As relações interpessoais, de indivíduos que são dependentes emocionais, é uma busca desesperada de satisfazerem-se mediante relações estreitas, destinadas ao fracasso, ou no melhor dos casos, a um equilíbrio precário.
O dependente emocional necessita de forma excessiva a aprovação dos demais, gerando ?ruminações? sobre sua aceitação por um determinado grupo, empenhando-se em ter sempre boa aparência ou demandas mais ou menos explícitas de afeto e amor.
Suas relações são exclusivas e ?parasitárias?. A necessidade do par, ou do amigo, filho, etc.é realmente uma dependência , como se produz nas pessoas que usam drogas, o que gera no outro um sentimento de ser invadido ou absorvido.
O dependente quer dispor continuamente da presença da outra pessoa como se estivesse ?enganchado? a ela.Procurará continuamente ao seu par no trabalho, pedindo que renuncie sua vida privada para que estejam mais tempo juntos, demandando sempre a ela atenção exclusiva e sempre lhe parecerá insuficiente.
Esta possessão ou domínio é uma tremenda necessidade de afetiva.
O desejo de ter um par é tão grande que se iludem ou fantasiam, refletindo expectativas irreais sobre a pessoa que acabaram de conhecer e sobre o relacionamento entre eles.
Suas relações são ?assimétricas?, pois o dependente adota a posição subordinada.
Sua pobre auto-estima e a escolha de pares exploradores, conduzindo-os a uma continua e progressiva degradação. Suporta depreciações e humilhações, relegando seus gostos e interesses para um segundo plano, renunciando seu orgulho, seus ideais, etc.
Faz isto de forma egoísta pensando sempre em preservar a relação, pois ele se dá para receber, como um jogador viciado que gasta todas suas fichas pela irresistível necessidade de continuar jogando.
Sua relação não preenche o seu vazio emocional, somente o atenua, pois não se produz um intercambio recíproco de afeto.
Ela não esta acostumada a querer- se ou ser querida, e se engancha obsessivamente ao par, permanecendo na relação por mais frustrante que esta seja.
Quando há a ruptura da relação, isso se torna um trauma para o dependente, mas como ter uma relação para ele é uma necessidade tão grande, que ao invés de recuperar-se, procura imediatamente outra relação com o mesmo ímpeto.
Apesar de insatisfatória e patológica essa relação, a ruptura é verdadeiramente devastadora para o dependente, podendo precipitar episódios de depressão profunda ou outras psicopatologias.
Daí vem o período de ?abstinência? que faz o dependente buscar incansavelmente um novo par e assim se forma um autêntico circulo vicioso.
O dependente, por sua baixa estima e sua necessidade de atenção e afeto, fica com certo déficit de habilidades sociais.
A co-dependencia e as mulheres que amam demaisSó me dei conta do que o Universo estava tentando dizer quando li, de uma vez só, quase 50 páginas do livro ?Mulheres que Amam Demais? da terapeuta americana Robin Norwood.
Sentei-me displicente, minutos antes de fazer qualquer outra coisa que entendia importante, e não conseguia mais parar de ler.
E, para ser sincera, não estava lendo porque achei o título interessante, ou que ele tivesse a ver comigo, não! Pelo amor de Deus, eu?
Uma mulher que ama demais? Que isso! Sou uma terapeuta, meu amor, uma pessoa espiritualizada, claro que aquilo não tinha nada que ver comigo. Ledo engano.
Comprei porque há muito tempo queria e precisava ler, como terapeuta. Comprei porque achava que, talvez, precisasse ajudar pessoas que tivessem aquele problema.
Co-dependência. Essa palavra feia que denota mulheres complicadas, com relacionamentos mais complicados ainda.
A autora começa o livro com explicações científicas, mas claras como água.
?O relacionamento que você teve na infância, com seus pais (ou cuidadores) é o mesmo que você carregará para o resto dos seus dias, com os homens.?
Confesso que achei essa frase um pouco forte e determinista demais (na verdade, ainda acho que o livro é determinista demais), mas comecei a perceber o que uma coisa tinha, finalmente, que ver com a outra.
