HOMEM SABE AMAR ? HOMENS SÃO PIORES QUE AS MULHERES ?

 



Meninas, vocês me desculpam um post mínimo e minúsculo? É que hoje vai só um farelinho de mim. É que hoje eu tou com febre, inflamado. Eu acordei meio doente. E cansado. E meter o dedo nas teclas tá doendo tudo.
Tudo por causa de uma fratura exposta.
Meninas, meninas. Olha que coisa! Levei um tombo daqueles, fui brincar de andar em duas rodas, cai, fiquei meio aleijado. O braço direito não tá mexendo direito! E assim, não vai dar pra escrever muito.
Ou vai?
Vamos até onde for possível…
Sem medo.
Sem dor.
Enfim, o que eu queria dizer hoje é dizer sobre o ontem.
E poxa, quanta coisa! Quanta beleza, quanta raiva, quanto carinho e quanta curiosidade.
Nah!, o que eu queria dizer mesmo não era isso. Era isto: li mesmo o que vocês escreveram. Com calma. E reli com carinho. Filtrei toneladas de coisas. Muitos temas. Muitas dúvidas. Volto a várias delas em breve, prometo. Mas antes, agora mesmo, eu quero falar de uma coisa só: uma nuvem que sobrevoou algumas das opiniões de vocês. Um rancor infinito. Definitivo.
E poxa, que triste, meninas. Pra que tanta nuvem, não é? Pra que tanta coisa nublada?
Preguiça infinita.

UM MUNDO DE ÓDIO

Algumas aproveitaram o espaço do post passado pra dizer que os homens são a canalhice envolvida em carne e pelo. Que homens são incapazes de amar. E de sofrer.
Sabem o que eu acho?
Acho que calma, gente.
Acho que é engraçado.
Acho que é triste.
Acho que é radical.
Acho que é perigoso.
E acho que não sei o que eu acho.
Mas acho, finalmente, que o mundo é muito mole. Que a gente vive de radicalismos de algodão.
Que as pessoas têm essa imensa facilidade de apontar dedos, de escolher culpados, de se enervar com o injusto da vida sem entender que a vida cobra, que o injusto é também você quem faz. Que é preciso cuidar das pessoas. Que é preciso ter carinho. E respeito. Que pra ter posição, que pra poder se olhar no espelho, é preciso fazer escolhas. Bancar as escolhas.
Viver não é moleza. Nunca foi. A gente pisa em toneladas de cadáveres e quilômetros de passado. Um dia, seremos nós. E essa coisa banal, finita, que é viver deixa a gente fraco, sem perceber que essa coisa banal e finita de viver só vale a pena se a gente fizer um esforço de ela valer a pena.
Sejam fortes! Sejam sim…
Ah, moças. Olhar no espelho deveria ser o mais difícil dos exercícios, e vejam só: a gente acorda e a primeira coisa que faz é justamente olhar o espelho. Sem ligar. Sem entender. Quem é que vocês veem quando veem um espelho?
O espelho banalizou. Todo mundo quer apontar, mas todo mundo não quer se apontar.
O espelho, o mais cruel dos inimigos, virou um amigo sem força.
E isso é ruim.

HOMEM NÃO AMA?

Percebi que as dores de amores são comuns, profundas e definitivas. Definidoras. Algumas das leitoras desistiram. Tatuaram no coração um negócio escuro, cruel.
Eu fico triste. Há dor demais no mundo, não é? O mundo não alivia. E entendo essa vontade de bater no planeta. Mas, saibam, minhas doçuras: o mundo não liga. O mundo não tá nem aí.
Nem aqui.
O que liga é a gente ser doce. Ser responsável. Aguentar o quanto der, brigar quando for necessário (eu sou a favor das brigas necessárias, ainda que tristes!) e tentar retribuir ao planeta boas coisas. Ah, sim. E ser responsável. Cuidar de quem já foi importante pra gente. O passado é tão frágil… E tão imutável. Não esqueçam jamais disso. Cuidem. E que vocês sejam cuidadas também.
Derrapei no assunto?
Volto a ele:
Li comentários e vi corações de paçoquinha, muito esfarelados. E tive a maior das compaixões.
Sabe do que mais? Posso dizer a vocês que estou aqui? Posso pedir pra contarem comigo? Posso dizer que não deixo vocês sozinhas? Ajuda? Escrevam. Não fiquem sós. Eu leio, juro que leio. Dando tempo, respondo. Não dando, guardo a resposta aqui comigo. Mas saibam: de algum jeito, eu escuto.
E pra todas vocês que desistiram, posso pedir um negócio?
Não desistam!

Homens são canalhas. São sim. Mas não todos. E vocês também são bem capazes das maiores torpezas, da hediondez mais dissimulada. Vamos assumir quem somos, meu povo, minhas meninas. Sem essa de que um dos lados é superior. É tudo igual. Acontece porque acontece. É da espécie. Dois olhos, uma boca, um nariz e mãos, tudo isso pra machucar. Mas pra fazer carinho também. É escolher.
Não deixem esse sofrimento criar definições muito tristes sobre os homens.
Isso é muito cruel. Isso alimenta essa quantidade montanhesca de coisas ruins sendo feitas. Ninguém que assumir suas culpas. Só dói quando é na gente.
Ah, eu juro que vi uma mocinha nos comentários narrando que a confiança dela havia sido traída. O sujeito a magoou. Ela perdeu o sono. Deixou de comer. De entender. E de acreditar. Tive vontade de mandar um docinho a ela. E dizer que é assim mesmo, perder o direito a um passado bonito é triste demais. Mas não há muito o que fazer. A não ser acreditar no amor. Acreditem no amor masculino! Assim como eu acredito no amor de vocês.

