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NINFOMANÍACA : VÍCIO EM SEXO TRAZ SOFRIMENTO




Novo filme de Lars von Trier, Ninfomaníaca, que estreia nesta sexta-feira no Brasil, tenta trazer cores reais para transtorno que atinge milhões de pessoas.

Esta reportagem começa com uma peregrinação. Após uma extensa pesquisa pela internet e várias tentativas frustradas de contato por e-mail, as repórteres resolveram visitar os últimos endereços conhecidos do grupo Dependentes de Sexo e Amor Anônimos (Dasa) na capital mineira, em um esforço para tentar mostrar onde e como um dependente de sexo poderia buscar ajuda de forma anônima.

No primeiro local, uma igreja que é ponto de referência no Centro de BH, pouco progresso. “Havia mesmo grupos de ajuda aqui, mas isso foi há uns seis, sete anos. Acho que alguns mudaram para o edifício aí em frente”, disse a funcionária. Atravessamos a avenida, pedimos indicações à ascensorista e chegamos ao sétimo andar, onde era realizado um encontro dos Neuróticos Anônimos.

A coordenadora interrompeu a reunião por alguns segundos e, gentilmente, nos informou que a última localização do Dasa da qual ela tinha notícia era em outra igreja, distante alguns quarteirões dali, na região Centro-Sul. Caminhamos até lá, pedimos informações ao segurança, que indicou uma casa ao lado do templo. Chegando lá, esperança! Vimos um folheto do Dasa colado no mural.

Durou pouco. A funcionária da paróquia disse que as reuniões existiam, mas acabaram há mais ou menos um ano. A busca não foi de todo infrutífera, conseguimos o telefone de um dos membros, e a partir dele chegamos ao ex-coordenador, que não mora mais na capital e vamos identificar como Luiz. Nesse meio tempo, chegou por e-mail um retorno do que seria uma 'junta nacional' do Dasa, personificada pela alcunha de um organizador chamado 'Rico'. Na mensagem, eles explicam mais sobre o funcionamento do grupo e confirmam que a unidade de Belo Horizonte está suspensa (leia mais na entrevista adiante).

Então, como alguém nessa condição pode compreender o próprio caso e buscar ajuda? Ouvimos especialistas – um psiquiatra e uma psicóloga – sobre a dependência em sexo, questão levantada no último filme do cineasta dinamarquês Lars von Trier, que chega nesta sexta-feira (17) às telas mineiras. Mas antes, contamos um pouco a história de Luiz, 41 anos, que encontrou o Dasa aos 36; e de A., 43 anos, divorciado e pai de dois filhos.





Luiz – nem culpado, nem vítima

Luiz é professor e tem 41 anos. Aos 36, chegou até sua primeira reunião do Dasa, grupo que depois passou a coordenar e manteve até o início de 2013, quando mudou-se de Belo Horizonte. Reservado, ele prefere falar de sua experiência em linhas mais gerais. “A compulsão sexual é um tema mais polêmico que vários outros vícios – desperta interesse por um lado, mas repulsa pelo outro. Existem aqueles que enxergam como um grupo de tarados. E outra dificuldade é lidar com os diferentes transtornos associados. É muito comum que um membro do Dasa se identifique também com o Neuróticos Anônimos, por exemplo. Isso fez com que o grupo perdesse um pouco as suas características”, conta. “Todas as pessoas são neuróticas, em alguma medida, mas, em grupos como esse, isso é difícil de administrar”, acrescenta.



'A pessoa acaba acumulando experiências negativas de abandono e separação. É uma diversão sem nenhum prazer. Diversão pela diversão, pelo lazer fast food, que não dura', diz Luiz

A. - quem você conhece que é perfeitamente nornal?

Divorciado há 2 anos, A. conta que a questão do impulso sexual excessivo apareceu no processo de separação. “Meu casamento já ia mal há muito tempo e eu sentia muita falta de sexo. Faço terapia há vários anos e também participo de grupos de ajuda mútua que tratam de questões que envolvem relacionamento como o Dasa e os Neuróticos Anônimos”, afirma.

Segundo ele, desde o fim do casamento está em busca de um novo relacionamento. “Tenho dificuldade de desapegar da minha ex-mulher. Vejo que ainda tenho uma ligação com ela, mas a gente não combinava e as coisas foram piorando passo a passo, até o ponto de ela não querer mais fazer sexo comigo. Ela dizia, ‘arruma outra mulher’, e repetia: ‘arruma outra mulher’, até o dia em que eu arrumei várias. Apesar de ela manifestar o desejo da separação, o dia que ela se decidiu, foi pesado”, relembra.