Analisando os e-mails, mensagens e consultas com dezenas de clientes pude entender que o relacionamento amoroso é sempre o calcanhar de Aquiles de quase todas elas.
Quase, é só porque existe lá 1%, talvez, que não tenha realmente esse problema, e outros 3% ou 4% que ainda não entenderam que o tenham.
O resto sabe. E sofre, sofre muito. Não entendem porque ele não liga no dia seguinte.
Não entendem porque elas foram, mais um vez, abandonadas. Não entendem porque não podem ter um relacionamento feliz e saudável ao lado de um homem legal que as leve para passear e não diga coisa como ?nossa, seu cabelo está fedido!?.
De fato, alguma coisa afasta essas mulheres (e por essas eu me incluo) do que é realmente saudável.
Para elas amar é alguma coisa entre sofrer, amargar a solidão e dar um amor incondicional que, muitas vezes, não damos nem pra gente mesmo. A relação de amor sempre passa por pedir demais, por implorar amor, atenção ou, às vezes, só um olhar. E todas sabem como um olhar é importante. Aquele olhar.
Daquele homem que quando entra pela porta a tristeza sai pela janela. Aquele homem que enche o ambiente, que enche a sua vida e o seu coração e, pelo qual, você está disposta a tudo. Tudo mesmo.
Tudo tipo aturar uma amante por anos a fio. Lavar, passar e cozinhar. Sofrer violência física, verbal e, como anda acontecendo ultimamente, econômica. Ter um cuidado tão grande com seu homem, morrendo de medo que ele fique bravo e, finalmente, a abandone. E, adivinhem o que acontece? Ele sempre acaba abandonando.
As mulheres que amam demais procuram por encrenca. Escolhem a dedo os tipos mais complicados que encontrarem pela frente e, pasmem, não sentem a menor atração (de nenhuma espécie) por tipo cavalheiros, educados e realmente atenciosos.
Acham que eles são chatos, não têm graça, não têm sexy appeal, sabe? Isso porque estão tão acostumadas a crises e confusões que qualquer coisa que fuja disso parece entediante demais.
Escolhem alcoólatras, drogaditos, homens casados, emocionalmente instáveis ou distantes. Escolhem o "crème de la crème" da confusão emocional, sexual e física.
Homens que não sabem se são gays, heteros ou os dois. Homens que não querem filhos e desaparecem frente a um compromisso. Enfim, aquele tipo de pessoa que exala problemas.
E escutam, muitas vezes: ?Larga esse cara, não percebe que ele não te traz nada??. A resposta para essa pergunta é: sim, percebem! Mas não conseguem fazer nada, pelo menos não enquanto viverem repetindo padrões de falta da infância.
Não tem a ver com culpar os pais dessas meninas ou as mães. Mas de encarar uma realidade de um passado que aconteceu e que, muitas vezes, está ainda tentando ser resgatado. Tudo o que essas mulheres querem é consertar o passado.
É fazer com que aquele homem que copia o que elas passaram lá atrás, mude com a atitude e o amor delas. Pensam que se forem persistentes, pacientes e amorosas, ele vai deixar de ser daquela maneira horrível e eles finalmente terão um lar feliz e ajustado. Quando elas mesmas não estão felizes, nem ajustadas.
A solução? Bom, ainda não tenho todas as respostas. Mas penso que parar e repensar o tipo de relacionamento que você vem alimentando ao longo dos anos possa ser um bom começo. É claro que problemas todos os casais enfrentam e enfrentarão porque faz parte do crescimento de cada um, da evolução. Descobrir é o primeiro passo para resolver o problema.
Para aquelas que lerem este artigo, ou mesmo o livro, e se identificarem, procurar um grupo de ajuda como o MADA (Mulheres que Amam Demais Anônimas) pode ser uma baita ajuda.
E, acima de tudo, se descobrir. Se amar muito e quebrar esse vínculo infinito de relacionamentos fracassados e infelizes. Os homens são o que são. E servem ou não para você. Essa é, realmente, uma lição importante.
Post original do Blog UMA MULHER
http://vilamulher.terra.com.br/
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