compreensiva e paciente. Caso você tenha tocado no assunto e seu namorado/marido não aceitar ajuda nem fizer nada para melhorar, talvez seja o caso de repensar a relação. Tudo bem ficar ao lado de alguém egoísta ou imaturo a ponto de varrer a poeira para baixo do tapete?
*Nathalia Ziemkiewicz, autora desta coluna, é jornalista pós-graduada em educação sexual e idealizadora do blog Pimentaria.
Não
possuímos um conceito exato do que é a ejaculação precoce ou como ela se dá,
pois diversos autores a definem e a classificam de formas diferentes. Assim,
não é possível, por exemplo, estipular um tempo certo e considerá-lo como
normal para que o homem chegue à ejaculação. Na prática clínica, consideramos
como ejaculador precoce aquele homem que não consegue tolerar um nível alto de
excitação sexual sem chegar imediatamente à ejaculação, dando a ele a sensação
de que gostaria de ejacular mais tarde e não naquele momento.
Esse fato
aparenta não possuir causa orgânica, com exceção de alguns problemas
neurológicos, diabetes e outros, sendo na maioria dos casos considerada de
fundo emocional, como, por exemplo, consequencia de uma insegurança pessoal.
Essa parece ser a disfunção sexual masculina mais comum, assim como, a
disfunção erétil, que também pode ocorrer em homens de diferentes idades.
É comum o
homem iniciar a sua vida sexual carregado de ansiedade e insegurança, não
só com o seu desempenho sexual, mas de um modo geral, pois a adolescência por
si só já é uma fase de grandes modificações e transições na vida de todos nós.
O interessante é que nós aprendemos as coisas na vida de maneira progressiva e
passamos naturalmente por um período de aprendizado em tudo na vida, menos na
questão sexual.
Desde
pequenos aprendemos a engatinhar para depois andar e correr, a balbuciar
sílabas para depois formarmos palavras e frases, a namorar para depois casar, a
fazer um curso na faculdade para depois arranjar um estágio e posteriormente um
emprego. No sexo isso não ocorre, pois desde a primeira relação sexual,
principalmente o homem é cobrado e cobra de si próprio um excelente desempenho
sexual. É raro alguém se permitir aprender com a prática das relações. O acerto
é cobrado desde a primeira vez que a relação ocorre e isso desencadeia uma
forte ansiedade de desempenho sexual fazendo com que alguma disfunção sexual
tenha origem.
Os homens
que se encontram na faixa etária entre os 40 e 50 anos, iniciaram sua vida
sexual, na maioria das vezes, com as profissionais do sexo. Muitas vezes eram
levados pelo pai, tio, irmão mais velho ou amigos numa situação mais propícia a
provar seu desempenho sexual do que pelo prazer do ato em si. Muitas vezes eles
apresentavam mais TENSÃO do que DESEJO, comprometendo, assim, a sua resposta
sexual.
É
imprescindível que o homem consiga perceber o crescimento da sua excitação
sexual para que possa deixar sua ejaculação ocorrer no momento em que “ele
deseja”. Quando a ansiedade e preocupação com o desempenho sexual ocorrem, ele
não consegue se envolver no ato sexual e, conseqüentemente, não tem a percepção
sensorial da sua excitação. E, desta forma, quando percebe, sua ejaculação já
está ocorrendo, não sendo mais possível contê-la . Em seguida surge a
frustração dele e de sua parceira, iniciando, assim um verdadeiro círculo
vicioso. A cada relação surge a preocupação de controlar a ejaculação e, com
isso, pela dificuldade de perceber sua excitação aumentando, a ejaculação
ocorre cada vez mais precoce. Esse fato pode ocorrer, também, quando a
masturbação é feita, por vezes, de forma apressada pelo receio de ser flagrado,
como normalmente acontece na adolescência.
TRATAMENTO
Depois de
realizada uma avaliação, é proposto um trabalho com o objetivo de combater a
ansiedade sexual e geral, melhorar a assertividade, a afetividade, a
auto-estima e a autoconfiança, estruturando melhor a personalidade do
indivíduo, para que ele possa atuar na vida de forma mais segura.
