Hannah Brencher, norte-americana
que escreveu cartas por sentir-se muito
sozinha em Nova York-Tiffany Farley/Divulgação
Em 17 de janeiro de 2013, uma garota norte-americana de 24 anos deixou uma carta na pia do banheiro de um quarto de hotel em Hollywood e partiu sem dar mais explicações. No envelope branco, não havia nada escrito, nem o nome de um destinatário. A missiva corria o risco de cair nas mãos de quem a encontrasse. Qualquer pessoa. E essa era justamente a ideia.
"Sempre que vou a um hotel faço isso", conta Hannah Brencher, a autora da carta. E não só em hotéis. Desde 2010, ela escreve mensagens com palavras inspiradoras e as distribui por aí –a de Hollywood era só a mais recente .
Hannah já deixou cartas dentro de livros em bibliotecas, apoiadas em galhos de árvores, dentro de bolsos de casacos, em bancos de cafeterias, no metrô, em várias cidades dos Estados Unidos, principalmente em Nova York, onde mora. Foi a mudança para a "Big Apple", aliás, que motivou o projeto dela.
Por que escrever as cartas?
Recém-saída de Worcester, um município de cerca de 200 mil habitantes em Massachusetts, Hannah se sentiu solitária e deprimida quando chegou a Nova York. Acostumada às cartas –sua mãe sempre as escrevia e espalhava pela casa e, antes dela, a bisavó da garota–, resolveu usá-las para desabafar.
Longe da família e dos amigos, pensou: por que não deixar que desconhecidos as encontrem? A primeira foi inspirada por uma mulher que Hannah viu no metrô, se sentindo tão perdida quanto ela. A garota começou a escrever a mensagem ali. "Eu falava do que estava sentindo e, ao mesmo tempo, queria encorajá-la", lembra. Hannah ficou tão entretida que não viu a mulher indo embora. Então, deixou a carta no banco ao lado e desembarcou. "Não gosto de ver as pessoas pegando a mensagem. Fico nervosa até hoje", diz.
Em uma noite de outubro de 2010, ela postou em seu blog que escreveria uma carta e a enviaria pelo correio a quem quer que pedisse. "Esperava umas 20 respostas, mas acabei recebendo mais de 100", lembra. Era o empurrão que precisava para continuar espalhando suas mensagens pela cidade.
- "Por causa dessas mensagens, eu tirava o foco de mim e esquecia meus problemas", conta Hannah
Um detalhe importante: as cartas de Hannah são escritas à mão. "A letra de uma pessoa simboliza conexão e presença. Uma mensagem assim demanda muito mais esforço do que um e-mail", diz, depois de deixar claro que não tem nada contra a internet (no dia a dia, Hannah usa bastante as redes sociais).
Em dez meses, o número de encomendas de cartas no blog dela passou de 400. Hannah escreveu e enviou todas. "O processo foi me curando. Por causa dessas mensagens, eu tirava o foco de mim e esquecia meus problemas", conta.
Em agosto de 2011, ela decidiu transformar seu projeto em algo maior, que alcançasse ainda mais pessoas, e fundou o site "More Love Letters" (Mais Cartas de Amor, na tradução livre).
Hoje, o projeto conta com uma equipe de quase 20 garotas que trabalham como voluntárias. Além delas, o MLL tem mais de 11 mil assinantes em 29 países, entre eles, o Brasil, que escrevem cartas para estranhos com mensagens para estimular principalmente a autovalorização –o "love" do nome do site deve ser entendido no sentido mais amplo da palavra.
O "More Love Letters" ainda aceita pedidos de cartas, que são escritas por Hannah e sua equipe e enviadas pelo correio. Segundo a garota, o site recebe dezenas dessas encomendas toda semana.
Hoje, o projeto conta com uma equipe de quase 20 garotas que trabalham como voluntárias. Além delas, o MLL tem mais de 11 mil assinantes em 29 países, entre eles, o Brasil, que escrevem cartas para estranhos com mensagens para estimular principalmente a autovalorização –o "love" do nome do site deve ser entendido no sentido mais amplo da palavra.
O "More Love Letters" ainda aceita pedidos de cartas, que são escritas por Hannah e sua equipe e enviadas pelo correio. Segundo a garota, o site recebe dezenas dessas encomendas toda semana.
Escreva também
1. Fale sobre o que está sentindo. Não precisa ser uma mensagem tradicional. Vale um desenho, uma música ou um poema, desde que seja honesto. Isso é o que fará as pessoas se identificarem com a sua carta.
2. Preocupe-se com o papel e a caneta que vai usar. Uma carta bonita tem muito mais chances de ser pega e lida.
3. Aposte em histórias e depoimentos. Assim, você prende a atenção do leitor e cria uma proximidade com ele.
4. No texto, converse com a pessoa. Isso demonstrará uma atenção especial a quem estiver lendo.
5. Só assine se estiver à vontade. Às vezes, as melhores cartas são aquelas escritas anonimamente.
Em uma palestra no ano passado, Hannah relata, por exemplo, a história de um homem que, pelo Facebook, disse que não queria mais viver. Os amigos dele encomendaram ao MLL as cartas e, após lê-las, o homem mudou de ideia. Hoje, ele dorme com as mensagens sob o travesseiro.
"As cartas são algo tangível, você carrega consigo e olha para elas todo dia. Os e-mails você quase nunca vê de novo", diz a garota.
Todo mundo escreve
Além de enviar, o "More Love Letters" recebe mensagens, postadas na seção "A Love Letter a Day" (Uma Carta de Amor por Dia, na tradução livre). Vale como fonte de inspiração para quem tem dificuldades em escrever para pessoas queridas ou está naquele dia em que nada dá certo.
Os serviços do MLL são gratuitos, mas doações são bem-vindas: é assim que o projeto se mantém. Hannah, que deixou o emprego no ano passado para se dedicar ao site, se sustenta fazendo palestras em escolas, conferências e empresas, em que fala sobre internet, cartas e criatividade. Só no último semestre de 2012 foram dez, e o número deve aumentar este ano. A garota também diz que, em breve, o projeto ganhará apoiadores.
Outra novidade para 2013 é um livro. Hannah acaba de fechar com um agente para negociar a publicação nos Estados Unidos. "Será sobre uma garota que encontra a si mesma com a ajuda de um monte de cartas para estranhos", diz.
Fonte:http://mulher.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2013/02/28
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