POR QUÊ?

Meninas, chega! que minha mão tá latejando.
Só que antes de ir, quero dizer um troço: quando dizem que homem não ama, dizem mal. Homem não sofre? E se sofre, é pouco? Passa rápido? Passa nada. É tudo igualzinho.
Ou então, dizem que homem só quer te comer. Ele não liga. Ele te esquece em dois minutos, em uns três dias. É, pode ser. Verdades enormes dentro disso, mas não é sempre assim. Não só assim.
Por fim, dizem que ele não chora. E que não respeita. Que uma história a dois, pro homem, é um história de molecagens, puladas de muro, insensibilidades e um grande nada.
Sério mesmo que algumas de vocês conseguem achar isso?
Homem chora! Às vezes é só por dentro. Mas chora.
Homem sofre. Homem ama.
Meninas, meninas. A história do mundo é a história da dor.
Saibam, então, que essa é uma sina unissex.
Ninguém escapa. Ou alguns escapam.
Mas a maioria, não…
A vida só é boa pra alguns?
Talvez.
Talvez não.
Mas o que eu queria dizer mesmo?
Dizer pra seguir em frente. Sigam em frente. Respeitem o passado se isso ainda for possível. Escolham com cuidado, mas se entreguem ao próximo sujeito que merecer. Se ele merecer. Sejam felizes. E que os rapazes façam o mesmo com vocês. Amor é milagre. Namoro é milagre. Casamento é milagre. Um encontro é um milagre. Que curvas, que esquinas a gente não virou pra poder trombar com aquele sujeito, com ela, com você.
Poxa, eu acho isso muito bonito.
Eu acho isso muito lindo. E acho muito precioso.
Não percam esse fiapo de milagre.
O mundo não dá muitas chances.
Ah, meninas, meninas. Vontade de fazer passar isso aí que vocês sentem. Mas acreditem, vai passar. Pode ficar cicatriz, vai ficar cicatriz, pode não mexer mais como era antes (olha eu aqui com o braço estropiado, já prevendo a marca que vai ficar), mas acho que é o seguinte: não sejam assim. Acreditar na humanidade é um exercício quase impossível. A humanidade se esforça pra te lesar. Os traumas conseguem mesmo apagar um passado que tinha beleza, que tinha tristeza também. O mal é mais forte que o bem. E por isso é preciso cuidar com muito cuidado.
É preciso respeitar.
Mas eu não sei…
Acho que pendurar a culpa na conta do mundo é ser pequeno demais.
Homem sofre, mulher sofre.
Homem ama, mulher ama.
Homem apronta, mulher apronta.
Homem chora, mulher chora.
Dizer o contrário me ofende demais.

Meninas, meninas. Não desistam. Jogar uma gotinha de vinagre e manchar a água é a coisa mais fácil do mundo. Uma gotinha só! E a cor mudou, não volta mais. E o que existia antes não é mais o que existia antes. Mas não se enganem. Não enganem. Não desistam! Fazer mal, fazer bem, é coisa nossa, minha, sua, dela, dele.
A graça dessa trajetória é tentar distribuir menos dor. É se esforçar.
Me mostre uma mulher triste e quebrada de amor e eu lhe mostrarei um homem triste e quebrado de amor.
Me mostre um homem que trai a confiança, e eu lhe mostrarei uma mulher traindo a confiança.
O mundo não acaba numa explosão. Ele acaba com um sussurro. Com um segredo.

UM FIM

Nas meninas que acham os homens imprestáveis, eu gostaria de dar um beijinho. Gostaria de escutar todas. De tomar seu lado, pegar sua mão, defender sua tristeza. Porque nessas horas, a gente precisa de ouvido, de ser ouvido. Eu escuto vocês, prometo.
Falem. Mas não desistam. E não esqueçam que o mundo é assim.
Homens ocos, mulheres ocas.
Tem uma fartura de gente assim.
Mas me façam um favor? Menos! Tudo muito menos! Tempo ao tempo. Eu sei que o daqui a seis meses demora seis meses pra passar, e que o dia 2 é enorme. Mas sem radicalismos.
Queridas leitoras; Nathália, Juliana (onde estará Juliana?), Thais, Magda, Mariana, Olivia… ah, doce Olivia… Beijo em todas.
E chega!
Que vixi, tá doendo o braço e o doutor falou que eu devia parar.
Mas acabar como? Hoje eu não sei. E por conta desse meu não sei, eu termino oferecendo a palavra de quem sabe e fez melhor do que eu.
Anotem, meninas. Anotem. É um presentinho. Ganhei ele uma vez, é precioso, especial, veio de longe, e agora eu repasso a vocês.
Um poeminha do Leminski.
Vai que ajuda…
Ajuda?

BEM NO FUNDO

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela – silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja que olhas pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.
Não desistam, meninas. Não desistam.
Tem uma dúvida cruel? Escreva para falecomele@edglobo.com.br

Fonte:http://colunas.revistamarieclaire.globo.com/falecomele/2012/09/09/homem-sabe-amar-homens-sao-piores-que-mulheres/

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