Por meio
das técnicas utilizadas na Terapia Sexual, o homem aprende a entrar em contato
com sua excitação percebendo-a de forma gradativa para que o controle
ejaculatório seja possível quando o mesmo estiver sozinho na masturbação e
quando estiver acompanhado de sua parceira numa relação sexual.
No
decorrer do tratamento, o paciente vai percebendo o desenvolvimento e o avanço
na sua capacidade de controlar a sua ejaculação, tornando bem visível a melhora
das suas relações sexuais e do seu relacionamento conjugal, consequentes da
diminuição da sua ansiedade frente ao ato sexual. Isso torna o trabalho
específico, dinâmico e, consequentemente, mais breve. Obviamente diversos
fatores emocionais, psicológicos e conjugais relacionados à queixa também
deverão ser trabalhados.
É
imprescindível a análise de um profissional para um tratamento eficiente.
A Ejaculação Precoce ou Prematura (EP) é um dos problemas sexuais mais freqüentes nos homens e nos casais, sendo responsável por 40% das queixas encontradas em consultório de terapeutas sexuais. Acontece que a EP é um lugar comum na juventude, em encontros com parceiros novos ou após algum tempo de abstinência. Quando se estende pela maturidade e se torna presente em mais da metade dos encontros sexuais, torna-se, aí sim, um problema crônico e um Transtorno Sexual.
O que é uma ejaculação normal?
Do ponto de vista do funcionamento físico, a ejaculação se faz em dois estágios. No primeiro há a expulsão efetiva do líquido seminal (sêmen) dos órgãos acessórios de reprodução - próstata, vesícula seminal e canal ejaculatório - para a uretra. No segundo estágio, há a progressão desse líquido por toda a extensão da uretra até o meato uretral, que é o orifício na cabeça do pênis por onde sai também a urina. Acompanha-se desse processo fisiológico uma sensação subjetiva de profundo prazer conhecida como orgasmo.
Como saber se tenho ejaculação precoce?
Não existe um tempo específico antes de ejacular para definir esse problema sexual. A definição está na percepção, tanto sua quanto de sua parceira, de que a ejaculação foi mais rápida do que o esperado, de que não houve controle da ejaculação. As vezes o pênis nem chega a enrijecer, somente o movimento de aproximação e o toque do lençol já termina o que podia ser muito bom e prazeroso. Por vezes, o homem mantém a ereção por alguns minutos, começa a penetrar, mas logo ejacula, ficando insatisfeito e deixando a parceira "na mão". Sentimentos de culpa e ansiedade se tornam uma constante. Dificuldades maiores podem vir em seqüência, como a disfunção erétil (impotência) e a perda de intimidade no casal.
Por que ocorre a EP?
Os adeptos de Darwin (evolucionista inglês que propôs a teoria da seleção natural - 1859) explicam que a EP seria uma forma antiga de defesa contra predadores.
Imaginem os primórdios da humanidade, onde havia centenas de perigos, sendo o "animal-ser-humano" muito frágil e pequeno frente aos riscos de seu meio ambiente!
Aqueles indivíduos que demorassem muito para ejacular nas suas parceiras estariam muito mais predispostos a deixar seu flanco aberto às agressões de inimigos e animais selvagens.
O ejaculador precoce tinha mais vantagens em terminar logo a inseminação e fugir, deixando também a "fêmea" escapar, para poder inseminar o maior número delas em menor tempo.
Desta forma estaria aumentando a probabilidade de propagação de seus genes.
Outras razões levantadas como causas da EP seriam:
aumento anormal de sensibilidade da glande peniana,
ansiedade frente ao desempenho sexual,
inexperiência sexual,
primeira experiência com parceira que tenha estimulado um coito rápido e
culpa ou sentimentos negativos em relaçao à parceira.
Raramente há um problema médico que explique a EP, como a prostatite aguda ou a esclerose múltipla. Na verdade, não existe uma única causa comprovada cientificamente de EP.
E tem cura?