A. diz que não toma nenhum remédio atualmente, mas assume que é uma pessoa muito ansiosa. No ano passado, namorou duas vezes, os relacionamentos duraram 3 e 6 meses. “O meu problema é que tenho dificuldade em ficar muito tempo sem sexo. Mas não sou nenhum atleta sexual”, pondera.

Logo após a separação da mãe de seus filhos, ele emendou um relacionamento que também não deu certo e que o fez sofrer muito. “Precisei recorrer a um antidepressivo e uma dose baixa de rivotril”, relata. A medicação foi acompanhada de perto por um médico que, segundo ele, com o tempo foi diminuindo a dosagem até parar. Essa época foi tão difícil que A. teve uma doença autoimune, que ele não quer revelar o nome com receio de ser identificado na reportagem por algum conhecido.

Atualmente ele classifica sua vida amorosa como complicada, desde que rompeu o último relacionamento que durou 6 meses. “Conheci várias pessoas. Já saí com sete, tive relação com quatro. Mas não vejo perspectiva de namoro. Eu não consigo ficar saindo muito tempo com alguém se eu não tiver interesse pela pessoa. Mas as mulheres não gostam dessa coisa eventual. Aquelas que eu gostei, enjoaram de mim”, relata.

A. reforça que o Dasa o ajudou muito à época que frequentava as reuniões. “Foi quando eu consegui ficar mais tempo sem ter relação sexual com ninguém”, recorda-se. Ele recomenda o trabalho dos grupos de apoio e sugere ainda, no caso feminino, o Mulheres que Amam Demais (Mada).

“As pessoas deviam procurar mais ajuda de profissionais especializados, grupos de apoio e até na literatura que aborda comportamento e relacionamento. É uma forma de aprender a lidar com a emoção. Na época que frequentava os Neuróticos Anônimos eles afirmavam que 95% das pessoas tinham algum tipo de neurose. Acho que é um chute, mas quantas pessoas você conhece que são perfeitamente normais? Eu não conheço ninguém”, encerra.

Fonte:http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/01/17/noticia_saudeplena,147220/vicio-em-sexo-nao-e-brincadeira-e-sofrimento.shtml


Assista ao trailer do filme:






A Ninfomaníaca - Trailer Oficial (LEGENDADO)




Ninfomaníaca – Vol. I (2013): Lars von Trier 

provocador e instigante

Poderoso e incômodo desde sua demorada tela inicial negra, que deixa o espectador tateando para saber onde está, o primeiro volume da mais recente obra Lars von Trier continua a exploração do cineasta pelas angústias da psique humana, desta vez desbravando o rico caminho dos anseios sexuais para fazer o seu ponto.


