HOUVE MOMENTOS DE EMBARAÇO SEGUNDO ADÈLE,ATRIZ DO FILME "AZUL É A COR MAIS QUENTE"


Azul é a cor mais quente (Foto: Divulgação)

"Houve momentos de embaraço", diz Adèle Exarchopoulos sobre "Azul é a Cor Mais Quente"

Atriz francesa comenta sobre a polêmica cena de sexo de um dos filmes de romance lésbico mais comentados de todos os tempos

Adéle Exarchopoulos (Foto: Scott Trindle)

Ela é linda, francesa, tem 20 anos e protagoniza  um romance lésbico, Azul É a Cor Mais Quente, que estreou nos cinemas nacionais no dia 6 de dezembro. Só isso já faria de Adèle Exarchopoulos o centro de nossas atenções. Mas ela ainda esteve no Brasil recentemente, é forte candidata (precoce) a um Oscar e dividiu com a colega Léa Seydoux e o diretor Abdellatif Kechiche a Palma de Ouro em Cannes, fato inédito na história do festival. 

“Eu sei que todo mundo quer me perguntar se a gente realmente transa na cena. Mas quando se morre em um filme, não se morre na vida real”, disse à GQ. Fantasias à parte, o fato é que o longa de três horas de duração tem uma cena tórrida de dez minutos e que, poucos meses depois de ser lançado em Cannes, as protagonistas falaram por aí que foi tão esgotante filmar com Kechiche que chegaram a chorar. Mas recuaram.

“Você conhece alguém e duas horas mais tarde te pedem para ficar nua com ela com quatro câmeras sobre vocês! Claro que houve momentos de embaraço”, disse Adèle.

Sua personagem, que também se chama Adèle, está descobrindo a sexualidade no ensino médio quando conhece Emma (Léa Seydoux), homossexual assumida, e se apaixona por seus cabelos azuis. O diretor do filme conta que decidiu escalar Adèle depois de vê-la devorar uma fatia de torta de limão. Fácil imaginar o porquê.

"Azul é a Cor Mais Quente": sexo, ficção e realidade no cinema

Chega aos cinemas brasileiros o polêmico "Azul é a Cor mais Quente", com cenas de sexo que surpreenderam – mas conquistaram – o Festival de Cannes e que fizeram as atrizes do filme questionar métodos de trabalho do diretor


Um dos filmes mais polêmicos do ano chega aos cinemas brasileiros no próximo dia 6 - Azul é a cor mais quente (La Vie d'Adèle - Chapitres 1 et 2), do franco-tunisiano Abdellatif Kechiche, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes 2013. Para lançar o filme no país, o diretor e os atores Adèle Exarchopoulos, Mona Walravens e Jérémie Laheurte participam de uma série de eventos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Uma ausência sentida é da co-protagonista Lèa Seydoux, cujo nome aparece em primeiro lugar nos créditos, mas que, por causa das declarações sobre os métodos de trabalho de Kechiche, não participa mais da divulgação do filme.

Baseado na história em quadrinhos homônima, escrita e desenhada por Julie Maroh, Azul é a cor mais quente mostra as mudanças na vida de Adèle (Adèle Exarchopoulos) que, aos 15 anos, conhece Emma (Léa Seydoux), uma estudante universitária de cabelos azuis por quem se apaixona. O filme aborda, ao longo de 179 minutos, todas as transformações que este amor provoca na menina.

O estilo de Kechiche, com a câmera em close e longas sequências que exploram as emoções das personagens, causou furor no Festival de Cannes e surpreendeu pelas cenas de sexo, uma delas de seis minutos, apresentada com riqueza de detalhes. Na coletiva de imprensa em Cannes, Lèa Seydoux chorou e disse que tudo o que é visto na tela foi feito de verdade. Após a conquista da Palma de Ouro, Lèa e Adèle Exarchopoulos reclamaram publicamente dos métodos usados pelo diretor, alegando que ele passou dos limites da ficção, obrigando-as a fazer cenas reais. O diretor revidou, dizendo que elas foram avisadas da veracidade do filme. Adèle, que na época da filmagem tinha 18 anos e não havia feito nenhum papel de destaque em outra produção, voltou atrás e ficou ao lado de Kechiche. Lèa, que tem uma carreira consolidada e já filmou em Hollywood, manteve a palavra e disse que nunca mais voltaria a trabalhar com o cineasta.

Todo o disse-me-disse em torno de Azul é a Cor mais Quente poderia ser apenas uma jogada de marketing, mas levanta a questão sobre até que ponto o diretor pode manipular os atores. Em todas as cenas do filme fica claro o quanto as atrizes foram exploradas – em seus corpos superexpostos, ou em suas emoções. Nesta passagem pelo Brasil, conversamos com Abdellatif Kechiche e Adèle Exarchopoulos, que fugiram da polêmica e ressaltaram que a história de amor é o foco do filme.
Cartaz "Azul é a cor mais quente" (Foto: Divulgação)

 
Há uma divisão entre as pessoas que assistem ao filme: muitos gostam, mas outros acham as cenas de sexo longas e apelativas demais. O que o senhor acha disso?
Abdellatif Kechiche: É uma polêmica da época. Todos falavam da primeira cena de beijo, da primeira cena de nu. São comentários bobos, porque o que fiz foi filmar cenas de amor. Espero que em alguns anos sobrem outros tipos de comentários sobre o filme. Eu tenho meu ritmo, não sou acelerado. O modo como filmo pode perturbar ou desviar a atenção, porque escolho cenas compridas, não só as de sexo, mas também as de comida, de amor. Acho que os críticos de cinema veem muitos filmes e analisam por um ângulo diferente do público.
Mas as cenas foram consideradas muito realistas.
Abdellatif Kechiche: Quero que as pessoas se identifiquem com Adèle. A ideia do filme é atingir o ser. Porque antes de tudo é uma história de amor, e não uma história de amor entre duas mulheres. E sendo uma história de amor faz parte a atração física e o desejo.

No filme a protagonista se chama Adèle e na história em quadrinhos, Clemèntine. O que mais é diferente na trama?
Adèle Exarchopoulos: 
A personagem é bem diferente do que aparece na história em quadrinhos, até o nome é diferente. Tivemos a liberdade de criar em cima da HQ. O final da história é bastante diferente também, na HQ é mais triste.

Adèle é uma menina que se expressa muito pelo olhar e pelo silêncio. O uso de closes foi para acentuar isso?
Abdellatif Kechiche: 
É o meu tipo de escrita, eu sinto assim e pode ser que perturbe porque não é tão habitual filmar de perto. Eu queria mostrar o corpo, a pele. Foi algo que vi no dia a dia do set, queria destacar o que não podia ser falado, no sono, nas lágrimas, mostrar as emoções. E se as atrizes podem me emocionar, podem emocionar o público também.
As feministas apontam que o filme tem um olhar masculino sobre as mulheres, como o senhor analisa isso?
Abdellatif Kechiche:
 O que é o olhar masculino e o olhar feminino? Acho que isso é uma crítica vazia e sem sentido. Dizer que existe um olhar correto é trancar o amor em uma camisa de força. Espero que homem, mulher, homossexual ou hetero se identifiquem com a história.

Fonte:http://gq.globo.com/Cultura/noticia/2013/12/azul-e-cor-mais-quente-sexo-ficcao-e-realidade-no-cinema.html

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