Existe tratamento, tanto medicamentoso quanto psicoterápico. A primeira linha de tratamento é a reorientação e a reeducação do homem ou do casal quanto à função sexual normal. Clareiam-se as situações em que se considera como "normal" o tempo de ejaculação mais curto ou insatisfatório (comum em jovens, com novos parceiros, ou após longa abstinência). Quando a EP se torna persistente, ou seja, aparece em mais da metade dos encontros sexuais, um tratamento mais específico se faz necessário.
A segunda linha terapêutica é o chamado tratamento cognitivo-comportamental. Constitui-se em uma série de exercícios e tarefas para serem realizadas em casa para controle do tempo de ejaculação. Seguem-se alguns exemplos meramente ilustrativos:
Técnica de distração
Durante o ato sexual, o homem é orientado a fixar o pensamento em alguma situação que o desligue de sexo, como em morte de alguém, ou em alguma mulher que não o agrada ou em contas bancárias. Assim que perceba que a ereção está se desfazendo, volta a se fixar na parceira. Deve usar essa distração, algumas vezes, para poder prolongar o tempo de penetração antes da ejaculação.
Técnica de compressão
O homem deve comprimir a base da glande (cabeça do pênis) por 4 a 5 segundos imediatamente após a primeira sensação de maior excitação. Com esse procedimento vai dificultar a entrada de sangue no pênis e retardar um pouco a ejaculação.
Técnica stop-start
Consiste em orientar o homem a ficar na posição superior à parceira para poder ter controle do movimento sexual. Deve iniciar a penetração e parar completamente os movimentos próximo ao momento de maior excitação. Pode usar a técnica de distração concomitantemente.
O objetivo destas tarefas é fazer o homem tomar consciência do momento que antecede o primeiro estagio de ejaculação, podendo voluntariamente controlar quando deseja ejacular, evitando frustração a ele e à parceira.
Pode-se combinar uma terceira linha de tratamento a esses exercícios: as medicações. Existe uma ampla gama de medicações que tem como efeito colateral o retardo do tempo de ejaculação. Tais drogas devem ser ministradas somente mediante prescrição médica criteriosa, pois possuem vários outros efeitos no organismo. Alguns deles, por exemplo, os antidepressivos tricíclicos são contra-indicados a pessoas com problemas de ritmo cardíaco. Algumas medicações tópicas (pomadas) à base de ervas ou anestésicos não foram comprovadas cientificamente como eficazes para o tratamento da EP.
De qualquer forma, esta disfunção sexual tem bom prognóstico, ou seja, apresenta bons índices de cura para a grande maioria dos indivíduos que procura orientação especializada. Geralmente, seis a dez sessões são suficientes para a melhora da vida sexual do homem e do casal.
A ejaculação é um conjunto de fenômenos
neuromusculares que permite a progressão do sêmen e sua expulsão pelo meato
uretral externo na fase final da resposta sexual masculina. A disfunção
ejaculatória ou do orgasmo é uma das disfunções sexuais mais comuns no sexo
masculino e inclui: ejaculação rápida ou precoce, ejaculação retardada,
ausência de ejaculação (anejaculação) e ejaculação retrógrada. O ciclo da
resposta sexual é dividido em quatro fases: desejo, excitação, orgasmo e
resolução ou ejaculação. As disfunções sexuais ocorrem quando há interrupções
em uma destas fases.
Os avanços no conhecimento e tratamento da
disfunção erétil (DE) aumentaram o interesse de pacientes e médicos em outros
distúrbios sexuais, mais precisamente as disfunções ejaculatórias. A maior
preocupação no homem jovem é a sua fertilidade, mas distúrbios da ejaculação
podem trazer muita ansiedade e angústia para indivíduos de várias faixas
etárias. Em uma pesquisa recente compreendendo mais de 12 mil homens, idade
variando de 50 a 80 anos, 46 % declarou ter algum problema ejaculatório e 59%
estavam incomodados com ele.3 Ejaculação precoce foi o mais comum com índices
de 30 a 40%. Alguns trabalhos citam que cerca de 75% de homens sofrerão de EP
em algum ponto de suas vidas. Carmita publicou dados sobre comportamento sexual
do brasileiro e concluiu que 26% dos homens cuja faixa etária variou de 18 a 70
anos queixavam de ejaculação precoce ou rápida.5 O atraso em ejacular ou
ejaculação retardada aflige cerca de 4% de homens sexualmente ativos.