Avaliação:10
Ao contrário de outras espécies, os humanos racionalizam o ato do coito. O que é um mero instinto para a maioria dos animais, ganha contornos emocionais para as pessoas, que atribuem ao sexo um valor moral pela cultura na qual o indivíduo se insere, seja ela mais liberal ou conservadora. O cinema de Lars von Trier lida com as angústias humanas (focando mais recentemente em comportamentos depressivos e autodestrutivos), o que torna este “Ninfomaníaca – Vol. I” um passo lógico na filmografia do cineasta.
A despeito de toda a polêmica que cercou sua produção, o público não encontrará, ao menos nesta primeira metade da obra (dividida em dois volumes), nada que o ser humano ocidental médio maior de idade não tenha dito ou feito em sua privacidade. Há uma franqueza ao se tratar de sexo no cinema que o grande público pode não estar  acostumado, mas nada excessivamente chocante. Filmes como“Azul é a Cor Mais Quente” ou “9 Canções” foram muito mais ousados e explícitos, do ponto de vista visual.
O fato é que a narrativa proposta por Trier não foi comprometida por eventuais cortes requisitados por produtores. A produção não é um espetáculo pornográfico. Sim, o sexo é uma pedra fundamental na jornada mostrada na tela, mas o ato em si não é o fim, mas sim um meio para a narrativa ser exposta.
Na trama, Seligman (Stellan Skarsgård) encontra uma mulher machucada e inconsciente em um beco e a leva para sua casa até que ela se recupere. Ela, Joe (Charlotte Gainsbourg), passa então a narrar para o seu benfeitor sua história, e continuamente afirma que seu comportamento sexual fez com que merecesse o espancamento do qual fora vítima. A partir daí, Trier adota sua típica estrutura de capítulos a partir dos eventos narrados por Joe, cuja versão mais moça é vivida pela estreante Stacy Martin.
O filme deixa bem claro que o visual dentro das histórias é provido pela imaginação de Seligman, alimentada pela narrativa de Joe. Isso permite que Trier justifique inclusive a inserção de elementos gráficos (como o“3+5”, a sequência com a “educação” de Joe ou o momento em que ela estaciona um carro) ou mesmo modifique radicalmente a fotografia em determinados momentos da projeção, algo que ocorre de maneira mais prolongada durante o triste capítulo “Delírio”, quando um melancólico preto e branco toma conta da tela.
A relação da protagonista com o sexo é o centro do roteiro e do arco de Joe, que busca “sentir algo”, por mais passageiro que seja. Com raras exceções, Joe se mostra incapaz de ter sentimentos para com aqueles que a rodeiam, tentando preencher esse vazio com o gozo, usando homens por quem ela pode sentir até repulsa como paliativos para isso. Neste sentido, Joe tem muito em comum com o Brandon de Michael Fassbender, personagem principal de “Shame”.
O coração fechado da mulher só encontra espaço para amar seu pai (Christian Slater) e Jerome (Shia LaBeouf), o rapaz que tirou sua virgindade de maneira humilhante. A rivalidade que ela tem para com a mãe (Connie Nielsen) se traduz quase que em ódio, com o pai no centro desta disputa, que indica uma relação incestuosa (consumada ou não) entre Joe e seu progenitor, com uma solitária gota traduzindo isso para a realidade (Complexo de Electra).
A corajosa interpretação de Stacy Martin carrega todo o longa. A atriz estreante, que possui uma beleza pura, quase angelical, se entrega de corpo e alma e hipnotiza o público em cena com seu desapego, mostrando a evolução de Joe da sua timidez inicial, passando pelo seu apogeu sexual, até o momento que serve como cliffhanger no fim desta primeira parte. As cenas que se passam no quarto capítulo, emocionalmente carregadas, só funcionam graças ao talento da moça.
Stellan Skarsgård, como o pacato Seligman, faz às vezes do espectador, em um papel passivo, como o ouvinte da história de Joe que encontra paralelos nesta com sua própria vida. A despeito de não ser alguém exatamente puro e casto (afinal, é a imaginação dele que assume o caráter visual da película, o que ressalta seu papel como alter-ego do público), ele é o padre confessor, algo irônico considerando os fatores a seguir.
Primeiro, o fato de o personagem ser judeu, sacada genial de Trier considerando suas polêmicas declarações quando do lançamento de “Melancolia”. Segundo, Seligman faz de tudo para “absolver” Joe das condutas que ela considera como seus “pecados”, em uma clara culpa católica, cruz especialmente masoquista para alguém que renega todas as religiões carregar.
Nisso, vemos Charlotte Gainsbourg basicamente se autoimolando em cena, enquanto sua Joe narra para seu benfeitor fatos extremamente pessoais e dolorosos. Com este ato, ela não procura por paz ou absolvição (ela não se acha merecedora disso), mas os motivos para seus instintos se transformarem em uma compulsão, algo que a torna, em seu próprio ponto de vista, uma pessoa maligna.
No elenco de apoio, mesmo com o aposentado precoce Shia LaBeouf a esbanjar uma energia e força até então inéditas e Christian Slater encarnando uma figura serena digna do amor de Joe, quem rouba o filme é mesmo Uma Thurman, em um verdadeiro tour de force como a ensandecida Sra. H, mulher que, tomada pelo ciúme e pela dor, comete um ato indizível para tentar atingir o marido, que queria deixá-la por Joe. Com poucos minutos em cena, Thurman mostra o lado obscuro do amor possessivo, em um espetáculo que transita habilmente entre o trauma e o riso nervoso, naqueles que são os momentos mais tensos da película.
O texto de Trier falha apenas ao deixar claras as suas metáforas, dando pouco espaço para o espectador processar sozinho o que está vendo em um didatismo exacerbado, algo incomum para o cineasta, aliás. Existem ainda alguns jump cuts um tanto quanto estranhos, mas nada que comprometa a arrebatadora experiência de acompanhar mais esta incômoda obra de arte produzida pelo diretor, tão devastadora quanto a música da banda Rammstein que abre e encerra a película. Esperamos que o Volume II, cujo trailer está presente nos créditos finais, mantenha o nível aqui apresentado.
___Thiago Siqueira é crítico de cinema do CCR e participante fixo do RapaduraCast. Advogado por profissão e cinéfilo por natureza, é membro do CCR desde 2007. Formou-se em cursos de Crítica Cinematográfica e História e Estética do Cinema.
Fonte:http://cinemacomrapadura.com.br/criticas/316403/ninfomaniaca-vol-i-2013-lars-von-trier-provocador-e-instigante/