Ejaculação retrógrada ocorre em cerca de 80% de homens que se submeteram a
ressecção endoscópica da próstata (RTU) e embora muitas destes pacientes
estejam acima da sexta década de vida, alguns se queixam deste distúrbio com
veemência.
» Terminologia
Ejaculação rápida ou precoce:
Ejaculação persistente ou recorrente com estimulação sexual mínima que ocorre
antes ou logo depois da penetração e antes que a pessoa o deseje.
Ejaculação retardada, inibida ou atrasada:
Estimulação sexual anormal do pênis ereto é necessária para atingir ejaculação.
Anejaculação:
Ausência completa de ejaculado ou ejaculação retrógrada.
Anorgasmia:
A inabilidade de atingir o orgasmo, independente de ejacular ou não.
Aspermia:
ausência de contração do trato genital.
Ejaculação retrógrada:
Ausência total de ejaculação anterógrada porque o sêmen é direcionado para
dentro da bexiga.
Hemospermia:
presença de sangue no líquido ejaculado.
Anedonia:
Incapacidade de sentir prazer.
» Diagnóstico
O diagnóstico e a padronização de EP utilizando o
número objetivo de incursões vaginais entre a penetração e a ejaculação já foi
proposta por vários autores, mas esta definição é muito subjetiva e não é
apoiada por dados normativos. Masters e Johnson propuseram definir EP de acordo
com o orgasmo da parceira: caso ela não atingisse o clímax em 50% ou mais das
relações, o homem seria considerado como tendo EP. Claramente caiu em desuso
principalmente pelo fato de hoje sabermos que muitas mulheres nunca conseguem
atingir a satisfação sexual plena.5 A operacionalização da EP utilizando o
tempo definido entre o início da penetração vaginal e ejaculação, conhecido
como intervalo de latência ejaculatória intravaginal (ILEI) forma a base de
muitos estudos clínicos atuais em EP. No entanto, existe uma considerável
polêmica no que tange a qual deve ser o ILEI de corte. A maior parte dos
trabalhos recentes define como sendo 2 minutos o nível de corte.
» Tratamento
Terapia psicológica
A terapia sexual é considerada a mais apropriada e
tem como principais objetivos:
1) Fornecer informações básicas sobre sexualidade,
reeducando tanto o paciente como a parceira;
2) reduzir os focos de ansiedade associados às
interações afetivas ou relacionadas à atividade sexual, usando técnicas
comportamentais em que a prescrição de tarefas tem como objetivo a
dessensibilização (redução da ansiedade) e técnicas de retreinamento do
controle ejaculatório; técnica de Semans (“stop-start”), penetração sem
movimento para o homem habituar-se a estar dentro da mulher e com a redução da
ansiedade ter chances de prolongar a ejaculação. Tal técnica propicia a quebra
do reflexo condicionado penetração ejaculação;
3) propor mudanças no comportamento sexual
individual e/ou do casal, estimulando a mais ampla comunicação e melhoria na
qualidade de vida.1 A duração da terapia é de quatro a seis semanas, com uma a
três sessões por semana. A participação da parceira melhora substancialmente os
resultados e é sempre motivada.
Tratamento farmacológico
Em 1973 foi reportado o uso de clomipramina no tratamento
de EP pela primeira vez.26 A introdução do inibidor seletivo da recaptação da
serotonina (ISRS) no tratamento da EP produziu uma revolução no manuseio desta
entidade. A família dos ISRS compreende 5 compostos: citalopram, fluoxetina,
fluvoxamine, paroxetina e sertralina. Todos estes tem um mecanismo de ação
similar. O primeiro estudo duplo-cego e controlado utilizando o efeito da
paroxetina na EP foi em 1994. Recentemente, outros compostos ISRS e a
clomipramina foram estudados na sua ação de retardar a ejaculação. Existe
alguma evidência de que fluvoxamina e citalopram exercem menos efeito para
retardar a ejaculação de que paroxetina, sertralina e fluoxetina.
O regime terapêutico mais empregado é de
administrar ISRS diariamente. Paroxetina (20-40mg), Clomipramina (10-50mg),
Sertralina (50-100mg) e Fluoxetina (20-40mg) são os medicamentos e doses mais
utilizadas atualmente. O efeito no atraso da ejaculação pode demorar de 5 a 10
dias após inicio da terapia e os efeitos colaterais são mais intensos na
primeira semana, diminuindo após 2 a 3 semanas de uso. Os eventos adversos mais
comumente relatados são: fadiga, sonolência, náusea, diarréia. Diminuição da
libido ou disfunção da ereção é reportado raramente.
Um novo medicamento está sendo estudado para ser
usado na demanda, a dapoxetina. Trata-se também de um ISRS cujos resultados
mostrados em poucos estudos até este momento tem sido satisfatórios. Dapoxetina
pode representar o primeiro de uma categoria nova de inibidores seletivos da
recaptação da serotonina. Embora a dapoxetina tenha as similaridades
farmacológicas a outros ISRS, sua eficácia sugere uma modalidade diferente da
ação. Apresenta um rápido inicio de ação com pico de concentração plasmática
máxima em 1 hora e meia vida de 1,4 horas. O fabricante sugere administrar 1 a
3 horas antes da relação sexual. Além do mais, este é o primeiro medicamento
com indicação exclusiva para EP.
Com respeito à avaliação do tratamento a maioria
dos estudos publicados é pobre no desenho e metodologia empregados. Uma revisão
sistemática realizada sobre todos os tratamentos medicamentosos para EP em 2003
demonstrou que pesquisas realizadas em um padrão simples cego e abertas foram
inferiores quando comparados com estudos duplo cegos, controlados com placebo e
cujo acesso ao retardo na ejaculação foi medido por um cronômetro em vez de
questionários subjetivos.
Tratamento tópico
O uso de creme, gel ou spray com base em lidocaína,
um conhecido anestésico local, para o tratamento de EP já foi bem estudado e
seu papel já está bem estabelecido. A eficácia para retardar a ejaculação é
modesta podendo apresentar efeitos colaterais como: redução da sensibilidade da
glande, absorção vaginal e possível anestesia de mucosa vaginal e anorgasmia
feminina. Outro produto anestésico em estudo para uso local em EP é “SS Cream”,
uma combinação de 9 ervas asiáticas que hipoteticamente diminuem a
hiperexcitabilidade peniana.
Inibidores de fosfodiesterase tipo 5
O uso de inibidores de fosfodiesterase tipo 5
(PDE5) ou associados a ISRS para o tratamento de EP já foi empregado para
retardar a ejaculação. Aumento médio da ILEI depois de 3 e 6 meses de
tratamento foi maior no grupo que usou paroxetina mais sildenafila versus
apenas paroxetina, embora a presença de efeitos adversos como cefaléia e rubor
facial tenha sido mais significativo neste grupo. De qualquer maneira, é
consenso de que esta classe de medicamentos não deve ser a primeira escolha
para tratar EP, mas que poderá ser muito benéfica a sua utilização quando o
homem sofrer de DE.
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O assunto ainda é tabu. Controlar a ejaculação, a fim de prolongar o tempo da relação é desejo da maioria dos homens, mesmo dos que não sofrem de nenhuma disfunção que prejudique a performance. O site Ask Men elaborou dicas para ajudar na tarefa, que vão desde relaxar até reaprender coisas que parecem óbvias.
1) A tensão muscular está associada à ejaculação precoce. Portanto, investir em atividades que aliviem esse quadro é recomendado, como ioga, alongamento, diminuir a ansiedade e praticar exercícios de maneira geral.
2) Permita que a companheira faça uma boa massagem em todo o corpo com os toques no estômago, coxas e outras áreas e preste atenção às sensações - de ansiedade ao alívio. Lidar com o corpo exposto, vulnerável, ajuda a reduzir a ansiedade.
3) Técnicas geralmente indicadas para as mulheres são importantes para homens também. Pratique exercícios de Kegel, contraindo o músculo pubococígeo.
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