Adicção sexual
O Comportamento Sexual Compulsivo afeta entre 3% a 6% da população, predominantemente homens, e costuma ter início no final da adolescência ou no início da terceira década.1
Classificação e recursos externos
CID-10F52.7
CID-9302.89

Diagnóstico diferencial

É um dos sintomas da fase maníaca do distúrbio bipolar na fase maníaca. Nesta fase, o pensamento acelerado, delírio de grandiosidade, impulsividade e euforia podem gerar um grande aumento no número de relações sexuais, frequentemente sem preservativo e com múltiplos parceiros. Semanas depois na fase depressiva é comum que o paciente se arrependa e sinta vergonha e culpa por seus excessos e irresponsabilidade. Doença de Pick, lesões cerebrais, sífilis e demências também podem causar um aumento na sexualidade, impulsividade e obsessão sexual além de outros comportamentos socialmente inadequados similares.7
Está fortemente associado com outras adicções como alcoolismodrogadicçãojogo patológico e compulsão alimentar. Também pode estar associado a transtornos de ansiedadedistúrbios do humortranstorno de personalidade ou a outradisfunção sexual. Não deve ser classificada quando a hipersexualidade for causada por drogas (como metanfetaminas) ou medicamentos.

Etimologia

Ninfomania deriva das palavras gregas (nymphe) "moça; noiva" e (mania) "loucura". Na mitologia grega ninfas e sátiros eram espíritos da natureza famosos por sua beleza e sexualidade exacerbadaluz a famosos heróis.

Tratamento

Terapia cognitivo-comportamental ensina o paciente a controlar seus impulsos e a manter relacionamentos sexualmente saudáveis e satisfatórios não necessariamente diminuindo a frequência sexual (por exemplo pode focalizar em ensinar a pessoa a restringir seu número de parceiros sexuais, melhorar a qualidade do ato e sempre usar preservativos). Pode também ser voltada para o desenvolvimento de habilidades para lidar melhor com a ansiedade, desconforto e carência afetiva ou de assertividade (saber dizer "não" gentilmente).9
Antidepressivos que regulam a serotonina (ISRS) podem ajudar a diminuir a libido, a ansiedade, os pensamentos obsessivos e aumentar o auto-controle e bom humor. Psicoterapia de casal e psicoterapia de grupo especialmente voltada para adicção sexual também tem demonstrado bons resultados.10 2

Casos notáveis

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=168
  2. ↑ Ir para:a b http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?10
  3. Ir para cima Barth, R. J., & Kinder, B. N. (1987). The mislabeling of sexual impulsivity. Journal of Sex & Marital Therapy, 13, 15-23.
  4. Ir para cima Mundo Estranho - O que provoca a ninfomania?. Página visitada em 03/02/2009.
  5. Ir para cima Coleman, E. - Is your patient suffering from compulsive sexual behavior? Psychiatr Annals 22:320-325, 1992.
  6. Ir para cima http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=168
  7. Ir para cima Cummings, J. L.. Dementia: A clinical approach (2nd ed). Boston: Butterworth-Heinemann.
  8. Ir para cima Lawson, John Cuthbert (1910). Modern Greek Folklore and Ancient Greek Religion (1st ed.). Cambridge: Cambridge University Press. pp. 131.
  9. Ir para cima Meg S. Kaplan; Richard B. Krueger, "Diagnosis, assessment, and treatment of hypersexuality" , The Journal of Sex Research, March-June 2010
  10. Ir para cima Kafka, M. P. (2007). Paraphilia-related disorders: The evalution and treatment of nonparaphilic hypersexuality. In S. R. Leiblum (Ed.), Principles and practice of sex therapy (4th ed.) (pp. 442-476). New York: Guilford.

Ver também


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